sexta-feira, dezembro 30, 2005

Que Dinah que nada!!

Para quem não sabe informo: A raposa é uma excelente futuróloga. Suas respostas são tão precisas que ela já foi chamada até no Fantástico. Consegui, como grande companheiro dela, que ela desse uma palhinha para nós do que nos espera em 2006. Confiram a entrevista.

O príncipe: Bom dia Mãe Raposa do Gantuá.
A raposa: Bom dia meu querido príncipe.
O príncipe: Nosso objetivo aqui é mostrar um pouquinho dos seus dons para o pessoal que nos lê, é possível?
A raposa: Não é para o Fantástico é?
O príncipe: Não, é uma prévia exclusiva.
A raposa: Certo, vamos começar. Me dê aquela cerveja que está ali, coloque U2 no som e deixa aquela meia fedorenta aqui perto.
O príncipe: A senhora faz previsões com cerveja e U2? E para quê serve a tal da meia?
A raposa: A cerveja substitui com êxito a cachaça e o U2 o som dos atabaques. A meia é para afastar os maus espíritos.
O príncipe: Certo vamos começar com perguntas muito originais. O Brasil vai ser hexacampeão?
A raposa: Olha ... vai tentar. É certo que será uma disputa muito difícil. Todos os jogos serão ganhos com gols. E teremos adversários que farão de tudo para nos ganhar. Acredito que com grande esforço a gente consiga ganhar.
O príncipe: Se me permite, não dissesse nada que já não tenhamos em mente ... nada de novo ...
A raposa: Próxima pergunta!
O príncipe: Certo, certo. O Lula irá se reeleger?
A raposa: Bom isso dependerá de duas coisas simultaneamente. Que ele tenha mais votos que seus oponentes e que o povo vote nele. A campanha terá políticos conhecidos no Brasil todo. Uns mais, outros menos, mas todos conhecidos. Muita baixaria, muita agressão e no final e só no final que conheceremos a resposta.
O príncipe: Que será ...?
A raposa: Exatamente aquela que o povo escolher. Isso posso afirmar com certeza.
O príncipe: Certo. Quais são as perspectivas para o mundo?
A raposa: Bom. Com tanta adversidade e tanto ódio o mundo têm perspectivas bem diversas. Posso afirmar que muitas pessoas morrerão. E um número ainda maior nascerá, especialmente na China. A fome somente será resolvida com comida. E as doenças com remédios e tratamentos.
O príncipe: Sim, claro. Falando em doenças. Acharemos a cura para a AIDS ou o Câncer?
A raposa: Isso vai depender também. De um lado depende da vontade dos laboratórios farmacêuticos e do outro das pesquisas científicas. Mas creio que podemos se conseguirmos.
O príncipe: Vamos pessoalizar as perguntas. Como será o meu ano?
A raposa: Com 365 dias divididos em 12 meses. Com certeza. Digo mais, começará exatamente daqui a dois dias e terminará em 367, sem erro.
O principe: Minha vida profissional?
A raposa: Terá uma, com certeza. Até porque precisamos comer. Ela será muito trabalhosa. Muitas horas por dia fazendo a mesma coisa. No fim, mas certo que no fim do mês, vai sobrar cada vez mais tempo quando o dinheiro acabar. Posso dizer com certeza que terá muita gente fazendo o que você faz. A concorrência será grande esse ano.
O principe: E minha vida amorosa.
A raposa: Isso dependerá de dois outros fatores. O quanto de amor está disposto a dispender para você e o quanto de coração estará disposto a cicatrizar. Amar a si mesmo é o começo de uma previsão de felicidade. O prazo depende apenas do sorriso do tempo e o olhar do sol.
O principe: Algo mais tão preciso para os nossos leitores?
A raposa: Sim. Eu prevejo que estaremos todos aqui em 2006, menos os que já se forem. Olhem sempre para as previsões como uma forma idílica de dizer que o que gostaríamos pode acontecer. E o que acontece nunca pode voltar.

Não perca o tino, não perca a calma,
Não perca a vez e não perca a alma,
Seja tal que sempre seja você, seja o tal que quiser ser
Seja algo que saiba ser, ignorar faz o bom sempre se perder

Viver é colher lágrimas da vida
Transformá-las em sorrisos no tempo
Andar por sobre o pecado que avilta
E mergulhar em tudo o que se mostra com sentimento

Que o que te toca sempre te enalteça
Que o que te tange sempre te esqueça
Que o que te acolhe sempre te aqueça

Olha com os olhos de uma criança, ama com o coração de um poeta
Sofre com a alma de uma noviça e perdoa com consciência aberta
Sobre a vida, então, dança e marca teu passo como uma borboleta antes do seu ocaso.

SÊ REALMENTE MUITO FELIZ E QUE O TEU DEUS TE ABENÇÔE!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Doppler

Hora das famigeradas retrospectivas. Nada mais chato do que retrospectiva. Erros que não podem ser desfeitos e alegrias que se esfumaçaram com o tempo. Aliás, ele é senhor de tudo. O tempo.
Longe de ser absoluto o tempo é um senhor relativo. Existem duas formas básicas de relativá-lo, uma baseando-se na distância do observador. Outra baseando-se no impacto de sua passagem.
O primeiro efeito é como um "efeito Doppler" do tempo. Quanto mais perto estamos mais defeitos vemos, quanto mais longe mais qualidades. Idealização histórica. Tudo o que nos é distante parece perfeito. Acho que por isso dizemos que as qualidades são sempre maiores que os defeitos. À distância as qualidades permanecem e os defeitos se esvaem. Não pense que isso é bom. Esse efeito causa saudade e arrependimento de coisas que não existem. Certamente não existem situações ou pessoas só com qualidades, mas acho que o cérebro acaba fazendo uma seleção do que vale a pena manter guardado. Ficam as boas. Não o culpo. O condeno.
Assim fazemos com os anos que se passaram. O 1980 foi melhor que o 1990. Doppler.
Verdade? Não, apenas efeito.
Assim fazemos com as pessoas que passaram. Essência travestida de saudade. Pessoas fantasiadas de sonhos.
O contrário também é verdadeiro. Quanto mais próximas as coisas mais nos é permitido focar os defeitos. 2005 foi horrível. Quem sabe daqui a 50 anos ele fique palatável?
Com as pessoas somos mais cruéis. O tempo passa as pessoas não. As pessoas definham ...
A crueldade é, portanto, maior. Tão maior quanto os defeitos nos parecem. Não me recordo dos defeitos das pessoas que me são distantes. Isso aumenta a saudade. Idealização em vinho e vela.
A segunda forma de relativizar o tempo é através dos seus efeitos. Uma espécie de eco temporal. Pensamos em perceber a passagem do tempo como algo total. Como se não retornasse. Negamos a transitoriedade do ser e a passamos ao tempo. Como se a ação fosse estritamente do que se passa para o que se sente. Viver não é uma sucessão de momentos e sim uma sucessão de impressões. Marcas indeléveis da violência da vida não são as rugas e sim as memórias. "O essencial é invisível aos olhos". Temos o anseio de que as memórias não se repitam. Como se pudéssemos afastar tudo o que dói. Usamos o tempo para isso. Travestimos de experiência os ecos do tempo. E ainda que não compreendamos seus sentido tentamos mudar o que vai acontecer fugindo do que aconteçeu. Nâo percebemos que a lineraridade temporal transpassa o nosso translúcido ser e nunca vamos fazer as mesmas coisas. Somos dia-a-dia diferentes. Dia-a-dia morremos um pouco e compreendemos isso de diversas formas. Também ouvimos ecos do que nunca aconteçeu. Forma uma melancólica sinfonia cujos acordes principais são uma mistura de imaginação com idealização. O final é saudade.
O mais interessante disso é que nos enganamos todos os anos pensando que esse ciclo pode, de alguma forma, ser definido externamente. Cor, cheiro, comida, companhia. Como se algo pudesse transitar entre o ecos e mudar a sinfonia.
Bem vindo 2006!

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Xeque-Mate

Têm pessoas que são de ouro e a gente não percebe. A vida nos dá essa possibilidade quando essas pessoas já se foram. Acho que eu, com algumas delas, estou conseguindo me antecipar aos acontecimentos. Estou conseguindo reconhecê-las quando ainda têm pérolas para me oferecer. Isso não depende de idade. Isso não depende de proximidade. Isso é uma mistura de serenidade, virtude e inteligência. Serenidade para reconhecer as pérolas. Virtude para saber aceitá-las, e inteligência para aprender com elas.

O enxadrista - A vida é gozada, eu já tive dois processos cancerígenos e me segurei. O que está acabando comigo é minha casa.
O príncipe - Tua casa? Como assim?
O enxadrista - Sim, toda vez que volto para ela e não encontro o viço de gente.
O príncipe - Solidão ...
O enxadrista - Não, solidão é algo que aprendemos a conviver. Eu falo simplesmente de silêncio, descaso e esquecimento. E tudo isso em vida.
O príncipe - De certa forma eu posso ajudar ...
O enxadrista - Quando um homem não tem mais prazer em voltar para casa ele não pertence mais a esse mundo.
O príncipe - Solidão ...
O enxadrista - Solidão é palavra bonita de poeta que mascara o vazio que a gente realmente sente. Solidão é algo. Mas ela expressa o nada.

Ele sorveu o último gole de cerveja, tocou em seu estômago, onde um outro tumor forma-se, levantou-se e me disse:

O enxadrista - Feliz Natal. Só te desejo que sempre queiras voltar para casa.

Me abraçou e meus olhos marearam. Marearam porque por um momento eu estava sem vontade de voltar para casa. Não tenho esse direito. Eu ainda não tive dois processos cancerígenos. O sol ainda nasce para mim como esperança e não como saudade.
Muito obrigado meu caro enxadrista. Espero que a nossa vida possa seguir como um reles peão, que se precipita pelo tabuleiro encarando todas as tempestades e sendo apenas um peão. Quem sabe chegue à oitava casa, onde possa ser coroado dama. Quem sabe ...

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Êta ano empacado

Esse ano está demorando mais a passar que:

- procissão religiosa
- que o windows carregando
- internet discada para fazer conexão no sábado de noite
- sala de espera de parto normal
- fila de banco dia 5
- atendimento de emergência no HPS
- sinaleira três fases
- blitz de azulzinho
- consulta atrasada de dentista
- véspera de vestibular
- último horário de ônibus
- viagem para Cuiabá também de ônibus
- xixi com pedra nos rins
- conversa de gago
- discurso de boas festas do chefe
- cantada de bêbado
- livro da Martha Medeiros ou do Paulo Coelho
- Show "inédito" do Rei
- Programa da Xuxa
- morte súbita de baiano
- mineiro com "preguiçinha"
- fofoca de tia
- por que de criança
- aplicação de banco
- noite de sexta sozinho
- noite de sábado segurando vela
- o horário das 10 às 15 na praia
- a Missa do Galo
- São Silvestre
- dor de cabeça de ressaca
- dor de cotovelo
- incomodação de ex
- encontro casado com amigo (a) mala
- mar com bandeira preta
- enjôo de grávida
- dúvida de matemática
- dia de apresentação de trabalho na faculdade
- atraso de menstruação
- apagada de carro na sinaleira
- mulher se arrumando para a noite
- homem se arrumando para viajar para a praia
- consulta de psicólogo
- análise de crédito em bancos ou lojas
- questões envolvendo o judiciário
- votação de medida urgente no plenário
- o milagre do crescimento econômico
- o milagre do cresicmento (em outro sentido é claro ...)
- espera pela "primeira vez"
- pagamento com cartão no final do mês, naquelas maquininhas que nunca sabe se vão aceitar
- música do Latino
- traque no elevador
- tinta fresca em banco
- depilação
- amor noturno de gato
- apresentação de nomes em formatura
- apresentação de resultados em empresas no final de ano
- reunião pedagógica
- reunião motivacional
- bolo de fubá no forno

Empurra que vai !!!
Se lembrarem de mais alguns, por favor coloquem ...

