sexta-feira, dezembro 30, 2005

Que Dinah que nada!!

Para quem não sabe informo: A raposa é uma excelente futuróloga. Suas respostas são tão precisas que ela já foi chamada até no Fantástico. Consegui, como grande companheiro dela, que ela desse uma palhinha para nós do que nos espera em 2006. Confiram a entrevista.

O príncipe: Bom dia Mãe Raposa do Gantuá.
A raposa: Bom dia meu querido príncipe.
O príncipe: Nosso objetivo aqui é mostrar um pouquinho dos seus dons para o pessoal que nos lê, é possível?
A raposa: Não é para o Fantástico é?
O príncipe: Não, é uma prévia exclusiva.
A raposa: Certo, vamos começar. Me dê aquela cerveja que está ali, coloque U2 no som e deixa aquela meia fedorenta aqui perto.
O príncipe: A senhora faz previsões com cerveja e U2? E para quê serve a tal da meia?
A raposa: A cerveja substitui com êxito a cachaça e o U2 o som dos atabaques. A meia é para afastar os maus espíritos.
O príncipe: Certo vamos começar com perguntas muito originais. O Brasil vai ser hexacampeão?
A raposa: Olha ... vai tentar. É certo que será uma disputa muito difícil. Todos os jogos serão ganhos com gols. E teremos adversários que farão de tudo para nos ganhar. Acredito que com grande esforço a gente consiga ganhar.
O príncipe: Se me permite, não dissesse nada que já não tenhamos em mente ... nada de novo ...
A raposa: Próxima pergunta!
O príncipe: Certo, certo. O Lula irá se reeleger?
A raposa: Bom isso dependerá de duas coisas simultaneamente. Que ele tenha mais votos que seus oponentes e que o povo vote nele. A campanha terá políticos conhecidos no Brasil todo. Uns mais, outros menos, mas todos conhecidos. Muita baixaria, muita agressão e no final e só no final que conheceremos a resposta.
O príncipe: Que será ...?
A raposa: Exatamente aquela que o povo escolher. Isso posso afirmar com certeza.
O príncipe: Certo. Quais são as perspectivas para o mundo?
A raposa: Bom. Com tanta adversidade e tanto ódio o mundo têm perspectivas bem diversas. Posso afirmar que muitas pessoas morrerão. E um número ainda maior nascerá, especialmente na China. A fome somente será resolvida com comida. E as doenças com remédios e tratamentos.
O príncipe: Sim, claro. Falando em doenças. Acharemos a cura para a AIDS ou o Câncer?
A raposa: Isso vai depender também. De um lado depende da vontade dos laboratórios farmacêuticos e do outro das pesquisas científicas. Mas creio que podemos se conseguirmos.
O príncipe: Vamos pessoalizar as perguntas. Como será o meu ano?
A raposa: Com 365 dias divididos em 12 meses. Com certeza. Digo mais, começará exatamente daqui a dois dias e terminará em 367, sem erro.
O principe: Minha vida profissional?
A raposa: Terá uma, com certeza. Até porque precisamos comer. Ela será muito trabalhosa. Muitas horas por dia fazendo a mesma coisa. No fim, mas certo que no fim do mês, vai sobrar cada vez mais tempo quando o dinheiro acabar. Posso dizer com certeza que terá muita gente fazendo o que você faz. A concorrência será grande esse ano.
O principe: E minha vida amorosa.
A raposa: Isso dependerá de dois outros fatores. O quanto de amor está disposto a dispender para você e o quanto de coração estará disposto a cicatrizar. Amar a si mesmo é o começo de uma previsão de felicidade. O prazo depende apenas do sorriso do tempo e o olhar do sol.
O principe: Algo mais tão preciso para os nossos leitores?
A raposa: Sim. Eu prevejo que estaremos todos aqui em 2006, menos os que já se forem. Olhem sempre para as previsões como uma forma idílica de dizer que o que gostaríamos pode acontecer. E o que acontece nunca pode voltar.

