sexta-feira, abril 28, 2006

Nêmesis

Com a onda que eu ando tenho que me cuidar de tudo. Estou residindo numa casa onde minha posição social está abaixo de uma gata. Calma senhores a gata é do gênero Felix e não Homo. Ela ganha carne fresca e eu como o que sobrar. Ela ganha carinho e eu carrego as compras. Se eu me atraso para a janta ela come tudo. Se chego cedo tenho que deixar comida para ela, sob pena de ser defenestrado.
Ontem porém foi o dia da vingança.
Estava eu dormindo e muito cansado. Naquele tipo de sono que você não sabe onde está, nem que horas são e muito menos onde está. Perigoso mas profundamente restaurador. Estava eu nos braços de Morpheu quando uma paulada na janela me "semi-despertou". Eu não entendia o barulho e quando me dei conta que era na janela pensei serem os extra-terrestres vindo me abdusir. Relevem eu estava "bêbado de sono". O barulho não cessava e meu pânico aumentava ainda mais. A essa altura eu recobrava paulatinamente o senso da realidade, agora acreditava serem os traficantes colombianos que estavam querendo entrar na casa. Não eu não uso nem vendo drogas. Também não sei porque o medo dos traficantes. Como não parava o barulho reuni toda minha macheza e fui até a janela. Levei quase quarenta e cinco minutos para reunira a macheza, não é que ela seja muito grande é que tava bem espalhada ...
Tive que lembrar de todos os atos de bravura da minha vida e juntar todos os elogios da minha família a minha masculinidade. Feito isso abri a janela. Lá estava a desgraçada da gata, no frio do lado de fora da casa. Nada me daria mais prazer naquele momento. Não abri o vidro da janela e deixei a gata me ver dormir quentinho ... o coisa boa ...

Gato Preto

É impressionante a minha capacidade de atrair pessoas canalhas. Sou um imã para elas. Isso não é papo de mulher com dor de cotovelo. Daquelas comidas e esquecidas. Isso é papo sério. Estou pensando em criar algum tipo de concurso. Algo assim:
"Sacaneie o príncipe e ganhe um Palio 0 km."
Ou melhor:
"A melhor sacanagem ao príncipe, escolhida por júri popular, ganha uma casa."
Ao menos eu poderia colocar um telefone 0300 e ganhar alguma grana.
Posso contar nos dedos as pessoas que nunca me aprontaram. Essas curiosamente são amigos.
Quem me lê deve pensar: "Se fazendo de vítima!". Antes fosse senhoras e senhores, antes fosse.
Quando eu era pequeno minha mãe dizia assim que eu me esburrachava no chão: "Levanta para cair de novo!" Ela esta certa. Só não sei se sou uma espécie de "joão-bobo" ou um Rocky Balboa. O fato é que a galera bate, e dói.
Se eu achar o desgramado gato preto que inferniza a minha vida juro que peço para alguém matar. Com essa sina era capaz de o gato me dar um "mata-leão" e eu ir para a banha ...
Um dia da caça e ... no meu caso ... o outro a gente corre!

Perspectiva

A muito tempo estava sem disposição. Em realidade era completamente cheio da vida. Algumas coisas melhoram outras são um desastre nessa curta existência. Creio que somos feitos de sonhos e quando estes se acabam nos deixamos levar pelo tempo e pela desilusão como num grande rio em direção à eternidade. Nesse caminho certamente deixamos a carne e quem sabe o que mais ...
Pois estava eu rolando rio abaixo. Mesmo com os louváveis esforços de alguns amigos e de pessoas importantes para mim, o rio era minha rota. Deixar a vida me levar não é exatamente de bom humor que devemos ir. Eu que sempre briguei por tudo estou, de certa forma, pagando o preço da briga. Rio abaixo.
Ainda não sei ao certo porque voltei a escrever. Certo sim é que preciso de perspectivas para reativar minha vida. Ela entrou num marasmo tremendo. Melhor do que num passado próximo, com certeza, mas calma e sem perspectiva. Não gosto disso. Não me sinto à vontade à deriva, ainda que seguro. Creio na existência da carne como parte integrante da vontade da alma. Uma sem a outra não existe. A outra sem a uma é queda d'água.
Enfim parece que o bote começou a se animar de novo e com isso também meu sangue volta a correr. Como um vampiro recém acordado de um torpor, preciso de tempo para me recompor, contudo inegavelmente volto.
Aos que me detestam, desculpem, preparem-se para guerra novamente. Agora sem quartel e sem trégua. Aos que de alguma maneira gostam de mim, sejam bem vindos no fogo da minha existência. Partilharemos o mate juntos, se for apenas isso que eu puder partilhar ainda sim estarei feliz.
Está na hora de separar os homens dos guris ...

segunda-feira, abril 17, 2006

Brasa eterna ...