domingo, dezembro 18, 2005

Do lado certo do papel

Sábado de noite é o pior horário para os solitários. O relógio insiste em ficar parado na mesma hora. "Hora de festa". "Hora de companhia". "Hora de qualquer coisa menos ficar sozinho". Não sai dali. Até bem mais tarde tornar-se "Hora de ir dormir". A noite de sábado é cruel com os solitários, mais cruel até que a manhã de segunda. E olha que você, nesse caso, seria o Garfield. Pior de tudo é filme de romance na TV. O roteirista da vida nunca me reserva um bom papel nas coisas do coração. Sou sempre coadjuvante, se tanto. Sempre quando vemos esses filmes a imaginação voa e nos concebe no lugar do herói. Aquele para o qual o roteirista previu o final feliz. Mesmo após todas as agruras. O roteirista diz para ele que o personagem pode fazer o quê quiser que ainda assim terá um final feliz. Mas e, se nesta encarnação, meu papel seja o do "namorado-empaca-grande-amor" que apesar de educado, querido, inteligente, bonito e que ama a mocinha (embora nunca ouçam o que ele tem a dizer) verá o "the end" sozinho e com lágrimas nos olhos? E se nesta vida meu papel for o do "amigo-mais-que-amigo-que-segura-todas" mas, apesar de companheiro, sensato, firme, lúcido e também bonito vai perder a sua companhia para dar um ar mais picante na história? E vai agüentar tudo sozinho porque histórias paralelas não podem ocupar espaço no filme.
Os filmes apesar de parecerem não são feitos de "ses".
A vida apesar de não parecer não é feita de coisas concretas.
Eu consegui descobrir o quê os mocinhos de filmes românticos "mela-cuecas" têm em comum para se darem sempre bem. Aquela coisa que todos nós deveríamos ter para conseguir a felicidade do coração. Aquela coisa que nos daria certeza de fazer o certo, mesmo que o certo seja arrombar a porta de uma outra pessoa e dar-lhe um absurdo beijo que vai selar o amor. (Ou simplesmente aparecer numa tarde de domingo, sem avisar). Sem medo de que ela chame e a polícia e você fique com cara de louco. Aquela coisa que diria que ainda podemos nos martirizar com memórias e saudades porque elas não se tornarão apenas um câncer e sim são um caminho, ainda que tortuoso, para a felicidade. Eu, pensando descobri o que os mocinhos têm para alcançar a maravilhosa felicidade regada a muita música romântica e abraços de amor:
Um roteirista.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Força Bruta

Vou fazer algo odioso agora. Um amigo meu, que também tem um blog (http://ineverdreamed.blogspot.com) esses dias postou um texto que de primeiro impacto me tocou. Entretanto, como toda a "filosofia" da rede pensando um pouco achei ele (o texto) bem parcial e como vivi muitas das coisas ali descritas acabei me sentindo atacado. Não pelo amigo, é óbvio, mas pelo conteúdo do texto que, de certa maneira, me punha em xeque. Minhas convicções, minha forma de ver o mundo etc. Como não sou de afastar peleia, vou responder o texto todo. Assim, vou reproduzir o texto e minhas partes vão estar em vermelho. Deixo a vocês a simples leitura ou a manifestação. Sei que isso não se deveria fazer, mas como disse, me senti atingido então "enquanto tiver bambu vai flecha!"

O texto
"Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E, então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.

Na verdade isso é sorte, nós fazemos a circunstância e mudamos aquilo que nos incomoda, isso é o que chamamos de ação sobre a realidade e não uma forma bem "melzinho na chupeta" de achar que "eu seguro todas". Transforme a vida em algo que você possa viver e não espere dela mais do que mágoas e desentendidos. A felicidade não é um objetivo é um processo. Isso eu chamo de Fibra.

Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades. Hoje sei que isso é... Autenticidade.

Se você está sofrendo isso mostra que você é humano e que se inconforma com a vida. Esse é o primeiro sinal para saber que você pode mudar. Sofrimento não é sinal de estar indo "contra você" e sim um sinal de que você está indo contra aquilo que lhe imputam. Incomode-se com o mundo. Não se deixe aprisionar. Este é o melhor caminho para a eternidade. As pessoas nunca esquecem aqueles que realmente se propuseram a mudar, sofrendo ou não. Isso eu chamo de Fortaleza.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de... Amadurecimento.

Desejar que a vida seja diferente é extremamente salutar. Virar aquelas pessoas que aceitam a realidade sem luta é morrer a cada segundo. A questão é não apenas desejar e sim levantar as bandeiras das mudanças. Uma outra amiga (http://www.caiuafisha.blogger.com.br/) escreveu esses dias no msn uma frase digna de recordação. Escreveu ela assim: "Se as coisas não mudarem eu vou ter que mudá-las ...". Simplesmente fantástico! Sentar e esperar só cria rugas e faz a bunda cair. A princípio todos vamos amadurecer, ainda que algumas pessoas teimem com a vida e sofram mas é escolha própria. A questão é como fazê-lo. Voilá! Isso eu chamo de Engrandecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é... Respeito.

Nossa essa é o cúmulo do "não tô fazendo, você também". O velho poeta* dizia: "A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro na vida". A menos que você se imagine como moléculas com movimento browniano, que se chocam ao acaso, Make you day!! Outro poeta, só que castelhano,** disse: "A oportunidade é como o ferro há que se bater enquanto quente". Ora, não é desrespeito ir atrás daquilo que se quer, principalmente com o coração. Mais uma dos poetas, esse musical***: "Eu por exemplo na paixão, mesmo que tenha que sofrer eu abro o jogo e o coração e deixo o meu barco correr". Enfim, a primeira pessoa a ser respeitada é você mesmo. Seu coração vai lhe cobrar um preço alto pelo que você poderia ter feito e as cicatrizes do que se fez ele quase não se incomoda ... Isso é o que chamo de Atividade.

Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável ... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama... Amor próprio.

Engraçado, ali em cima ele disse que entender essas adversidades era AMADURECIMENTO. Agora ele se livra somente do que entende por lhe fazer mal. Essas coisas não combinam. Ele se desdisse. Como se pode amadurecer sem adversidades? Eu conheço pessoas que viveram a vida inteira dentro de conchinhas protegidas pela família, ex-marido ou por criações psicológicas suas que não cresceram. Existe outra questão também. Algumas vezes, para não dizer muitas, não estamos em capacidade de dizer o que realmente nos é bom ou ruim. Outro poeta****, agora de língua inglesa: "I was once like you are now, and I know that it’s not easy, To be calm when you’ve found something going on. But take your time, think a lot, think of everything you’ve got. For you will still be here tomorrow, but your dreams may not" (Eu fui uma vez como você é agora e sei que isso não é fácil. Fique frio quando achar que algo deve ser posto de lado. Não se apresse, pense muito, pense em tudo o que você tem ou é, porque VOCÊ estará aqui amanhã mas seus SONHOS podem não.) Isso eu chamo de Sabedoria.

Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é... Simplicidade.

Bom, a "menos pior" até agora. De qualquer forma nós somos aquilo que pensamos ou sonhamos. Não abdique disso por nada nem por ninguém. Talvez aqui se faça exceção por filhos e pais. Falo talvez porque não tenho base para análise. Outro poeta#: "Sou amante do sucesso, Nele eu mando nunca peço, Eu compro o que a infância sonhou, Se errar eu não confesso, Eu sei bem quem sou ..." e uma mulher fantástica ##: "O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos." Seja do tamanho que for, não se conforme. Conformidade leva à velhice precoce e ao tortuoso caminho de esconder os sonhos. Dói demais, não faça. Isso eu chamo de Grandiosidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.

Em primeiro lugar humildade não existe. A humildade é uma forma travestida de vaidade ao contrário. Tirando um exemplo histórico apenas que chamamos de Cristo. Toda a outra humildade tem objetivo no reconhecimento pelos outros da pessoa como "humilde" ou a concretização de grandes atos. Não existe humildade sem ninguém para reconhecê-la, não se pode ser humilde sozinho. Gandhi fez o que fez para que a Índia conseguisse sua independência em 1947. Buda criou toda uma forma de pensar e exigia, quando vivo, reverência pela sua sapiência. A humildade verdadeira de nada serve neste mundo real e não existe per se. Ela é uma concha de vaidade ou incapacidade. Isso não quer dizer que eu defenda a soberba. Nem tanto ao céu nem, tanto à terra. Querer ter razão sempre não é poder ou dever ter razão sempre mas é saber que se busca melhorar cada dia, cada pensamento. Isso, humildade, eu chamo de Retórica ...

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o Futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.

Já dizia o cientista###: "O tempo não existe justamente por nunca estarmos no presente. Presente é uma intersecção de equações que existe apenas no caderno porque já passou." É, tudo é relativo. O passado é o seu maior elo com o mundo e o futuro a sua melhor estrada com o céu. Compreender o que se passou e projetar o que ainda vem pode não ser regra mas alivia muitas das injustiças do mundo e das surpresas do destino. Torna a vida palatável. Um Filósofo grego####: "Conhece-te a ti mesmo". E isso só se faz revivendo o passado e entendendo como algo que nos é de responsabilidade. Isso eu chamo de Evolução.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar.
Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é.... Saber viver!!!

As frases finais mais parecem um panfleto doutrinário e poderiam vir em qualquer lugar escritas:
"Epitáfio de Dolores Cruz e Anjo (1845-1899) - Saudades de ti, querida mãe e esposa e saiba que
Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Tudo isso é.... Saber viver! hoje ainda sinto a sua falta."


Desculpem-me mas eu não compro pela embalagem ...


*Mário Quintana
**José Hernandez - Martim Fierro
***Toquinho - Turbilhão
****Cat Stevens - Father and Son
#Aldir Blanc - Coração Pirata
##Eleannor Roosevelt - Em discurso em 1935
###Albert Einstein
####Sócrates

quarta-feira, dezembro 14, 2005

1, 2, 3, de Oliveira 4

A idade vem chegando. À galope. Os sinais são gritantes. E quando falo gritantes estou sendo muito real. Ontem eu estava na academia, afinal o verão está aí. Claro que tudo vai ficar bom para o verão de 2007. Bom, estava eu na academia quando um desses caras que treinam para ser trabalhador do porto ou carregador de geladeiras para prédios sem elevador pediu para usar o mesmo aparelho que eu.

Saco de músculos: Olha só meu ... a gente podia revezar nos "peso" que eu não quero catabolizar ...
A raposa: É melhor não contrariar eu gosto muito do meu pelo.
O príncipe: Certo não quero te atrapalhar de jeito nenhum.

Humilde demais para mim mas era necessário. O cara teria uma aula de jiu-jitsu depois e eu não queria deixá-lo, digamos, chateado comigo.
O problema foi que ele colocou tanto peso no aparelho que eu pensei que ia quebrar. O aparelho é óbvio. Levantava e baixava aquilo suspirando alto, pior que o Guga quando saca:

Guga: Uaannnnnnn ...
Saco de músculos: Rrrrrummmm (quando puxa) Raaaaannnn (Quando solta)

Bizarro. Demais. Mas tem mulher que gosta. Ficaram umas gurias olhando para o cara. Sei lá. de repente elas pensam em cair de um prédio e querem um cara que possa segurá-las com uma mão. Ou que o carro vai ficar sem freio numa ladeira e ele vai segurar. Não sei explicar mas elas gostam. Quando ele terminava no aparelho que eu estava ia incomodar outro ali do lado, afinal ele não queria "catabolizar". E eu levava uns dois minutos para colocar no peso que eu fazia. A cara de nojo das gurias era algo. Uma delas chegou a soltar um sonoro "Pfffff" e abriu os braços como se dissesse "Este peso até minha irmãzinha faz". Tem uma escala velada de valores na academia dependendo da quantidade de anilhas que você coloca e do tipo de Gatorade que você toma. Sem Gatorade você não é nada. Nem tente.
Nesse vai e vem de colocar pesos, eu fazia as minhas séries correndo antes que o monstro voltasse e me colocasse em situação difícil. Frente às meninas é claro. E acho que numa das vezes eu devo ter colocado anilhas a mais. Porque quando puxei algo que nunca tinha se mexido no meu corpo resolveu mexer. Algum músculo que nem sabia da própria existência resolveu doer. Eu travei todo o corpo, na mesma posição, com uma dor desgraçada. Começei a ficar vermelho de dor embora não largasse o aparelho. As meninas em volta começaram a ver algo de errado. Meu rosto começou a deformar de dor. Eu sabia que não podia soltar. Era uma questão de masculinidade. A dor passou a ser insuportável e o parrudo voltou. Neste momento eu até achei bom. Meu salvador. Com uma mão aquele "homem forte" segurou os pesos e com a outra me amparou. "Me senti protegido" eheehehe
Morrendo de dor eu saí do aparelho com cara de que está tudo bem.

O príncipe: Valeu cara, deu uma fisgadinha no meu ombro. Como é teu nome?
Saco de músculos: Oliveira, sem galho.
A raposa: Meu herói .... e fisgadinha o escambal isso está doendo pacas ...