Não perca o tino, não perca a calma,
Não perca a vez e não perca a alma,
Seja tal que sempre seja você, seja o tal que quiser ser
Seja algo que saiba ser, ignorar faz o bom sempre se perder

Viver é colher lágrimas da vida
Transformá-las em sorrisos no tempo
Andar por sobre o pecado que avilta
E mergulhar em tudo o que se mostra com sentimento

Que o que te toca sempre te enalteça
Que o que te tange sempre te esqueça
Que o que te acolhe sempre te aqueça

Olha com os olhos de uma criança, ama com o coração de um poeta
Sofre com a alma de uma noviça e perdoa com consciência aberta
Sobre a vida, então, dança e marca teu passo como uma borboleta antes do seu ocaso.

SÊ REALMENTE MUITO FELIZ E QUE O TEU DEUS TE ABENÇÔE!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Doppler

Hora das famigeradas retrospectivas. Nada mais chato do que retrospectiva. Erros que não podem ser desfeitos e alegrias que se esfumaçaram com o tempo. Aliás, ele é senhor de tudo. O tempo.
Longe de ser absoluto o tempo é um senhor relativo. Existem duas formas básicas de relativá-lo, uma baseando-se na distância do observador. Outra baseando-se no impacto de sua passagem.
O primeiro efeito é como um "efeito Doppler" do tempo. Quanto mais perto estamos mais defeitos vemos, quanto mais longe mais qualidades. Idealização histórica. Tudo o que nos é distante parece perfeito. Acho que por isso dizemos que as qualidades são sempre maiores que os defeitos. À distância as qualidades permanecem e os defeitos se esvaem. Não pense que isso é bom. Esse efeito causa saudade e arrependimento de coisas que não existem. Certamente não existem situações ou pessoas só com qualidades, mas acho que o cérebro acaba fazendo uma seleção do que vale a pena manter guardado. Ficam as boas. Não o culpo. O condeno.
Assim fazemos com os anos que se passaram. O 1980 foi melhor que o 1990. Doppler.
Verdade? Não, apenas efeito.
Assim fazemos com as pessoas que passaram. Essência travestida de saudade. Pessoas fantasiadas de sonhos.
O contrário também é verdadeiro. Quanto mais próximas as coisas mais nos é permitido focar os defeitos. 2005 foi horrível. Quem sabe daqui a 50 anos ele fique palatável?
Com as pessoas somos mais cruéis. O tempo passa as pessoas não. As pessoas definham ...
A crueldade é, portanto, maior. Tão maior quanto os defeitos nos parecem. Não me recordo dos defeitos das pessoas que me são distantes. Isso aumenta a saudade. Idealização em vinho e vela.
A segunda forma de relativizar o tempo é através dos seus efeitos. Uma espécie de eco temporal. Pensamos em perceber a passagem do tempo como algo total. Como se não retornasse. Negamos a transitoriedade do ser e a passamos ao tempo. Como se a ação fosse estritamente do que se passa para o que se sente. Viver não é uma sucessão de momentos e sim uma sucessão de impressões. Marcas indeléveis da violência da vida não são as rugas e sim as memórias. "O essencial é invisível aos olhos". Temos o anseio de que as memórias não se repitam. Como se pudéssemos afastar tudo o que dói. Usamos o tempo para isso. Travestimos de experiência os ecos do tempo. E ainda que não compreendamos seus sentido tentamos mudar o que vai acontecer fugindo do que aconteçeu. Nâo percebemos que a lineraridade temporal transpassa o nosso translúcido ser e nunca vamos fazer as mesmas coisas. Somos dia-a-dia diferentes. Dia-a-dia morremos um pouco e compreendemos isso de diversas formas. Também ouvimos ecos do que nunca aconteçeu. Forma uma melancólica sinfonia cujos acordes principais são uma mistura de imaginação com idealização. O final é saudade.
O mais interessante disso é que nos enganamos todos os anos pensando que esse ciclo pode, de alguma forma, ser definido externamente. Cor, cheiro, comida, companhia. Como se algo pudesse transitar entre o ecos e mudar a sinfonia.
Bem vindo 2006!