Se por um minuto ou pela eternidade, tudo o que queremos é ser feliz. Extasiantemente feliz. Inebriantemente feliz. Compulsivamente feliz. Oniricamente feliz.
O grande problema é que, para mim, felicidade não é, e nem pode ser, um momento. Não gosto de coisas à conta-gotas. Felicidade é um estado quase perene que busco dia-a-dia com uma paciência que muitas vezes não tenho.
Ser feliz é saber que amanhã eu ainda o serei. Ser feliz é ser completo e completar algo com significado e importância. Tudo isso tem que ser para sempre. Esse sempre tem fulcro no indivíduo e em sua existência, não importanto o quanto ela dure.
Essas pílulas de auto-ajuda que dizem que um livro, uma música, uma bela peça de teatro podem nos fazer feliz são o mesmo que analgésicos para um dor indômita que persegue a pequenez dos indivíduos frente ao nosso tempo.
Ser feliz é saber que qualquer tempo que ainda reste será suficiente, porque já fizemos o que queríamos. Logo, ser feliz é uma luta por um objetivo ou por objetivos. E quando a manutenção for o objetivo, então chegamos ao momento onde podemos dizer que somos felizes.
Todo o resto é pura especulação. Todo o resto é pura enganação. Todo o resto é mera falácia de uma existência que costuma nos carregar para locais onde o vento uiva e o sol queima e não para uma bela praia na polinésia francesa.
Construam o castelo de sua felicidade, passo-a-passo, pedra por pedra, mas ela não estará nas pedras e sim na partilha da tua construção ...

quarta-feira, abril 12, 2006

Atchim!

Podem falar de qualquer doença, desde que não as mortais, eu ainda acho que rinite é uma desgraça. Padeço deste mal. Não é só nariz assado, devido às inúmeras vezes que temos que assoá-lo, sem efeito prático nenhum. Não é só a fungação que amola o fungador mais do que os que estão ao seu lado, embora as feições destes acabem pondo em dúvida este veredito. Acho que a pior parte é aquele ranhozinho que escorre pelo lado da narina sem que possamos fazer nada. É terrível ficamos parecendo uma crinça ranhenta. Nos sentimos a última das pessoas, nem a cacaca do nariz conseguimos manter dentro de nós. As outras pessoas pensamos ficarem sempre olhando e dizendo: "Que nojo!". Aí, no desespero de manter uma certa altivez, passamos aquele dedo no nariz. Pronto! Ninguém mais te aperta a mão, se alguém viu acha o cúmulo da falta de educação e na realidade não funciona. Tenho uma teoria, acho que na primeira vez que se passa a mão esta tem um potencial de absorção e consegue resolver o problema. Entretanto, como não pára o corrimento, na segunda vez já é aquela meleca. Para tentarmos manter as coisas em ordem e poder olhar as pessoas de frente começamos a passar o antebraço, depois o braço todo ... uma desgraça. Tive uma certa vez a oportunidade de ver o malabarismo feito por um cara que estava passando quase o cotovelo. Ao invés de fazer cara de nojo eu me solidarizei com o vivente e passei o meu também. Disse ainda: "É isso aí brow!"
Agora, porque não agüento mais esse desespero que nos coloca na fronteira do mundo civilizado e educado, quase um marginal da higiene, estou andando com uma toalha de rosto. Quando sinto vontade buzino na toalha. "Doela a quem doela". Afinal o importante é ser feliz. Só não resolvi ainda o desconforto da coceirinha do nariz ...