Desde então tenho olhado bem mais para o lado esquerdo do meu apartamento. Que aliás anda muito feio. O ruim é para atravessar as ruas, é um trabalhão e tanto olhar para o outro lado sem virar o pescoço.
Na saída, entretanto, comprei meu Gatorade, lembre você não é nada sem ele ...

terça-feira, dezembro 13, 2005

Anjos

Você acredita em anjos?
Uma pergunta que não tem nada de mágica. Nada de esotérica nem astral. Acreditar em anjos é tão simples como acreditar em amor, perdão, carinho etc.
Nessa época as pessoas tendem a ser mais abertas e menos resilientes a essas coisas. Isso é o chamado espírito natalino que tantos erroneamente buscam origem no consumismo desenfreado. Acreditar em espírito natalíno é algo advindo do todo, ou seja, é um período onde a sociedade, por arquetípicos modelos, se coloca numa posição de introspecção. Esse momento não pode ser rompido pela ação do indivíduo, exatamente por isso que mesmo quem não gosta vai participar de um Natal. Acreditar em anjos, por outro lado, depende intrinsecamente do indivíduo, por mais que a sociedade trilhe esse caminho.
Acreditar em anjos não significa crêr em seres com asas que podem tudo, que sentam-se ao lado do Senhor e etc. Significa acreditar que existem pessoas, que apesar de não poder tudo, podem tornar nossas dificuldades mais amenas ou mesmo transpassá-las. Ao fazer isso, essas pessoas tornam-se mais que humanos porque fizeram o que não fomos capazes de fazer. São, portanto, anjos.
Nem todas as pessoas são anjos. Aliás, muitas delas realmente não são, apesar de parecerem (Diabolous est Dei simia). E como nossa capacidade de reconhecer esses seres é inversamente proporcional ao turvar de problemas em nosso mundo material, quando estamos no fundo do poço reclamamos que eles não aparecem. Olhai para ti como se fosse outro e reconhecerás os anjos que te estendem a mão. Também não é porque esses anjos não fazem tudo o que gostaríamos que eles não fazem nada. Quando mais atolados estamos mais miraculosas as soluções buscamos e, quase sempre, não vemos a simples ajuda que é ofertada. Anjos negados perdem seu elã e acabam tornando-se pessoas normais. Algumas vezes até demônios.
Anjos são aqueles que te olham com idéias de mudanças e não com pena. São aqueles que te ajudam por carinho e não por interesse. São aqueles que te falam as verdades ainda que doa em ti e neles, se essas verdades devem ser ditas. Anjos não são os que te consolam apenas, mas aqueles que te elevam acima do que tu julgas possível, embora eles saibam que é alcançável. Esse é o vrdadeiro céu.
Ser anjo não é simples e todos já o fomos alguma vez. Manter-se anjo é sublime e leva um toque divino. Tornar-se demônio é humano, apenas humano.
Olha, portanto, para as pessoas que te cercam e verifica se, dentre elas, alguma tem aquele olhar diferente sobre a tua situação e sobre o teu problema. Pode ser um anjo que outrora negaste a mão. Anjos perdoam. Ouve-a, pois, e percebe que o carinho é a intenção e o amor o objetivo. Não há nada de sobre-humano nem irreal, mas sim puro e natural.
Não reconhecemos anjos porque estamos sempre fugindo de demônios. Demônios que, muitas vezes, habitam apenas nosso interior e apenas lá. São dos anjos os lugares do mundo. São dos anjos os afagos do corpo. São dos anjos os sustentos do coração. Tudo parece tão pequeno quando a alma se espreme e o coração geme. Mas seguir em frente é o próposito de nossa existência. Faz, portanto, de mãos dadas com teus anjos. E, quando alguém precisar de ti como anjo, sê a mão forte que alivia pela verdade ou pelo acalento e terás certeza que somos todos um neste planeta infernal.
Acredita em anjos e acredita em ti como anjo. Mas não deixe de temer aos demônios, nem mesmo àqueles que tu te transformares ...

segunda-feira, dezembro 12, 2005

It

Noite insona. Noite intensa de remexidos. Noite sem dormir problemas premidos. E vira e mexe e arruma e deita e levante e deita de novo. Nada dele. Morpheu. Levanta bebe água e deita. Levanta coloca a água para fora e deita. No tocar da uma da manhã começou. Minha respiração normalizou, meus pensamentos voaram. Tudo parecia indicar o caminho. Corpo relaxou. Entrei em vigília. Mas algo me despertou. Como se de repente algo indicasse não ser uma boa hora para dormir. Estranho. Eu nunca tinha tido aquela situação. Ainda na mesma posição e relutando para não perder o caminho abri os olhos. Algo me importunava. Meus braços e pernas estavam em transe e depois não conseguiam posição para deitar. Ao me virar no quarto escuro com apenas a luz da lua a adentrar por frestas erguidas da janela, eu vi. Vi o que nunca imaginei pudera ver. Aterrorizado me virei de um pulo na cama. E continuava vendo. Entendi então o porquê do meu corpo não se aquietar. Temos todos um sentido apurado para essas coisas. Alguns desenvolvem outros não. Entretanto eu continuava vendo. Ali, na minha frente. Sem nenhum testemunho falso. Eu mesmo não podia acreditar, diante de minha formação materialista.
Aqueles olhos a me fitar. Olhos que queriam algo muito ruim para mim. Olhos que me deixavam sem conseguir descansar. A um metro e meio de mim. No meio da escuridão. Não falavam senão pelo objetivo expresso na luz amarelada que se pareciam frente à penumbra. Meu corpo preparava-se institivamente para o perigo. Perigo contido no olhar. Eu só via o olhar. Madrugada alta e nós continuávamos a nos fitar. Eu avancei da cama na sua direção mas o olhar manteve-se distante. Na mesma velocidade com que eu me aproximava aquilo se afastava. Não compreendi. Não compreendo. Ainda agora. Depois deste fato não dormi a noite toda. Apenas nos olhando. Não podia determinar ser, apenas vulto. Nada normal. Nada inteligível. Nada aceitável. Mas verídico. Estranho. Assustador.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Carta do Príncipe para o Papai Noel

Caro Papai Noel

Devo adimitir que quando mais novo isso seria mais fácil. Acreditar tem sido um dos grandes problemas nesse ano. Acreditar que as coisas podem mudar a partir das minhas ações. Acreditar que as pessoas são o que nós esperamos. Acreditar que tudo não foi e nem é em vão. Acreditar que por maiores males que se enfrenta eles têm fim antes de nós. Acreditar que os erros foram por bons motivos e os acertos por melhores ainda. Acreditar que as lágrimas são verdadeiras. Acreditar que a distância é temporária. Acreditar que o sol nasce para todos, inclusive para mim. Acreditar nos sorrisos simplesmente porque eles são puros. Acreditar que a injustiça é só um fugaz julgamento. Acreditar que os esforços físicos e psíquicos são vistos e compreendidos e não jogados fora e simplesmente esquecidos. Acreditar que romper limites nos torna pessoas melhores e não apenas mais rancorosas. Acreditar que sempre que se diz "pode contar comigo" isso é incondicional e que quando ouvimos "eu te amo" isso tem uma única condição. Acreditar que a saudade é apenas um sintoma da vida e que ela não pode fazer ninho em minh'alma. Acreditar que contra tudo e contra todos a aurora se apressa e espantar o vazio. Acreditar que as coisas materiais não podem nos abater. Acreditar que as coisas do coração são justas e devidas. Acreditar que a essência é mais importante que a aparência. Acreditar que as pessoas têm limites mas também tem grandiosidade para ver quando devem ou não respeitá-los. Acreditar que o tempo somos nós que fazemos. Acrediatar na honestidade das pessoas e não ser apenas taxado de bobo. Acreditar em tudo o que a razão desconfia e que o coração teme. Acreditar no que o coração desconfia e a razão teme. Acreditar que temos mais para dar do que para sofrer. Acreditar no desejo. Acreditar apenas acreditar. Eu queria apenas isso Papai Noel. Que você me fizesse acreditar mais um pouco. Mais um breve momento. Isto, talvez, me seja suficiente.

Eu fui sempre eu. Eu fui mais do que deveria ter sido. Eu fui coração. Imenso. Em prata. Eu fui aquilo que esperavam que eu fosse. Me faça acreditar que isso não foi em vão. Nem por um segundo. Nem por uma lágrima ...

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Carta da Raposa para o Papai Noel

Papai Noel seu velhinho broxa mas querido da galera,

Como podes perceber estou escrevendo mesmo com a oposição veemente de várias pessoas que acham que não mereço ser ouvida. Mas se o Bush pode ganhar presente eu também posso. Fui muito vingativa e inescrupulosa durante o ano. Entretanto, devemos ter em mente que fui verdadeira aos meus princípios. Amei e odiei com a mesma força. Pensei, agi e reagi a tudo que ameaçava a mim ou ao meu amado príncipezinho. Bati e apanhei muito, mas tudo dentro do que se chama "bom combate", afinal no amor e na guerra vale tudo. Fui muito precipitada como convém a uma raposa e muito desconfiada como convém mais ainda. Não matei ninguém nem mesmo um pensamento. Deixei todos fluírem e terem abrigo dentro do meu peito. Os bons e os ruins. Fui democrática nesse sentido. Permiti ser agradada, como não devia uma raposa, e tudo me abandonou. Isso galvanizou minha idéia de que tenho que proteger o príncipe. A vida é cruel simplesmente por ter que ser vivida. Meu pelo está mais macio mas minha alma mais dura. Meu medo mais aguçado e minha confiança degenera-se quando se trata de coisas do coração. Eu sempre estive do lado de quem amo, sempre lutei por aquilo que acredito e sempre me revoltei com a displicência das pessoas com relação às outras pessoas. Fui companheira, sincera, inteira e revoltada. Fui eu e acho que isso vale pontos.
Feita a minha defesa vamos aos meus pedidos:

Coisas Materiais
Quero um porsche
Quero uma praia
Quero um abraço verdadeiro

Coisas Intelectuais
Quero um editor
Quero um colégio
Quero um doutorado

Coisas Espirituais
Quero compaixão
Quero paixão
Quero pai

Coisas do Coração
Quero o coração do Homem de Lata ...
Só isso.

Sinta-se à vontade de realizar qualquer um dos pedidos e certamente entenderás quando digo que "o que realmente tem importância é invisível aos olhos".

Obrigada
A raposa

PS. Não venha com as Renas que elas podem se assustar, afinal sou um "predador perigoso" mas traga um peru, por favor ...

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Gato Lee

As coisas mais importantes da vida ocorrem num bar. Sempre regadas a muita bobagem e algum sentido etílico para nossas vidas. No bar a vida se desenvolve conforme nossas idéias, sim porque "everyone could be a Captain Kirk" como dizia a música. Eu inclusive tenho um projeto de lei para transformar o congresso num imenso bar de domínio público, onde a cerveja seria grátis. Por mais que nós bebêssemos (e olha que conheço uma galera do arrepio quando se trata de álcool) não gastaríamos tanto quanto eles. A TV Senado e TV Câmara seriam os canais mais divertidos do mundo e, provavelmente, teríamos melhores idéias para a nação do que eles todos "sóbrios".
Mas ontem, sentado numa mesa de bar, sem nada para fazer nem ninguém para conversar, apenas me entregando aos prazeres da cerveja e dos olhos, eis que um rebuliço, uma azáfama toma conta do recinto. Fechou um pau arretado de bom na espelunca. Não sei ainda o porquê. Deve ser aquelas coisas ridículas de homem bêbado, como olhar para uma amiga com cara de pidão. Ou estufar o peito quando passa pelo cara, ou risadinhas debochadas. Enfim, qualquer coisa para testosterona com álcool. O negócio tava muito bom de assistir. Era mão na cara, cadeira nas paleta, garrafa voando, uma belezura. Até pedi outra cerveja e que desligassem a TV. Tava atrapalhando o som dos ossos estalando ao vivo. Um bando de descerebrados se dando bordoada é muito legal de ver, desde que a coisa não venha para o teu lado.
Aí é que entrou o inesperado. A paulera começou a caminhar a passos largos para o meu lado. E eu pensei, incorporando o Bruce Lee: "Vou ter que quebrar esses caras ..." estalando os dedinhos da mão. Óbvio que era fruto da cerveja. Tinha um cara, só um dos que estavam brigando, que era um armário seis portas com maleiro, tinha uma tatuagem no antebraço que dizia: "Te espero no inferno!"
Ruim né? Eu pensei uma gravata com aquele braço sendo a última coisa que eu ia ver. Muito ruim aliás.
Mas eu tinha que pensar rápido. Muito rápido. Daí olhei para o meu lado e candidamente repousava um bichano preto olhando tudo, com ar assustado como eu. Não tive dúvidas, peguei o gato pela pele de cima do pescoço e arremessei na multidão.
Lindo. O gato gritou até a queda. Não deve ter entendido nada. Como num passe de mágica ele tinha voado para dentro do rolo. Foi fantástico. O bicho, que sempre cai de pé (a menos é claro que você amarre um pão com manteiga nas suas costas), já caiu dando bordoada na galera. Pulou umas quatro vezes nas cabeças dos caras com uma selvageria que fiquei com pena. Dos trogloditas é claro. Era unha e dentada para todo o lado e ninguém entendia o que um gato estava fazendo no meio do pau. Nem o gato aliás. Só eu ria que me matava. Não deu dois minutos e o gato desfez a arruaça. Cada um com o cangote ou a cara lanhado, resolveu ver o que tava acontecendo. A pauleira parou e eu me salvei. Antes que vocês chamem a Sociedade Protetora dos Animais, o bichano não se machucou no episódio mas quando todos começaram a indagar sobre o ocorrido, alguém me dedou. Gatunamente me esgueirei para fora do bar ...
Agora mudei meu projeto de lei e quero que a brigada carregue gatos ao invés de cachorros. É bem mais efetivo, sem falar no bom humor que vai gerar vendo um bicho pulando de cabeça em cabeça gritando como um desatinado.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Interesses