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Xeque-Mate

Têm pessoas que são de ouro e a gente não percebe. A vida nos dá essa possibilidade quando essas pessoas já se foram. Acho que eu, com algumas delas, estou conseguindo me antecipar aos acontecimentos. Estou conseguindo reconhecê-las quando ainda têm pérolas para me oferecer. Isso não depende de idade. Isso não depende de proximidade. Isso é uma mistura de serenidade, virtude e inteligência. Serenidade para reconhecer as pérolas. Virtude para saber aceitá-las, e inteligência para aprender com elas.

O enxadrista - A vida é gozada, eu já tive dois processos cancerígenos e me segurei. O que está acabando comigo é minha casa.
O príncipe - Tua casa? Como assim?
O enxadrista - Sim, toda vez que volto para ela e não encontro o viço de gente.
O príncipe - Solidão ...
O enxadrista - Não, solidão é algo que aprendemos a conviver. Eu falo simplesmente de silêncio, descaso e esquecimento. E tudo isso em vida.
O príncipe - De certa forma eu posso ajudar ...
O enxadrista - Quando um homem não tem mais prazer em voltar para casa ele não pertence mais a esse mundo.
O príncipe - Solidão ...
O enxadrista - Solidão é palavra bonita de poeta que mascara o vazio que a gente realmente sente. Solidão é algo. Mas ela expressa o nada.

Ele sorveu o último gole de cerveja, tocou em seu estômago, onde um outro tumor forma-se, levantou-se e me disse:

O enxadrista - Feliz Natal. Só te desejo que sempre queiras voltar para casa.

Me abraçou e meus olhos marearam. Marearam porque por um momento eu estava sem vontade de voltar para casa. Não tenho esse direito. Eu ainda não tive dois processos cancerígenos. O sol ainda nasce para mim como esperança e não como saudade.
Muito obrigado meu caro enxadrista. Espero que a nossa vida possa seguir como um reles peão, que se precipita pelo tabuleiro encarando todas as tempestades e sendo apenas um peão. Quem sabe chegue à oitava casa, onde possa ser coroado dama. Quem sabe ...

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Êta ano empacado

Esse ano está demorando mais a passar que:

- procissão religiosa
- que o windows carregando
- internet discada para fazer conexão no sábado de noite
- sala de espera de parto normal
- fila de banco dia 5
- atendimento de emergência no HPS
- sinaleira três fases
- blitz de azulzinho
- consulta atrasada de dentista
- véspera de vestibular
- último horário de ônibus
- viagem para Cuiabá também de ônibus
- xixi com pedra nos rins
- conversa de gago
- discurso de boas festas do chefe
- cantada de bêbado
- livro da Martha Medeiros ou do Paulo Coelho
- Show "inédito" do Rei
- Programa da Xuxa
- morte súbita de baiano
- mineiro com "preguiçinha"
- fofoca de tia
- por que de criança
- aplicação de banco
- noite de sexta sozinho
- noite de sábado segurando vela
- o horário das 10 às 15 na praia
- a Missa do Galo
- São Silvestre
- dor de cabeça de ressaca
- dor de cotovelo
- incomodação de ex
- encontro casado com amigo (a) mala
- mar com bandeira preta
- enjôo de grávida
- dúvida de matemática
- dia de apresentação de trabalho na faculdade
- atraso de menstruação
- apagada de carro na sinaleira
- mulher se arrumando para a noite
- homem se arrumando para viajar para a praia
- consulta de psicólogo
- análise de crédito em bancos ou lojas
- questões envolvendo o judiciário
- votação de medida urgente no plenário
- o milagre do crescimento econômico
- o milagre do cresicmento (em outro sentido é claro ...)
- espera pela "primeira vez"
- pagamento com cartão no final do mês, naquelas maquininhas que nunca sabe se vão aceitar
- música do Latino
- traque no elevador
- tinta fresca em banco
- depilação
- amor noturno de gato
- apresentação de nomes em formatura
- apresentação de resultados em empresas no final de ano
- reunião pedagógica
- reunião motivacional
- bolo de fubá no forno