terça-feira, abril 11, 2006

Blue Birds

Em muitas culturas no Velho mundo pássaros azuis são sinônimo de felicidade. Talvez porque naquele ecossitema onde as temperaturas baixas imperam os pássaros coloridos são raros, ou talvez porque é muito bonito um pássaro azul mesmo e a beleza sempre fez par com a felicidade.
Quando eu tinha um coração de criança sempre tentei brigar com a natureza. Me recordo que tentava salvar todos os passarinhos que por ventura tivessem caído dos ninhos. Fossem da cor que fossem. Era sempre a mesma história. Pega, cuida, ama, assiste o definhar e sofre. E como doía.
Não é que o coração de adulto não queira ajudar, mas quando minha mãe dizia para não pegar ela estava pensando no depois. As pessoas adultas fazem isso, pensam no depois. Isso elas chamam de responsabilidade. No fundo, mas bem no fundo mesmo é medo e auto-piedade. Sentimento de auto-preservação de quem já sofreu tanto que não acredita mais nas cores dos pássaros, ou ao menos não acredita que possa, desta vez, ser diferente.
Hoje eu passo bem distante de passarinhos caídos, fecho o olho para não ver. Choro sozinho pensando no seu destino. Tenho uma vida para seguir e ela ainda me reserva inúmeras dores. Estas tendem a aumentar com o tempo, não vou dar uma mãozinha para a vida no que diz respeito a me magoar mais.
Ao mesmo tempo tenho medo. Meu passarinho azul caiu do ninho. E eu estou passando ao largo, chorando mansinho e rezando para que a vida seja boa comigo.

segunda-feira, abril 10, 2006

O tal de Judas

Sinceramente nunca vi um assunto tão bem vindo. No mesmo momento que os pesquisadores encontram um evangelho que parece redimir Judas nos deparamos com o atual Brasil. O Judas era considerado traidor e de haver entregado Jesus por trinta moedas. Nós no Brasil assistimos o trair de uma classe política inteira vendendo o Brasil, situação e oposição, cada qual a seu turno e por suas regras. O Judas tinha comido com Cristo na última ceia e o denunciou com um beijo. Os políticos, e isso vai começar em menos de um mês, vão beijar velhos e crianças e até distribuir ceia, mas o final será a mesma traição.
Mesmo gente das minhas próprias relações, me apunhalaram e ainda se sentem no direito de falar grosso. No Brasil o senso ético é diferente. Aqui vale tudo para se dar bem. E o pior é que nós não falamos nada. Somos passivos diante dessa Babel corrupta e inepta.
Ao menos uma vez o Brasil estava na vanguarda dos caminhos dos pensamentos, aqui nós já absolvemos os judas. Não este novo que está no novo evangelho, mas o velho mesmo. Não só absolvemos os judas como os invejamos. Na minha casa eu partilhei o pão e o vinho com um judas. Partilhei mesmo a falta deles. E obtive a mesma traição. Malditas trinta moedas. Mas aqui eu não vou fazer como o povo brasileiro, não vou perdoar o velho judas. E peço que não perdoem os judas que usam gravata e falam bonito. Diz o testamento que o diabo tem várias formas e lá deveria dizer também vários partidos.
Quanto ao Judas, o novo, que se deixe para a história uma história de mais de 2000 anos ...

sábado, abril 08, 2006

Pura Maldade

Algo que nos ocorre naqueles momentos de completa paz e reflexão. Algo que nos tira do sério quando tudo parece ser nada mais do que um simples momento. Não pensem que aqui vai um meloso testemunho de romance, não ...
É simples a coisa. Acabei de me dar conta de uma coisa que pode ter sido pensada antes, mas com certeza não na extensão que pretendo apresentar.
Vamos deixar de bla-bla-bla e desembuchar de vez.
Pergunta-se: para quê serve a orelha?
Certamente a maioria de vocês pensarão que serve para ouvir, afinal desde o jardim de infância que as "tias" nos ensinam que as orelhas ouvem e os olhos vêem. Eu tenho uma opinião diferente.
Já notaram como nos dá prazer quando a orelha é mordida? Isso mesmo mordida. Na realidade minha teoria é que temos orelhas para que elas sejam mordidas. Mas como por uma fatalidade genética nossa boca fica muito distante da orelha, não podemos morder-nos então precisamos de alguém. Entra em cena o conteúdo social da orelha. Temos orelhas para que possamos encontrar alguém que possa mordê-las para que nos dê isso um prazer inenarrável.
Gostaram da teoria?
Excetue-se aqui o Mike Tyson e o Evander Hollyfield, creio que aquela não foi uma boa tentativa de morder orelhas ...