A raposa - Bom dia!!! Agora levanta ...
O príncipe - O que tem de bom nele? E por que levantar?
A raposa - Ora é Dezembro ...
O príncipe - E daí?
A raposa - Final de ano, Natal, Férias ...
O príncipe - Sem grana, sem família, com destino totalmente incerto.
A raposa - Alegria, reunião, descanso.
O príncipe - Solidão, chatice, descaso ...
A raposa - Porre, mulheres e praia?
O princípe - Uma cerveja, uma mocréia e Lami Beach?
A raposa - Tá difícil hein?
O príncipe - É! Deixa eu dormir ...
A raposa - Levanta é dezembro ...
O príncipe - E daí o Papai Noel morreu 20 anos atrás. Não tem mais personagens ...
O príncipe - E ainda vou ter que ver os chatissímos filmes bíblicos, o show "inédito" do Rei e o Reveillon da RBS ... Deixa eu dormir!!
A raposa - Esqueceu a Xuxa e o Faustão na "noite da virada"
O príncipe - Ai meu Deus, viu ... vamos dormir.
A raposa - Mas onde mais a gente filaria um porquinho e um champagnezinho de graça?
O príncipe - Vou escovar os dentes ...

É só para mim ou mais alguém acha Natal e Ano Novo totalmente sem graça?
Estou aceitando sugestões ...

terça-feira, novembro 29, 2005

Horizonte

Se sobre o céu se reveste o espírito de esperança
Sobre a noite então enche-se de inconstância?
Na alma que sangra ou no olhar de descrença
Fecha-se o círculo, perfeito da consciência.

Tudo em transe, tudo em fase, tudo estranho e tudo renasce.

De um raio que surge não sei de onde
Acorda o corpo para o Sol radiante
De um arrepio que não se pretende longe
Acorda a razão para o que pode em mente

Tudo em dor, tudo arde, tudo novo e tudo à parte

O Sol, a consciência, o corpo e a alma ...
Todos seguem intocáveis e perenes
O que realmente não fica então acalma?
Diz o destino que não compreende e aí mente.

Tudo vira, tudo muda, tudo emerge e depois afunda.

Criamos constância e não consistência
Criamos sonhos e não essência
Criamos brumas e não existência
Criamos credos sem relevância

Desfecho aparvalhado de coisa sem sentido
Projeto nublado de sede de ouvido
Olhar indiferente como se nada acontecido ...

Tudo certo, tudo entendido, tudo claro e consentido

Abre os olhos e deixa que a luz entre
Quem chora não tem opinião presente
Então permita que se afaste aquele que ainda sente.

Tudo de novo, tudo de bom, tudo em vertigem e sem tom

Destruímos histórias e não sentimentos
Destruímos memórias e não sofrimentos
Destruímos glórias e não acalentos
Destruímos vitórias e ninguém com merecimento.

segunda-feira, novembro 28, 2005

sábado, novembro 26, 2005

Amém

Hoje é aniversário do meu pai. Paizão parabéns!
Parabéns pelos filhos que criastes, pelo brio que deste a eles. Pelo exemplo de honestidade e responsabilidade que conseguistes incutir em cabeças tão duras. Tão parecidas com a tua. Parabéns pelos horizontes, pelos limites e pelos sacrifícios. Parabéns pelos beijos, abraços e também pelas palmadas. Se o amor pode ser demais também os erros dele advindos. Parabéns pelo que acredito e pelo que não acreditei que fosse possível. Pelo que hoje acho que estavas certo e pelo que amanhã acharei. Pelo toque, pelo olhar e pela lágrima. Pelo afago e pela reprensão. Pela noite velada e pelo dia preocupado. Parabéns pelas agruras e felicidades.
Criaste um filho que batalha contra uma doença séria, contra uma situação adversa, contra uma falta molesta e contra tudo isso ainda sorri. Meu amado irmão. Teu filho mais novo. Uma pessoa fantástica.
Criaste uma filha que nos momentos de desespero é o sol que aponta o horizonte. Nos momentos de prazer é a lua cândida que paira sobre nossas águas. Que é dura em suas posições e suave em seu sorriso. Que afaga e sustenta com a mesma constância. Tua única filha. Minha amada irmã.
Criste um filho que sonha, voa, tenta e sente. Como tu. Que ama como uma criança e se pune como um velho. Que faz as coisas certas pelos motivos errados e as coisas erradas pelos motivos certos. Que não gosta de pedir desculpa nem aceitar que está errado. Como tu, aliás, paizão. Que procura aprender com todos e com tudo e que se rasga no processo. Que não entende nunca os porquês. Que não tem medo de dizer o que pensa. Que paga um preço alto por isso. Que pegou uma parte da tua fibra e da tua garra e que transforma isso em dor e vai a frente. Reza Pai para que seja o caminho certo.
Eu sinto Pai não ter podido te dizer isso em vida. Não ter visto o fechar dos teus olhos sobre meus braços. Não sentir teu suspiro dentro de meu peito. Não ter sido HOMEM suficiente para entender e apoiar quando tu precisou. Não ter sido MADURO suficiente para entender que as razões são parciais mas os objetivos são sempre o amor. Não ter sido FILHO como no momento que deveria.
Sinto não ter te visto quando me pediu. Não ter te ouvido no momento que precisou. Não ter te entendido quando ninguém mais podia. Sinto ter visto teu corpo inerte no telhado do prédio ao lado. Sinto não ter te dito tudo isso quando o isso faria diferença.
Te prometo Pai que teus sonhos serão completos. Ainda que me custem tudo. Porque a ti custaram.
Pai te peço rogai por nós. Não nos deixeis sozinho no escuro da noite. Olhai pelo teu amor, minha mãe, que tanto hoje precisa de tua luz. Olhai por este filho que tanto em choque contigo entrou e que hoje sente, sofre, chora e desespera. Que ama e que vive pensando em como ser melhor, mas que aos olhos do mundo não consegue. Exatamente assim como tu meu saudoso e amado Pai.
Saudade dos que se foram.
Saudade dos que aqui ainda estão.
Saudade do tempo que se foi.
Saudade do eu que se foi.
Saudade do que poderia ter sido.
Sempre comigo, saudade ...

Pai eu te amo, como sempre te amei e como nunca te disse.
Que a força do teu ato final alimente meu espírito e que as lágrimas contidas em teu rosto sejam os sorrisos no rosto de teus netos, porque no meu as rugas da amargura turvam minha face.
Pai

sexta-feira, novembro 25, 2005

Buuuuu

O medo é parte da nossa existência. Têm pessoas que tem medo de si, outras tem medo do mundo. Existem pessoas que tem medo do desconhecido e outras de conhecer. Mas existem um grupo de pessoas que tem medo de agir. Essas se escondem dentro da humildade, da contemplação, da paciência para sonegar ao mundo a sua maior virtude. O ser humano foi criado com a única vantagem de ser ativo. De ter nas mãos o poder de transformar. Bom, isso vale para o mundo físico e também para o psicológico. O caso do psicológico é pior.
Conheci uma pessoa que tem medo da responsabilidade psicológica. Isso é interessante. Toda vez que alguém se faz precisar destas pessoas elas se afastam. A idéia da responsabilidade é algo assustador. Medo. Mas não medo de acertar ou errar, medo de ter responsabilidade com alguém. De que alguém macule a posição de "grandes pessoas", por erros cometidos no campo psicológico. Quanto mais espezinhada e mais desnecessárias essas pessoas forem por alguém "psicologicamente forte", mais elas demonstram necessidade desta fortaleza. A responsabilidade é sinal de maturidade. Ser responsável por alguém significa que não estamos mais sozinhos no nosso mundo. É como nos tornarmos pais e mães. Deveria ser ensinado desde cedo. Eu aprendi no tranco.
Quando somos necessitados por alguém, quando podemos fazer a diferença na vida de alguém diferencia-se o joio do trigo. Aquelas pessoas que aceitam a responsabilidade e implicitamente sabem da possibilidade da falha já são, por excelência, vitoriosas. Aquelas que preferem a fuga, sob qualquer pretexto, são ainda imaturas e vivem um mundinho centrado na única coisa que lhes importa: elas mesmas. Interessante como essa forma de egoísmo pode vir travestida de respeito ao outro, ao espaço do outro ou mesmo amizade (que pressupõe distância ascéptica). Tudo para não revelar o medo e a falta de coragem para ser responsável por algo na vida. Normalmente achamos que são pessoas que gostam de ser mal tratadas mas na realidade não é. São pessoas que preferem ser suportadas do que suportar e para quem a possibilidade de se tornarem indispensáveis é absurda. Para essas pessoas quanto mais auto-suficiente tu te mostrares, quanto mais distante e intocável tu pareceres, mais elas serão tuas. A questão é que estarás representando um papel de pai o resto da vida. A figura psicológica do pai é sempre o último quartel da guerra da vida. Tornar-se "pai" ou "mestre", como dizia Freud, é um passo importante que poucas pessoas dão. Poucas se apercebem disso. Muitas inventam mil e uma desculpas para fugir desta responsabilidade. Em todos os sentidos. Crescer é algo natural, amadurecer é algo humano, tornar-se melhor é uma meta. Mas, esse melhor tem que significar algo para alguém. A palavra é RESPONSABILIDADE. Pergunte-se por quantas pessoas você é realmente responsável e por quantas deixou de ser.
O medo não pode vencer a esperança. Se vencer, não pode passar pelo amor. Se passar, não deve sair do teu corpo. Se sair, tua vida está perdida. Sinta-se responsável, é o melhor caminho para que tua existência não termine como uma lápide fria e suja em algum cemitério. Seja a diferença e tua lembrança será eterna na mente daqueles que você partilhou.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Contra tudo e contra todos