Empurra que vai !!!
Se lembrarem de mais alguns, por favor coloquem ...

domingo, dezembro 18, 2005

Do lado certo do papel

Sábado de noite é o pior horário para os solitários. O relógio insiste em ficar parado na mesma hora. "Hora de festa". "Hora de companhia". "Hora de qualquer coisa menos ficar sozinho". Não sai dali. Até bem mais tarde tornar-se "Hora de ir dormir". A noite de sábado é cruel com os solitários, mais cruel até que a manhã de segunda. E olha que você, nesse caso, seria o Garfield. Pior de tudo é filme de romance na TV. O roteirista da vida nunca me reserva um bom papel nas coisas do coração. Sou sempre coadjuvante, se tanto. Sempre quando vemos esses filmes a imaginação voa e nos concebe no lugar do herói. Aquele para o qual o roteirista previu o final feliz. Mesmo após todas as agruras. O roteirista diz para ele que o personagem pode fazer o quê quiser que ainda assim terá um final feliz. Mas e, se nesta encarnação, meu papel seja o do "namorado-empaca-grande-amor" que apesar de educado, querido, inteligente, bonito e que ama a mocinha (embora nunca ouçam o que ele tem a dizer) verá o "the end" sozinho e com lágrimas nos olhos? E se nesta vida meu papel for o do "amigo-mais-que-amigo-que-segura-todas" mas, apesar de companheiro, sensato, firme, lúcido e também bonito vai perder a sua companhia para dar um ar mais picante na história? E vai agüentar tudo sozinho porque histórias paralelas não podem ocupar espaço no filme.
Os filmes apesar de parecerem não são feitos de "ses".
A vida apesar de não parecer não é feita de coisas concretas.
Eu consegui descobrir o quê os mocinhos de filmes românticos "mela-cuecas" têm em comum para se darem sempre bem. Aquela coisa que todos nós deveríamos ter para conseguir a felicidade do coração. Aquela coisa que nos daria certeza de fazer o certo, mesmo que o certo seja arrombar a porta de uma outra pessoa e dar-lhe um absurdo beijo que vai selar o amor. (Ou simplesmente aparecer numa tarde de domingo, sem avisar). Sem medo de que ela chame e a polícia e você fique com cara de louco. Aquela coisa que diria que ainda podemos nos martirizar com memórias e saudades porque elas não se tornarão apenas um câncer e sim são um caminho, ainda que tortuoso, para a felicidade. Eu, pensando descobri o que os mocinhos têm para alcançar a maravilhosa felicidade regada a muita música romântica e abraços de amor:
Um roteirista.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Força Bruta

Vou fazer algo odioso agora. Um amigo meu, que também tem um blog (http://ineverdreamed.blogspot.com) esses dias postou um texto que de primeiro impacto me tocou. Entretanto, como toda a "filosofia" da rede pensando um pouco achei ele (o texto) bem parcial e como vivi muitas das coisas ali descritas acabei me sentindo atacado. Não pelo amigo, é óbvio, mas pelo conteúdo do texto que, de certa maneira, me punha em xeque. Minhas convicções, minha forma de ver o mundo etc. Como não sou de afastar peleia, vou responder o texto todo. Assim, vou reproduzir o texto e minhas partes vão estar em vermelho. Deixo a vocês a simples leitura ou a manifestação. Sei que isso não se deveria fazer, mas como disse, me senti atingido então "enquanto tiver bambu vai flecha!"

O texto
"Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E, então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.

Na verdade isso é sorte, nós fazemos a circunstância e mudamos aquilo que nos incomoda, isso é o que chamamos de ação sobre a realidade e não uma forma bem "melzinho na chupeta" de achar que "eu seguro todas". Transforme a vida em algo que você possa viver e não espere dela mais do que mágoas e desentendidos. A felicidade não é um objetivo é um processo. Isso eu chamo de Fibra.

Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades. Hoje sei que isso é... Autenticidade.

Se você está sofrendo isso mostra que você é humano e que se inconforma com a vida. Esse é o primeiro sinal para saber que você pode mudar. Sofrimento não é sinal de estar indo "contra você" e sim um sinal de que você está indo contra aquilo que lhe imputam. Incomode-se com o mundo. Não se deixe aprisionar. Este é o melhor caminho para a eternidade. As pessoas nunca esquecem aqueles que realmente se propuseram a mudar, sofrendo ou não. Isso eu chamo de Fortaleza.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de... Amadurecimento.

Desejar que a vida seja diferente é extremamente salutar. Virar aquelas pessoas que aceitam a realidade sem luta é morrer a cada segundo. A questão é não apenas desejar e sim levantar as bandeiras das mudanças. Uma outra amiga (http://www.caiuafisha.blogger.com.br/) escreveu esses dias no msn uma frase digna de recordação. Escreveu ela assim: "Se as coisas não mudarem eu vou ter que mudá-las ...". Simplesmente fantástico! Sentar e esperar só cria rugas e faz a bunda cair. A princípio todos vamos amadurecer, ainda que algumas pessoas teimem com a vida e sofram mas é escolha própria. A questão é como fazê-lo. Voilá! Isso eu chamo de Engrandecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é... Respeito.

Nossa essa é o cúmulo do "não tô fazendo, você também". O velho poeta* dizia: "A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro na vida". A menos que você se imagine como moléculas com movimento browniano, que se chocam ao acaso, Make you day!! Outro poeta, só que castelhano,** disse: "A oportunidade é como o ferro há que se bater enquanto quente". Ora, não é desrespeito ir atrás daquilo que se quer, principalmente com o coração. Mais uma dos poetas, esse musical***: "Eu por exemplo na paixão, mesmo que tenha que sofrer eu abro o jogo e o coração e deixo o meu barco correr". Enfim, a primeira pessoa a ser respeitada é você mesmo. Seu coração vai lhe cobrar um preço alto pelo que você poderia ter feito e as cicatrizes do que se fez ele quase não se incomoda ... Isso é o que chamo de Atividade.

Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável ... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama... Amor próprio.

Engraçado, ali em cima ele disse que entender essas adversidades era AMADURECIMENTO. Agora ele se livra somente do que entende por lhe fazer mal. Essas coisas não combinam. Ele se desdisse. Como se pode amadurecer sem adversidades? Eu conheço pessoas que viveram a vida inteira dentro de conchinhas protegidas pela família, ex-marido ou por criações psicológicas suas que não cresceram. Existe outra questão também. Algumas vezes, para não dizer muitas, não estamos em capacidade de dizer o que realmente nos é bom ou ruim. Outro poeta****, agora de língua inglesa: "I was once like you are now, and I know that it’s not easy, To be calm when you’ve found something going on. But take your time, think a lot, think of everything you’ve got. For you will still be here tomorrow, but your dreams may not" (Eu fui uma vez como você é agora e sei que isso não é fácil. Fique frio quando achar que algo deve ser posto de lado. Não se apresse, pense muito, pense em tudo o que você tem ou é, porque VOCÊ estará aqui amanhã mas seus SONHOS podem não.) Isso eu chamo de Sabedoria.

Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é... Simplicidade.

Bom, a "menos pior" até agora. De qualquer forma nós somos aquilo que pensamos ou sonhamos. Não abdique disso por nada nem por ninguém. Talvez aqui se faça exceção por filhos e pais. Falo talvez porque não tenho base para análise. Outro poeta#: "Sou amante do sucesso, Nele eu mando nunca peço, Eu compro o que a infância sonhou, Se errar eu não confesso, Eu sei bem quem sou ..." e uma mulher fantástica ##: "O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos." Seja do tamanho que for, não se conforme. Conformidade leva à velhice precoce e ao tortuoso caminho de esconder os sonhos. Dói demais, não faça. Isso eu chamo de Grandiosidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.