Sempre vi o mundo como uma área onde minha força de vontade tem atuação. Sempre vi as coisas como reflexos de minhas atitudes. Sempre procuro ser propositivo e não contemplativo. Respostas como "acontece", "sorte", "ninguém tem culpa", não servem para mim. Acho que somos responsáveis por tudo o que fazermos e tudo o que fazemos pode afetar as pessoas ao nosso redor. Sempre lutei por aquilo que quis. Com todas as fibras do meu ser. Não me ensinaram a chorar e pedir. Não me ensinaram a acreditar que o "papai do céu" vai ajudar. Não me ensinaram a esperar pelas coisas. Não me ensinaram nada a respeito de destino.
Entretanto, parece que alguém se incomoda com a minha luta. Alguém poderoso. Quanto mais eu luto, mais dificuldades aparecem. Transponho obstáculos e me colocam outros, cada vez piores. Parece que o meu progresso incomoda a alguém ou a algo. Tenho semeado flores e colhido tempestades. Nunca desanimei. Nunca esmoreci. Até ontem ...
Pela primeira vez na minha vida eu pensei no mundo sem mim. Foi algo rápido e fugaz, mas foi. Eu achei que tinha um limite e que o tinha atingido. Me vi sem saída e ainda me vejo. Naquele momento eu fraquejei.
FODA-SE!!!
Eu sou mais forte que tudo isso. Eu tenho um templo em mim onde a palavra de ordem é LUTAR. Eu consegui tudo na minha vida assim e continuará sendo. Quem quiser se colocar em meu caminho que cuide. Não vou parar. Não vou desistir. Tenho três guerras a lutar. Um amor para conquistar, uma família para cuidar e uma família para destruir. Aviso a todos: eu vou vencer, um por um ...
Não importa o quanto as condições sejam adversas eu percebi que sou a fonte de todo esse brio. Que a vida que queima dentro de mim não se extingue. Que eu vou lutar ATÉ VENCER. Sem recuos.
Um dia a chama da minha vontade certamente se apagará ... mas não ainda. Não ainda ...
Eu vou adiante contra o que tiver pela frente e hoje contra meus limites também. Eu os supero sempre. Sou humano, sinto, sonho, amo, odeio, desespero. Mas sou sobre-humano, eu me levanto sobre todas as adversidades e com qualquer condição. Sim eu abraço o mundo porque acho que todas as pessoas não devem pagar por algumas que me fizeram sofrer. E assim continuará sendo enquanto a luz de meus olhos iluminar a imagem de minha vontade.
Saber, Agir e Calar.

sábado, novembro 19, 2005

De irmão para irmão

Vamos para o terceiro episódio de nossa empreitada e depois de muito sofrer e pensar descobrimos que a culpa é do coração. Este órgão humano que é composto por dois ventrículos e duas aurículas, que pesa em torno de 400 gramas, que é capaz de se contrair cerca de 72 vezes por minuto, é o real vilão do mundo. Tudo o que foi falado dele na frase anterior é para contrabalançar o fato de doer incontinente por alguém que não sente o mesmo. Por se acostumar a ser bem tratado e depois reclamar quando qualquer mudança acontece e por não desconfiar de nenhum mal existente nesta vida. É como um cego descendo uma escada. Uma hora se esborracha.
Uma vez definido o culpado pelo problema todo nos propomos e modificar. Aqui somos acima de tudo propositivos, então nos sentimos na obrigação de dar uma solução. Exatamente como nos outros textos, aliás. A única solução possível é um transplante. Entretanto trocar um coração por outro pode ser até pior. Já pensou se no outro está o Brad Pitt ou a Angelina Jolie? Aí ferrou tudo. Assim propomos fazer um transplante de um coração por outro órgão. Uma simples troca. Avaliaremos abaixo os prós e contras da troca do coração por outros órgãos do corpo humano e esperamos que isto sirva para aumentar as informações disponíveis para os leitores. Ressaltamos que é para não acreditar na medicina. Pode-se viver muito bem sem um coração. Aliás vive-se até melhor, ou vocês acham que o Maluf, o Dirceu e mesmo o Bush tem um?

TROCA DO CORAÇÃO POR MAIS UM ESTÔMAGO
Isto a primeira vista parece bastante promissor. Nos livraríamos das dores mencionadas e ainda ganharíamos algumas horas a mais de almoço. Sim, porque para encher dois estômagos teríamos que comer por mais tempo. Algumas pessoas tentaram isso e enchem o segundo estômago com sorvete. De colher. Vendo filmes tristes. Parece melhorar a situação. Tem o efeito negativo de você gastar mais. Gasta-se mais com comida, obviamente, e com personal trainer. Para perder os kilos acumulados por dois estômagos seriam necessários, segundo cálculos da OMS de três a quatro personais. Depois, se muitas pessoas pensarem nisso, os gêneros alimentícios podem aumentar muito de preço, gerando inflação. Nos lívraríamos dos ataques cardíacos mas ganharíamos mais azias e gases. Este último ponto é muito desconfortável. Dois estômagos e o pobre do intestino teria que se virar em trinta para expulsar todos os detritos. Duplicaria a possibilidade de câncer mas também duplicaria a possibilidade de se comer lazanhas, tortas de sorvetes, fondues etc.
As indústrias de papel higiênico iriam quadruplicar suas vendas.
Há que se pensar nisso.

TROCA DO CORAÇÃO POR OUTRO CÉREBRO
Nunca antes pensada no mundo. Até porque parecem órgãos excludentes. Mas dois cérebros seriam no mínimo mais barulhentos. Nos livraríamos do sentimento de vazio do coração mas em compensação não conseguiriamos dormir mais oito horas. Se um cérebro sofre de insônia e stress imaginem dois. Quem pensa que os benefícios seriam muitos na questão do raciocínio imagine o estrago que um engenheiro consegue fazer com um cérebro e aí multiplique por dois. É de meter medo. Se com um cérebro ficamos em dúvida sobre as coisas quem nos garante que com dois estas dúvidas não irão dobrar? Imaginem a Carla Perez com dois cérebros. Quase uma rã com síndrome de Down. Imaginem o Bush. O Kurt Cobain ainda estaria vivo porque a cocaína levaria mais tempo para "comer" o cérebro dele. O Bono não cantaria mais "One" porque "One" não é música de cabeça e sim de coração. Na real o U2 ficaria mudo e os shows esvaziariam. Não só o U2 mas toda a música deixaria de ter importância. Exceção para o Latino que a gente ouve com a bunda. Só assim para agüentar aquilo. Quem pensa que com dois cérebro o mundo seria melhor pense que seriam dois órgãos para pensar bobagem, fazer cacaca e jurar que se está certo. Depois deveria ter uma escala de importância e chefia bem estabelecida. Porque ninguém pode estar acima do nosso cérebro. Nem mesmo outro nosso cérebro. Seria uma constante briga por poder. Imaginem um controlando o lado direito e o outro o esquerdo. Se batendo, espancado-se mutuamente, numa briga sem fim. Ficaríamos sem as anginas e os sopros no coração mas teríamos maiores chances de AVC's e tumores. Com quase toda a certeza ninguém mais casaria, torceria para time de futebol e assistiria a Rede Globo. Exposições de arte moderna dariam cadeia para os artistas e o trânsito seria totalmente remodelado. É impossível que alguém com dois cérebros ache que está bem ...
Bons prós e contras.

TROCA DO CORAÇÃO POR OUTRO FÍGADO
Interessante ponto de vista. Poderíamos ingerir muito maior quantidade de cerveja sem os efeitos atuais. Poderíamos comer mais costelinhas de porco assadas, mais bolos de chocolate sem tanto medo dos problmas com gorduras. Teríamos um sangue mais "limpo" e menos chances de intoxicação. Lutadores não iriam gostar pois poderiam levar socos em qualquer um dos fígados e doeria muito. Eles precisariam de mais braços para defender os dois fígados. Como isso não é possível, acabaria o boxe, a luta livre, os prides da vida. Em suma, quase todo tipo de espancamento idiota entre seres humanos. Terminaríamos todos na cerveja. Fazendo concursos másculos sobre quem bebe mais rápido. As fêmeas deixariam de se interessar por bíceps e ficariam muito mais interessadas em "pánceps". Imagina nunca mais ter que tomar Olina. Para nada. Dois fígados bombando no teu corpo tirando todas as toxinas e os radicais livres. Nunca mais óleo de fígado de bacalhau. Caramba isso é muito ruim. Com dois fígados nunca mais teríamos dor de fígado. O fígado dói de cansado, quando tem coisas demais para fazer. Com dois tudo seria moleza. Como o fígado é um órgão trabalhador por excelência não teríamos mais dor. O fígado se regenera. A possibilidade de doação cresceria demais. Você pode cortar até metade do fígado que ele se regenera. Se os outros órgãos se dessem conta que nós demos mais importância para isso, de repente a moda pegava. Já pensou uma revolução na medicina. Todos os outros órgãos se regenerando como o bom fígado. Ou melhos como os bons fígados, lembra que são dois agora. Você agüentaria melhor aqueles papos chatos que chegam a doer no fígado. Corridas seriam banidas da face da terra. Se com um fígado aquela dor é duro de agüentar (aquela dor desgraçada que parece uma facada na lateral) imaginem com dois. Mas também quem gosta de correr? Não teríamos mais paradas cardíacas e ... E nada o fígado e tudo de bom.
Vou repetir o argumento final: Não sentiríamos mais dor de amor (porque não teríamos mais coração) e poderíamos tomar muito mais cervejas. Happy-hours de meses ...
Não sei quanto a vocês mas eu me convenci. Quero trocar o meu coração por um outro fígado. Alguém se habilita?

quinta-feira, novembro 17, 2005

Elixir do esquecimento

Continuando na nossa saga para provar que existem coisas além do coração. Hoje vamos desmascarar a idéia de que o álcool pode fazer a gente alterar nosso estado e suportar melhor a dor pela confusão mental instaurada. Vamos, com efeito, estabelecer um método científico para provar que o álcool não altera tanto assim nossas visões.
A metodologia é simples. A cada parágrafo escrito vamos tomar algum conteúdo alcoólico. Este conteúdo vai se tornando maior e mais concentrado enquanto narramos uma conhecida história infantil chamada "O Chapéuzinho vermelho".

Tomamos um keep-cooler de morango
Era uma vez uma menina de chapéu vermelho que foi encarregada pela sua mãe de levar docinhos para sua vovó que morava uns kilômetros de sua casa por meio de um bosque. A mãe da menina avisou-a do perigo de um lobo que rondava a região.

Tomamos uma garrafa de cerveja
A imbecil da guria não deu a mínima para a mãe e ainda foi pelo caminho mais perigoso. O lobo, que não era bobo se mandou na frente. Foi direto pra casa da velhinha tentando comer todo mundo. Digo, comer a vó, a guria e os docinhos. Sério porque nem a vó nem a guria eram "docinhos". eheheheheeh

Tomamos uma garrafa de vinho
O lobo, olhou para a véia e disse: "Jeitosa a tia". eheheheeh. Fez um sexo animal com a bruaca. Literalmente comeu a mulher, de óculos e tudo. Aproveitou e comeu o Dunga também que tava por ali esperando não sei o quê. Foi só um tira-gosto ... O Zangado conseguiu correr e se segurar no Peter Pan que vinha para comer a sininho. ahahahaha O Peter Pan deve ter um pintinho bem pequeno porque a perereca da Sininho é bem menor que a da vovó .. eheheheh

Tomamos uma garrafa de tequila
Eia ..... O lobo virou transformista eheheheheheh. Tocava no fundo "its rainning man" eheheehhe e a bixa do lobo recebeu o Peter Pan vestido de Bela adormecida. Era o lobo ou o Peter Pan que estava de Bela Adormecida? Sei lá ... tudo puto boiola mesmo ... O Peter Pan perguntou: "Para quê estas orelhas enormes Zangado?" É para um otário perguntar - disse o Dengoso eheheheeheh. O Peter Pan perguntou: "Para quê estes dentes enormes Sininho?" "Vai tomar no fiofó e deixa os meus dente pra lá" - disse o traveco na cama. ehehehhe Tá ficando chato, pra terminar o cara da cama, o ... Não lembro agora o nome de quem tava na cama. Comeu quem tava de pé eheheeheh. Claro né ... Arre.

Tomamos uma garrafa de absinto
Bom os duendes trouxeram um maluco de espingarda que resolv comer tttodo mmundo. Comessou pelo Zé Dirceu ... depois o Lula e até o merda do Bush! E o pior é que votaram não pro plebissito. Era uma surigas, ops suruba do caramba. Tudo girando ... girava. E o peeçoal vomitava pra cascete. O Bush comeu o lobo e atirou do Peter. O mestre Yoda fez uma pontinha, verde. eheheheh pontinha verde eheheheh. É vermelha mané ... parece que bebe ehehehhe
Mas não era isso que eu queria dizer ... onde a gente tava? A sim dentro da barriga da Bela Abixornada tava a ninfeta dando pro Soneca e todos viveram felizes para sempre ....

Conclusão que concluo que eu amo o Frodo ... ou melhor a Froda ... Ahh sei lá. Amo mesmo e daí. Como na história. Opa não tô comendo ninguém, eu juro. asdçajas askeorihga Porrrra as tecla tão pulandfdkfo.
O negócio é segurar o monitorrr que é adkjaosraslk...

quarta-feira, novembro 16, 2005

Pílulas para viver bem

Vamos, em atenção ao monte de pensamentos que me mandaram semana passada por PES (Percepção Extra-Sensorial), demonstrar agora que a dor do coração NÃO é a que mais dói.
Para isso vamos fazer uma série de procedimentos e vamos relatar a vocês os resultados para que, científicamente, possam tirar suas conclusões.

Dor por choque físico de baixa intensidade - Vamos bater com o cotovelo numa mesa de madeira pegando aquela partezinha que dá choque, sabe qual? Pois é vamos bater com aquela parte.
Resposta: Deu choque. Meu braço ficou dormente. O mindinho não pode ser mais usado para digitar e o coração continua doendo.

Dor por choque físico de média intensidade - Vamos pegar desavisadamente o martelo de bater bife e deixá-lo cair em cima do pé direito. O direito porque eu chuto com a esquerda então o direito deve doer mais.
Resposta: Ufa ... Doeu pacas. Pegou na veia. Em cima do pé. Ai, agora não dá para caminhar direito. Tá inchando. Vou colocar gelo e o coração continua doendo.

Dor por choque físico de alta intensidade - Vamos colocar a escova de dentes na boca e começar a escovar muito rápido. Mas muito rápido mesmo até que ela escorregue e acerte a gengiva de cima quase rebentando as obturações. Vamos usar uma escova Oral B, indicada por nove entre dez dentistas. Ao contrário do que pareça não estou ganhando jabá nenhum ...
Resposta: PQP ... Acertou do lado do canino e deu uma escorregada para trás. Perdi a respiração por uns dois segundos. Dói demais. Crianças não tentem fazer isso em casa sem a orientação de um adulto. Ai, afta na certa ... E minha boca tá inchando. Muito. Já não consigo pronunciar "salsicha" sem muita dor e o coração continua doendo.

Dor por choque físico de altíssima intensidade - Vamos apagar as luzes da sala, todas, e espalhar várias cadeiras à esmo. Colocaremos uma música bem alta como "Scatman" de autor do mesmo nome. Ao som da música vamos correr de um lado para o outro da sala com os dois pés para fora esperando pegar o dedo mindinho do pé em qualquer uma das cadeiras, na quina de preferência. Espero que o do pé esquerdo porque o direito tá doendo muito. Não vamos parar de correr até acertarmos e a música deve abafar o grito.
Resultado: AAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIII caraca!!! Isso dói muito ... Acertou o direito de novo. Azar o dele. AAAAAAA, vou precisar de um raio x. O mindinho diminuiu quase um centímetro, acho que de medo. Nossa, calma amigo. Ele tá morrendo. Eu não sinto mais sua presença e ele não responde aos meus comandos. Acho que precisarei amputá-lo ... A unha ficou na cadeira, agora que vi e o coração continua doendo.

Dor por choque físico de intensidade nunca antes sondada - Vamos pegar nunchaku (aquele negócio que o Bruce Lee mexia tão rápido que a gente pensava que era ficção) bem pesado e vamos ficar girando bem rápido por entre as pernas. Com muita força. Quanto menos técnica melhor. Para deixar nossa chance de sucesso maior, vamos segurar um saco de cinco quilos de açúcar por quinze minutos com o braço que pegará o instrumento. Assim o braço ficará tremendo e sem coordenação nenhuma. Vamos nos vendar e colocar um travesseiro em volta da cabeça para o remoto caso do desfalecimento súbito.
Resposta:

terça-feira, novembro 15, 2005

Um segredo e um sussurro ...

Não existe fronteira para a vida que não seja ela própria. É algo que não podemos cruzar e voltar por isso não ousamos testar seus limites. Não se toma veneno simplesmente porque se conhece o antídoto.
Hoje eu transpassei um limite muito importante para mim. De novo. Transpassar meus limites têm sido a tônica dos últimos tempos. Quando o demais não é suficiente então percebemos que não temos a envergadura de um jacarandá. Quando os limites não tocam a ninguém mais além de você então a existência não é mais que mera invisibilidade. Isso é tudo. Tornar-se diferente para alguém. E ser indiferente para alguém e conseqüencia do tentar.
Estou cansado de ser conseqüente. Estou cansado de ser responsável. Estou cansado de ser útil aos outros e inútil a mim mesmo. Filosofia barata e psicologia de butequim não adiantam mais. Tentei algo mais duro ... tequila com cerveja.
Ver o mundo por dentro de um copo não resolve seus problemas mas pode te mostrar onde você jamais deveria ter chegado.
São seis e meia da manhã e certamente minha cabeça vai pagar um preço alto pela minha decisão. Sobreviverei à tequila. Mas tenho um longo caminho de volta. Uma volta àquilo que sou eu. Uma volta àquilo que deveria ter sido eu. Sempre.
O segredo é idiota. Como idiotas são segredos que fazem sentido apenas aos ouvidos que os recebem e nunca aos olhos que os decifram. O segredo e nunca transpassar os seus limites por ninguém. Nisso os literatos têm culpa. Vivem nos brindando com exemplos bem sucedidos de doação e extrapolação. Exemplos literários criados pela vontade de um ser que não tem nada a mais do que uma folha de papel. Eu sei disso, eu sou assim. O segredo é que ninguém vale uma gota do teu sangue, um suspiro engasgado ou um momento de descontrole. Ninguém dá valor para aquilo que não quer e se querem dar valor darão a qualquer coisa.
Para uns um sorriso é muito e para outros horas de lágrima não significam nada. O segredo é que a ninguém deves dar o gosto amargo de ver as tuas lágrimas nem o açúcar do teu sorriso.
O sussurro é mais aprazível. O sussurro diz que se eu fosse alguém digno de se escutar por sapiência ou genialidade eu estaria numa condição melhor do que estou. Bêbado. Envergonhado. Sozinho. Chocado. Enfim, sou pequenino demais para que me levem em conta. O sussuro diz que ouçam o segredo e o guardem. Como um desenho de uma caixa. Dentro pode haver um carneiro mas somente você deve saber disso.
Pequenino demais para as coisas da vida quando o demais não é suficiente ...

quinta-feira, novembro 10, 2005

SAC

Em consonância com o post anterior e, depois de muito procurar um número para onde ligar reclamando. Andamos em Igrejas, Terreiros, Templos, Mesquitas, Sinagogas, Centros espíritas e conseguimos o número do "homem". Usando toda nossa influência conseguimos aqui vamos transcrever a conversa.

O príncipe: É o Senhor mesmo?
"Ele": Sim meu filho, sou eu ...
A raposa: Então dá os números da loto para a gente ter certeza ...
O príncipe: Perdoai senhor, ela não sabe o que diz ...
"Ele": Acho que já ouvi isso antes ...
O príncipe: Porque tanta guerra e tanta fome nesse mundo?
A raposa: Que pergunta piegas ...
"Ele": Para compensar tanta beleza e tanto amor.
A raposa: Onde? Onde a gente acha?
O príncipe: Por que compensar? Não podia deixar só as coisas boas?
"Ele": Você só sabe que é "boa" porque existem as outras. Ver o mau te mostra o que é bom. Um não existe sem o outro. Mesmo que eu quisesse ...
A raposa: Podia manerar no nosso não é. Eu já entendi a minha parte do tal "mau".
O príncipe: Não dá para melhorar umas coisinhas só? Coisa pouca como sumir com a inveja ou com a falta de compaixão?
A raposa: Sempre pensando nos outros ... Deixa de ser mané! É o "Cara" pede algo para ti. Por exemplo aumentar a conta bancária ou o pinto, talvez ...
"Ele": Tudo tem seu preço meu filho, você sabe disso ... este é muito alto.
A raposa: Certo mas por que o preço não vem ali no produto como manda a lei? Por que a gente tem que ficar adivinhando. Quero falar com o seu superior ...
O príncipe: Ele é o superior ...
A raposa: É mesmo ...
"Ele": O preço está lá, só que em código de barra.
A raposa: É barra mesmo ...
O príncipe: Eu quero apenas uma coisa ... Quero que rejeição não mais exista!
A raposa: Boa! Vamos ver como ele se sai agora ...
"Ele": Rejeitar é parte do aceitar, coisas gêmeas que não se separam.
A raposa: Que papinho Ying-Yang ...
"Ele": Que conversa príncipe-raposa ...
O príncipe: E a dor? Como faço?
A raposa: E não vem com esse papo de "eu não dou fardo que não possas aguentar". Sai com outra ...
O príncipe: Por que nos fizeste precisar de outra alma? Por que nos fizeste apenas tocar os lábios da felicidade, sem tê-la para si?
"Ele": Porque sem a busca pelo fim da incompleição jamais conhecerias aquilo que te faz humano e te tornaria teu próprio senhor.
A raposa: E isso não seria fantástico?
"Ele": Sim, se e quando tiveres condições de perceber o que isso significa e o que realmente é.
O príncipe: Até lá ...
A raposa: Cabeça na parede ... Porque não é a dele. Por falta de compreensão ou excesso de dor as pessoas buscam em si o que não encontram nos outros e se acostumam com a dor e a solidão.
"Ele": As pessoas que realmente sabem o que querem não se acostumam nunca com isso ...
O príncipe: E passam a vida ou na luta ou na lona ...
"Ele": Não "passam" a vida. Vivem!
A raposa: Mas dói caramba!
"Ele": Lembra-te que choras desde o teu nascimento e o farás até o último dos dias.
O príncipe: E qual o propósito disso?
"Ele": Não creias que te faço chorar. Não creias que te faço rir. Não creias que te faço amar ou do teu amor algo vil. Crê apenas que tu faz o amar. Crê apenas que tu faz o rir. Crê e quando o amar puder vir, terás vontade de chorar e verás que a vida, até então, foi vil.
O príncipe: Eu chorei, eu ri, eu amei ...
"Ele": E eu vi ...

Reclamação

Quem disse que viver era fácil?
Quem falou em mar de rosas?
Quem disse pela primeira vez "tudo azul com bolinhas cor-de-rosa"?
Quem?

O príncipe: E aí guria como tu estás?
A professora: Tô ...

Simples, direto, eloqüente, massivo, auto-explicativo, concreto, doloroso, simbólico, satírico, hercúleo, sorumbático, depressivo, contumaz, violento, completo.
Eu também amiga ... apenas "Tô". Sei lá por quanto tempo.
Aliás, "Tô" contigo e não abro.
Tinha uma música antiga que dizia "quero voltar para dentro da barriga da minha mãe". Não me avisaram da loucura aqui fora, nem da loucura que a loucura daqui de fora faz comigo aqui dentro. Não me avisaram de nada. Tem SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor)?

quarta-feira, novembro 09, 2005

Vento e poeira

Existe um princípio básico da existência, este princípio se revela quando nos damos conta que somos diferentes do meio. O universo não nos pertence, nós pertencemos a ele. Não somos o vento e nem podemos ser. Toda tentativa de movimentar aquilo que é vida está compreendida apenas no nosso universo. Podemos modificar, ou apenas ter ação, sobre aquilo que está ao nosso alcance. Não somos o vento. O universo nos é distante e as pessoas mais ainda. Tudo o que temos é uma mera representação nossa do que poderiam ser estas pessoas. Tudo o que compreendemos é via nossos sentidos e nosso espírito. Falho, portanto. Não somos o vento. A força contida em nossos atos, nossas ações, nossos sentimentos é descomunal dentro de nosso universo mas ínfima no que tange aos outros. Nossa sina é sermos incompreendidos, eternamente. Não somos o vento. A língua ou, as línguas, não são exatamente o motivo de nossas diferenças como diz o mito da Torre de Babel. Nossas diferenças estão na base de nossa existência. Existimos em meios e vibrações diferentes. O que te toca não toca aos outros. O que te dói não dói nos outros. O que te faz chorar não fará aos outros. Não somos o vento.
Não temos, por mais força que façamos, a sua força. Não temos a mobilidade do vento e também não podemos pensar que temos. Mas mesmo o vento precisa da poeira para ser sentido. Senão é destruição. Somos a poeira de alguém ou de muitas pessoas. Inclusive a nossa própria. Somos a representação daquilo que achamos "nós". Nada. Somos nada frente ao universo e teimamos em não ser. A vida é um eterno significar e não significar algo para alguém. Vivemos apenas na consciência de outrem e por isso somos tão limitados solos. O vento precisa da poeira assim como precisamos das representações. Quando o vento puder ser notado sem a poeira é porque ele não está mais lá e certamente destruirá o que estiver em sua frente. Se isso acontecer prefira ser a poeira também. O vento passa. A poeira se acumula em ti exatamente como a vida.
Ser o vento é o sonho. Ser a poeira a realidade. O vento eu não controlo. A poeira me faz ver e sentir, ainda que com certo desconforto ou dor. Mas isso é, definitivamente, melhor que só o vento.
Estamos todos de passagem mas não somos o vento ... de ninguém e para ninguém.

sábado, novembro 05, 2005

Com bolinha ou sem bolinha ...