Em primeiro lugar humildade não existe. A humildade é uma forma travestida de vaidade ao contrário. Tirando um exemplo histórico apenas que chamamos de Cristo. Toda a outra humildade tem objetivo no reconhecimento pelos outros da pessoa como "humilde" ou a concretização de grandes atos. Não existe humildade sem ninguém para reconhecê-la, não se pode ser humilde sozinho. Gandhi fez o que fez para que a Índia conseguisse sua independência em 1947. Buda criou toda uma forma de pensar e exigia, quando vivo, reverência pela sua sapiência. A humildade verdadeira de nada serve neste mundo real e não existe per se. Ela é uma concha de vaidade ou incapacidade. Isso não quer dizer que eu defenda a soberba. Nem tanto ao céu nem, tanto à terra. Querer ter razão sempre não é poder ou dever ter razão sempre mas é saber que se busca melhorar cada dia, cada pensamento. Isso, humildade, eu chamo de Retórica ...

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o Futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.

Já dizia o cientista###: "O tempo não existe justamente por nunca estarmos no presente. Presente é uma intersecção de equações que existe apenas no caderno porque já passou." É, tudo é relativo. O passado é o seu maior elo com o mundo e o futuro a sua melhor estrada com o céu. Compreender o que se passou e projetar o que ainda vem pode não ser regra mas alivia muitas das injustiças do mundo e das surpresas do destino. Torna a vida palatável. Um Filósofo grego####: "Conhece-te a ti mesmo". E isso só se faz revivendo o passado e entendendo como algo que nos é de responsabilidade. Isso eu chamo de Evolução.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar.
Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é.... Saber viver!!!

As frases finais mais parecem um panfleto doutrinário e poderiam vir em qualquer lugar escritas:
"Epitáfio de Dolores Cruz e Anjo (1845-1899) - Saudades de ti, querida mãe e esposa e saiba que
Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Tudo isso é.... Saber viver! hoje ainda sinto a sua falta."


Desculpem-me mas eu não compro pela embalagem ...


*Mário Quintana
**José Hernandez - Martim Fierro
***Toquinho - Turbilhão
****Cat Stevens - Father and Son
#Aldir Blanc - Coração Pirata
##Eleannor Roosevelt - Em discurso em 1935
###Albert Einstein
####Sócrates

quarta-feira, dezembro 14, 2005

1, 2, 3, de Oliveira 4

A idade vem chegando. À galope. Os sinais são gritantes. E quando falo gritantes estou sendo muito real. Ontem eu estava na academia, afinal o verão está aí. Claro que tudo vai ficar bom para o verão de 2007. Bom, estava eu na academia quando um desses caras que treinam para ser trabalhador do porto ou carregador de geladeiras para prédios sem elevador pediu para usar o mesmo aparelho que eu.

Saco de músculos: Olha só meu ... a gente podia revezar nos "peso" que eu não quero catabolizar ...
A raposa: É melhor não contrariar eu gosto muito do meu pelo.
O príncipe: Certo não quero te atrapalhar de jeito nenhum.

Humilde demais para mim mas era necessário. O cara teria uma aula de jiu-jitsu depois e eu não queria deixá-lo, digamos, chateado comigo.
O problema foi que ele colocou tanto peso no aparelho que eu pensei que ia quebrar. O aparelho é óbvio. Levantava e baixava aquilo suspirando alto, pior que o Guga quando saca:

Guga: Uaannnnnnn ...
Saco de músculos: Rrrrrummmm (quando puxa) Raaaaannnn (Quando solta)