Rapaz a coisa aqui foi feia. É óbvio que tudo o que acontece comigo não pode ser normal. Acho que devo ter nascido em uma conjunção astral do tipo alinhamento total entre Sol, Lua e todos os outros planetas, porque minha sina é grande. Podem até dizer que sou exagerado, reforçam o meu ponto. Até isso é grandioso. Mas deixemos de lero-lero e vamos aos fatos.
Estava eu descornado por uma situação que não tive, ação, proposição, reação, solução. Não fui agente nem ator e tampouco objeto mas acabei levando a bomba. O pato, a culpa, o bode tudo ficou comigo. Como se um meteoro caísse do nada e me atarraxasse no chão. Certo que podem argumentar que eu podia ter visto o meteoro, mas isso não muda em essência as coisas ...
Neste dia tão maravilhoso para a minha existência decidi, ou decidimos, ou ainda, decidiram por mim, que sairíamos, eu e uns amigos, para encher a cara e jogar sinuca. Na real as duas coisas são excludentes mas iríamos ver o que chegava primeiro. Só teve um problema.
Caiu o mundo em Porto Alegre ...
Choveu tanto que eu estava de carro com um amigo de frente para um enorme parque e não conseguíamos ver o parque. Víamos apenas o rio subir para dentro do carro. Fugir? Impossível porque éramos bombardeados com pedregulhos de gelo. Eu, com o pé que ando, seria morto por um. Bem na testa. Prudente não sair do carro. Mas o rio vinha aumentando. A impressão que tínhamos é que, a qualquer momento, corpos desceriam rio abaixo. Cena mórbida.
Lembrava eu naquele momento que tinha um amigo esperando dentro do bar da sinuca fazia mais de meia hora. Como não gosto de deixar amigos na mão e a chuva parecia arrefecer, decidimos eu e o amigo publicitário, num acesso de macheza incontida, a enfrentar a "garoazinha":

O príncipe: Tá com medo? É de manteiga?
O publicitário: Não, que é isso. Mas acho furada ...
O príncipe: Furada nada rapaz, furada é deixar o cara lá esperando ...
O publicitário: É isso então, vamos lá ...
A raposa: (isso não vai dar certo, só falta eles gritarem "Gerônimooooo!"
O príncipe: "Simbora rapá"

Saímos no meio da tormenta. Era água de cima, de baixo, dos lados. Me lembrei do filme Titanic. Nadamos uns vinte metros. Crawl que é mais efetivo. quando conseguimos vislumbrar a rua do outro lado. As pessoas gritavam desesperadas na margem ... "Help!!!" "Tragam a Guarda Costeira!".
Coisa de louco. Achamos que, pelo bem de nossos filhos, ainda não temos mas isso não é motivo para não pensar neles, deveríamos voltar para o carro. Até porque sem o nosso peso dentro ele começava a sem mexer lentamente. Voltamos com uns vinte quilos de água a mais no corpo e a sensação de indiada estampada na cara. Terrível.
Liguei para o amigo que estava dentro do bar.

O príncipe: Cara eu estou do outro lado da rua. Não tem como passar.
O sinucaman: Sim eu estou do outro lado do rio.
A raposa: "Creo ha visto una luz ... al otro lado del rio."
O príncipe: Como assim?
O sinucaman: Chove mais dentro do bar do que fora. O teto (que era de gesso) está desabando nas pessoas e no balcão das bebidas. E ainda tem quatro viciados jogando e reclamando que a água está subindo nas canelas.
O príncipe: Sério?
O sinucaman: Claro
O príncipe: Então não vai dar para jogar?
A raposa: (Claro que vai imbecil, só pegar os snorkles no carro e os tubos de oxigênio).
O sinucaman: Não, eu acho ...
O príncipe: Tá mas eu preciso beber ...
O sinucaman: Então me resgatem e vamos para outro lugar.

O carro virou um amfíbio e conseguimos numa operação de forças-especiais, onde a perícia do publicitário (que havia quebrado o espelho retrovisor na indiada) foi decisiva, resgatar o sinucaman. As pessoas tentavam se agarrar na gente ou no carro e eram levadas pela correnteza. Não pude salvar ninguém. Estranhei que o sinucaman estivesse segurando algo no meio desta confusão. Eram duas cervejas que ele "salvou" do bar. Que bom homem. Meu amigo.
Fomos beber em outro local e eu enchi a cara, falei um monte de coisa, chorei. Como todo bom descornado, aliás ...
Se hipérbole dos fatos, eufemismo da minha tristeza. A chuva foi até pouca ...

sexta-feira, novembro 04, 2005

Cadafalso

O que é um crime?

"Crime é o fato humano contrário à lei" (Carmignani).
"O ato que ofende ou ameaça um bem jurídico tutelado pela lei penal" (Von Ihering)

Toda a idéia de crime se baseia anteriormente na idéia de lei. Ou seja, não existe o conceito de crime sem o anterior de lei. E o que é lei?

"Norma que rege a sociedade. Vem do verbo ligare ou legere, que significa "aquilo que se lê" segundo o legislativo do Rio de Janeiro.

Mas e quando a lei se altera conforme os padrões de pessoalidade de cada situação? Neste momento intervém o juiz, que aplica a lei de forma a estar distante da situação. Em que pese que a questão da isenção total não é possível ainda o juiz é alguém que, por essência, está distante do fato. Se assim não o for ele se declara inapto para o julgamento.

Pode alguém cometer um crime sem conhecer a lei? Certamente não existe um ditado latino que diz "nullo crimen nulla poena sine legem", ou seja não existe crime sem pena prevista na lei. Trocando em miúdos. Não existe crime sem lei e como o conhecimento é base para a existência não comete pecado quem não conhece o sacramento.

Pode existir justiça se cada um puder julgar ao seu bel prazer? Com certeza não. Por isso quase três mil anos de história nos fizeram aceitar que a figura social do juiz, seja o nome que ela tiver no tempo e no espaço, deve ser prioridade dentro da sociedade.

Agora vamos baixar esse academicismo e falar diretamente. Não podemos ser julgados pelo que os outros pensam de nós, tenho dito que isso é o mesmo que julgar a si mesmo*. As máscaras caem, do pseudo-julgador, do acusador e do julgado. A reação que temos com relação a um problema normalmente não é correta se estamos envolvidas nele.

Vamos aos fatos:
Não há crime em adicionar alguém em qualquer programa de rede. Seja a pessoa que for.
Se assim não o for somos todos criminosos.
Se pensas assim é porque VOCÊ faria mau uso disto. Não eu.
Crime é ligar para alguém ofendendo por algo que não é errado. Ou seja dano moral. Se considera a atitude incorreta, apenas menciona isso. Tenta descobrir o que está errado. Por que está errado. E tenta conversar para desfazer o que VOCÊ CONSIDERA mal feito.
Pior ainda quando isso tudo é carregado de um monte de coisas que não faz parte da condição intelectual ou mesmo sentimental de ambos. Um fala em bananas e o outro em abacaxi. Um julga o que acha e o outro defende o que pensa.
Assim, AFIRMO você está sendo injusta PATRÍCIA. Muito injusta ...

*http://tempsdumiguel.blogspot.com/2005/06/crucificado.html

quinta-feira, novembro 03, 2005

Viver e não ter a vergonha de ser feliz ...

Lindo, mas só na música.
Minha vó dizia: "quem muito se abaixa a bunda aparece!"
Certa ela estava, pena que eu não sigo tudo o que ela dizia.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Finados

Finados tem gosto estranho. Feriado sem alegria, sem comemoração. Feriado. Só.
O gosto pode ser estranho mas a cor é roxa. Das flores lindas do Ipê, que insistem em cair exatamente nessa época do ano. Flores roxas do Ipê recordações do quê? Só quem os perderam podem avaliar o quão lindas são. O sol contrabalança o turvo dos olhos mareados pela vida. Ano que vem as flores estarão aí de novo e espero que todos nós. Sem nenhuma baixa. A vida já está bastante difícil com ajuda, sem então, nem se fala.

terça-feira, novembro 01, 2005

Psicanálise

O Amigo: Cara tu tem que mudar a tua postura.
O Príncipe: Como assim?
O Amigo: Tu é muito arrogante.
O Príncipe: Sim, mas isso é parte de mim. É a outra metade da moeda, eu sou muito competente e auto-confidente então ...
O Amigo: Sim, mas tu fica destilando conhecimento para todos os lados. Isso incomoda as pessoas.
O Príncipe: É, acho que algumas pessoas ficam incomodadas mesmo ...
O Amigo: Tu tem que ser mais humilde ...
O Amigo: Olha eu, pro exemplo, sou o cara mais inteligente do mundo mas ninguém sabe disso ...
A Raposa: E serve para alguma coisa? O fato de ninguém saber?

Ando pensando nisso, amanhã sai algo nesse sentido. Humildade existe? Food for Thought ...

quinta-feira, outubro 27, 2005

Espectros

Qual o maior medo humano? Difícil questão ...
Um monte de respostas vêm à mente, se puderes chegar à essência deste monte de respostas verás que em todas elas, digo novamente o todas, a questão é ter medo de algo que não existe materialmente. Tudo o que não podemos tocar, ver, ouvir ou sentir nos causa pânico. Todos os nossos grandes medos acabam por cair neste terreno. Podemos lutar contra qualquer coisa que exista, que possa ser ferida, destruída etc. Mas nunca, nunca poderemos lutar contra dragões que não existam. São etéreos os que nos põe medo. Morte, fantasmas, medo de não ser feliz, de não ser amado, de perder algo e por aí à fora. Tudo se encalacra na questão do "não ser", do não existir e ainda assim ter poder para modificar as coisas na nossa vida. O próprio poder de assustar é assim. Se transportarmos isso para a vida cotidiana, eu reafirmo não podemos lutar contra o que não existe. Não podemos lutar contra uma falta. Contra um sentimento que é uma mera suposição. Não se luta contra o que não existe e sim contra o criador do espectro. No final é uma luta inglória pois não tem forma de vencer. E se o contendente for alguém que te é caro a tarefa passa de hercúlea para estóica. (Sim, vamos procurar no dicionário para ver o que é isso!!!). Não se luta contra sonhos ou medos e sim contra os seus efeitos. Mas, para isso é necessário que aceitemos que eles tem efeito sobre nós. Aí pesa um pouco a nossa humildade. Definitivamente não é minha característica. Estou acostumado a lutar. Luto todos os dias bons e maus combates. Mas tenho adversários palpáveis. Me dê algo pelo quê lutar e "verás que um filho teu não foge à luta". Coloque-me diante de espectros ou coisas etéreas e eu vou fugir. A força contida em meu sangue precisa de matéria e entende sentimento. Mas gela ao encontrar um limbo dissonante que, além de tudo, ainda está anos-luz distante de mim.
Sinto. Sofro. Pasmo. Sofro. Sinto e me afasto.
Se me quiseres, não deixa! Não permitas que o medo, advindo da ignorância ou da arrogância, possa me prostrar e me tornar um cavaleiro de gelo e vento. Me mostra contra o quê. Conduza a minha mão, meu cérebro e meu coração e verás que das lágrimas de meus olhos saem forças maiores que um sol ardendo. Nesse momento perceberás do quê realmente são feitos os homens.
Do medo e da vontade de enfrentar o medo ...

quarta-feira, outubro 26, 2005

Algodão-doce

Hoje eu quase fui papai. Quase tive uma felicidade absurda na minha vida. Quase recriei algo que perdi a algum tempo, uma família. Quase pude dizer que algo valeu nesse ano sem-fim e sem nada. Quase pude sentir o aconchego de um coração em minha alma. Quase pude abraçar algo e dizer que eu construí e que me daria muita felicidade. Quase consegui fechar um buraco no meu "querer" que havia muito estava aberto. Quase pude gritar a todos os ventos que uma parte da minha felicidade tinha voltado. Quase me senti meu pai, comigo por vir. Quase pude recomeçar o interminável e infindável ciclo da vida. Quase me senti inteiramente responsável por algo grandioso no universo. Quase pude ter a quem realmente precisasse de mim, com toda a essência da vida. Quase pude acompanhar o sonho virando realidade. Quase cuidei. Quase velei. Quase chorei. Quase prostrei. Quase embalei. Quase alimentei. Quase troquei. Quase ensinei.
Minha vida tem sido um eterno quase. Como uma corrida em que a linha de chegada sempre se afasta bruscamente quando eu a toco com o olhar. A mesma sensação eu sentia com algodão doce. Você vê grande e colorido. Sente o cheiro doce e apetitoso. Quando coloca na boca ele some. Sem deixar rastro ...
Será que um dia ele esteve ali? Será que tudo não é mera ilusão?
Só sei que as maçãs do amor, apesar de muitas vezes podres, eram reais. Podia-se até jogar no lixo.
A vida podia parar de brincar de gato-e-rato comigo. Seria pedir muito? Papai Noel?
Eu prometo me comportar.

terça-feira, outubro 25, 2005

Figuras

Tenho pensado muito naquilo que se pode ou não exigir das pessoas. Acho que depois de um certo tempo tomamos a palavra "amigo" como uma metonímia ou talvez uma catacrese. Eufemismo de "carência" e hipérbole de "cuidado". Sonhamos com uma ajuda quase transformando isso numa diácope humana. Paradoxo inevitável da condição individual da nossa sociedade e totalmente desamparada daquilo que chamam de psiquê . Uma sinestesia de percepções e uma paranomásia de condições? Uma elipse de nós mesmos ou uma perifrase de "ajuda"?

sábado, outubro 22, 2005

Gremlins

Pequenino, fofinho e com uma carinha de sapeca. Olhinhos levemente amendoados, uma inteligência vivaz. Carisma, meiguice, felicidade, alegria e uma capacidade de destruição semelhante ao Katrina ou ao Vilma.
Uma televisão quebrada, um computador desconfigurado, negrinho embaixo do meu travesseiro. Vidro de pimenta derrubado dentro da geladeira e até agora não achei os fósforos, estou com medo ...
Minhas cuecas e minhas meias foram parar em cabides. Minhas folhas em branco receberam afrescos do tipo Miró. Amarelos e vermelhos. Traços pós-modernos.
Estou sem tevê e com uma grande vontade de botar as minhas mãozinhas naquele pestinha. Filho da pessoa que deixa meu apartamento habitável de novo. Se o Saddam Hussein tivesse ele lá no Iraque não tinha se rendido para os americanos. Acho que numa outra encarnação ele deve ter sido um gladiador romano ou um aviador da Luftwaffe durante a segunda Guerra. Melhor, um Kamikaze.
Nesses momentos me pergunto se realmente quero ter filhos.
Ele se despediu de mim com um sorriso tão lindo que eu pensei que tinha sido uma manhã de felicidade. Na realidade foi, para o dono da eletrônica em que vou ter que consertar a tevê.

terça-feira, outubro 18, 2005

Fora de Contexto

Já se sentiram sem pertencer a lugar nenhum? Não sem rumo nem sem estrutura, mas como se lugar nenhum fosse o que chamamos de lar? Solidão da alma. Primeiro sintoma de que algo deve ser mudado. É como se a realidade não fosse tão real e os teus sentimentos pudessem de alguma forma pervertê-la. Mas nada para chamar de casa. A ninguém pode-se recorrer, é uma questão de enquadramento. Eu não me enquadro. Hoje, qualquer lugar do mundo poderia ser minha casa. Ao mesmo tempo que nenhum deles é.
"E.T. telefone, minha casa ..."
Ninguém para atender ...
Sem telefone para tocar ...

O único alô que ouço é o que vem de dentro de mim. Sou companheiro de mim mesmo. Como sempre, aliás ...

segunda-feira, outubro 17, 2005

Jardim de uivos

Tem pessoas que escolhemos para compartilhar coisas. Pessoas que nos são caras para compartilhar coisas que nos são caras. São flores e espinhos que por belas ou dolorosamente tristes vivem num jardim escondido em nossa alma. Cultivadas pelas lágrimas ou sorrisos de nossa fronte mas cuidadas pelos olhares e abraços daqueles que escolhemos como amigos. Um amigo é a pessoa a quem você confiaria suas flores e que não te recrimina por belas ou agressivas, por cuidadas ou não. Apenas tem a permissão de vê-las, tocá-las ...
Amigo, por mais que me sejam caras eu arranco as flores para que leves consigo. São nossas, são fruto daquilo que existe de mais sagrado dentro do espírito dos homens. Devoção. Palavra que é carregada de carinho, de cumplicidade e de respeito. Cercada de humildade, de gratidão e de orgulho pelo que se construiu.
Palavra que alguns guardam apenas ao seu Deus. Para mim as amizades são mais importantes, então não tenho problema em te ofertá-la. Sabes que aquele abraço foi o mais comovido e contido que ambos trocamos. Por que nossas condições psicológicas nos fazem turvar a espontaneidade de nossos corações? Eu queria dizer-te, sem dúvida, que tenho meus joelhos ao solo e os olhos aos céus quando lembro pelo que passamos. As lágrimas ... as lágrimas que nos correm dos olhos nesse momento são guardadas apenas aqueles que podem entrar em nosso jardim, podem tocar em nossos espinhos.
Sabes que onde teu uivo for ouvido minha força será sentida e que minha mão nunca deixará de lutar pelas tuas causas, que também são nossas.
Amizade é uma palavra que não tem fronteira, não tem tempo e não tem razão ...
Os caminhos da vida não são os mesmos do coração mas não te esqueças que "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
Que os teus desejos sejam mais reais e completos que a tua falta, falta que sinto e que sentirei por um bom tempo ...
Nosso rei ainda não tombou, estamos numa partida adiada onde os lances ainda não cessaram e o plano não foi definido.

sábado, outubro 15, 2005

Espelho de Anjos

Por que insistimos em nos colocar "no lugar dos outros"? Isso é completa insanidade. Nunca conhecemos tanto do outro para que possamos fazer isso sem incorrer em absurdos erros de interpretação. Ver os problemas dos outros com nossos olhos não é "colocar-se no lugar dele". Eu me lembro que na educação católica que recebi isso era muito importante. Era vital perceber o que o outro sentia para poder compreender seus atos. Isso nunca aconteceu e nem vai acontecer. Tem toda uma teologia, ou melhor várias, que há dois mil anos vem tentando entender as razões de um único homem. O que conseguimos com isso? Nada. No afã de entendermos a ele, fizemos guerras, genocídios, destruição. Construímos monumentos, igrejas, santuários e, ainda sim, nada. Se os atos dele, que diga-se de passagem foram muito grandiosos e eloqüentes, não foram compreendidos como podemos ter a pretensão de entender os mais próximos?
Acho que colocar-se no lugar do outro é um ato de burrice e estupidez que nos leva a uma encruzilhada. Ou sentir os problemas do outro pelos nossos olhos. O que não leva a lugar nenhum. Ou sentir os nossos problemas na situação do outro que, também, não nos leva longe.
Pode ser bonito, mas não é factível. Assim cometemos erros e prejudicamos muitas pessoas nesse desejo. Em realidade, a quem mais prejudicamos é a nós mesmos. Sempre, ao tentar entender o outro, já nos colocamos numa posição de aceitação tácita de suas razões e sentimentos. Estamos predispostos a perdoar e entender. Alguns perguntarão: E isso não é bom? Eu digo que não. Como não comprendemos a exatidão do outros, seus motivos e coisas assim, estamos em realidade NOS PERDOANDO. Num evidente processo de auto-piedade. Isso nos conduz à deterioração dos valores, pois o que pode ser feito pelo outro, entendido e perdoado por mim, passa a ser questão simples de instância. E como nos machucamos entendendo o outro. Abrindo exceções. Reiterando perdões. Digo que o outro não se importa com isso. Se assim não o fosse, ele não faria da prmeira vez. Faz buscando o nosso perdão e, como geralmente consegue, torna a fazer. Cansei e espero que tenhamos todos cansado. Proponho uma espécie de "tolerância zero" aos moldes do AA: "Não vou perdoar ninguém só por hoje!".
Acho que isso nos faria muito melhor e deixaria o mundo mais palatável. As pessoas precisam saber que nós sentimos e nos importamos também CONOSCO!
A permissividade travestida de sentimentos como perdão ou acolhimento leva à destruição das almas boas nesse mundo por fadiga psicológica. "Até o perdão cansa de perdoar" dizia o poeta. Se todos nós fizéssemos um movimento "SEM PERDÃO", logo o mundo estaria dividido entre os que sentem e os que abusam. Quem sabe nesse momento podemos nos reunir apenas com os que sentem e queimar em grandes fogueiras os que abusam?

segunda-feira, outubro 10, 2005

Amos e Escravos

Por princípio eu acho que toda dicotomia é ineficaz como explicação racional de qualquer coisa. A vida é multifacetada e as pessoas também. A miríade de possibilidades que advém daí tornam as coisas muito complexas. Se você ainda puder percerber os pontos de vista de cada um e as diferenças de informação ou cultura então ...
Daí resta-nos a cerveja. Ela têm um poder de tornar as coisas mais claras. Tudo quase preto no branco. Isso acontece porque ela nos entorpece os pensamentos, tornando-os assim menos racionais. Tomar cerveja para tomar uma decisão importante é algo não aconselhável. O homem pode se tornar escravo da cerveja. Como, aliás, de muitas outras coisas.
Pensando nisso pude ver como existem coisas na vida onde somos ao mesmo tempo senhores e escravos. Pensamos que controlamos ou pensamos que somos controlados. Pensamos? Somos? Não?
Vamos começar pelos relacionamentos. Somos senhores ou escravos? E não falo apenas dos amorosos. Falo de todos. Até que ponto controlamos a situação, sendo assim, senhores? Quando nos tornamos escravos, sendo controlados ou levados pela maré? Como se dá essa transição?
Falando de vida profissional. Mesmo sendo um profissional de sucesso e ímpar na sua atividade, quando nos tornamos escravos? Se não do sistema de nossa própria personalidade, como querendo mais do que temos ou ser mais do que podemos? Neuroses da vida moderna ou apenas uma ambição desenfreada por fama e dinheiro? Causas internas do ser humano ou externas do modus vivendi capitalista?
E o destino? Palavra quase insondável e de difícil conceituação. Mas assim como "não há ninguém que explique" também "não há ninguém que não entenda". O destino é de alguma forma decidido externamente a nós? Temos influência? Anos de filosofia e teologia não conseguiram nos colocar um milímetro à frente nessa questão. Olhares e impressões que soam aos corações desesperados mais do que sinos de catedrais em missas dominicais. Têm eles o real poder do convencimento? Podem eles nos oferecer alguma sensata resposta?
Recaímos nos famosos livros de auto-ajuda. Literatura mesquinha de filosofia brega embalada com papel de presente sentimental revelador do inexpugnável mundo do real. Lá encontraremos coisas como: "As respostas estão dentro de você!" ou "Podemos apenas mudar a direção da vela e não do vento". No fundo essas premissas são denunciadoras da falta de capacidade de explicação do homem.
Quando os grilhões de tudo o que nos acorrenta neste mundo puderem ser transformados em rosas para serem entregues aos que verdadeiramente amamos então acho que a questão de sermos ou não escravos estará respondida. Seremos através de uma escolha consciente senhores ou escravos, como mais nos convier. Contudo, quando isso realmente acontecer, estaremos por fim livres ... E a única liberdade verdadeira que esta vida permite é, e sempre será, a morte. Então, nesse momento, do que adiantará o trabalho ou o conhecimento?
Quem souber essa resposta será amo, senhor da condição humana. Será também escravo do peso que ela traz e da responsabilidade de conhecê-la. Não há fuga. Em essência não há diferença substancial.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Eu sou eu, e você?

Será que se o meu time fizer gol eu vou ter que pagar algum imposto?
Se sim, pago para quem? É imposto ou contribuição?
Será que vão abrir uma CPI para o problema dos árbitros no brasileirão?
Se sim, qual tem maior chance de acabar em pizza? A do congresso ou a do gramado?
Será que os EUA vão ser atacados por mais furacões?
Se sim, quais pobres de quais cidades serão dizimados?
Será que o Lula tenta a reeleição?
Se sim, com qual plataforma? A nova da Grandene ou a antiga que não funciona mais?
Será que vamos ver o milagre do crescimento?
Se sim, quem será o autor do feito? São Sebastião ou São Palocci?
Será que "Os dois filhos de Francisco" vai ser indicado para o Oscar?
Se sim, o que falta ainda para o dinheiro comprar? Nossa paciência, nosso silêncio ou nossa revolta?

Ando muito existencialista ...