Bizarro. Demais. Mas tem mulher que gosta. Ficaram umas gurias olhando para o cara. Sei lá. de repente elas pensam em cair de um prédio e querem um cara que possa segurá-las com uma mão. Ou que o carro vai ficar sem freio numa ladeira e ele vai segurar. Não sei explicar mas elas gostam. Quando ele terminava no aparelho que eu estava ia incomodar outro ali do lado, afinal ele não queria "catabolizar". E eu levava uns dois minutos para colocar no peso que eu fazia. A cara de nojo das gurias era algo. Uma delas chegou a soltar um sonoro "Pfffff" e abriu os braços como se dissesse "Este peso até minha irmãzinha faz". Tem uma escala velada de valores na academia dependendo da quantidade de anilhas que você coloca e do tipo de Gatorade que você toma. Sem Gatorade você não é nada. Nem tente.
Nesse vai e vem de colocar pesos, eu fazia as minhas séries correndo antes que o monstro voltasse e me colocasse em situação difícil. Frente às meninas é claro. E acho que numa das vezes eu devo ter colocado anilhas a mais. Porque quando puxei algo que nunca tinha se mexido no meu corpo resolveu mexer. Algum músculo que nem sabia da própria existência resolveu doer. Eu travei todo o corpo, na mesma posição, com uma dor desgraçada. Começei a ficar vermelho de dor embora não largasse o aparelho. As meninas em volta começaram a ver algo de errado. Meu rosto começou a deformar de dor. Eu sabia que não podia soltar. Era uma questão de masculinidade. A dor passou a ser insuportável e o parrudo voltou. Neste momento eu até achei bom. Meu salvador. Com uma mão aquele "homem forte" segurou os pesos e com a outra me amparou. "Me senti protegido" eheehehe
Morrendo de dor eu saí do aparelho com cara de que está tudo bem.

O príncipe: Valeu cara, deu uma fisgadinha no meu ombro. Como é teu nome?
Saco de músculos: Oliveira, sem galho.
A raposa: Meu herói .... e fisgadinha o escambal isso está doendo pacas ...

Desde então tenho olhado bem mais para o lado esquerdo do meu apartamento. Que aliás anda muito feio. O ruim é para atravessar as ruas, é um trabalhão e tanto olhar para o outro lado sem virar o pescoço.
Na saída, entretanto, comprei meu Gatorade, lembre você não é nada sem ele ...

terça-feira, dezembro 13, 2005

Anjos

Você acredita em anjos?
Uma pergunta que não tem nada de mágica. Nada de esotérica nem astral. Acreditar em anjos é tão simples como acreditar em amor, perdão, carinho etc.
Nessa época as pessoas tendem a ser mais abertas e menos resilientes a essas coisas. Isso é o chamado espírito natalino que tantos erroneamente buscam origem no consumismo desenfreado. Acreditar em espírito natalíno é algo advindo do todo, ou seja, é um período onde a sociedade, por arquetípicos modelos, se coloca numa posição de introspecção. Esse momento não pode ser rompido pela ação do indivíduo, exatamente por isso que mesmo quem não gosta vai participar de um Natal. Acreditar em anjos, por outro lado, depende intrinsecamente do indivíduo, por mais que a sociedade trilhe esse caminho.
Acreditar em anjos não significa crêr em seres com asas que podem tudo, que sentam-se ao lado do Senhor e etc. Significa acreditar que existem pessoas, que apesar de não poder tudo, podem tornar nossas dificuldades mais amenas ou mesmo transpassá-las. Ao fazer isso, essas pessoas tornam-se mais que humanos porque fizeram o que não fomos capazes de fazer. São, portanto, anjos.
Nem todas as pessoas são anjos. Aliás, muitas delas realmente não são, apesar de parecerem (Diabolous est Dei simia). E como nossa capacidade de reconhecer esses seres é inversamente proporcional ao turvar de problemas em nosso mundo material, quando estamos no fundo do poço reclamamos que eles não aparecem. Olhai para ti como se fosse outro e reconhecerás os anjos que te estendem a mão. Também não é porque esses anjos não fazem tudo o que gostaríamos que eles não fazem nada. Quando mais atolados estamos mais miraculosas as soluções buscamos e, quase sempre, não vemos a simples ajuda que é ofertada. Anjos negados perdem seu elã e acabam tornando-se pessoas normais. Algumas vezes até demônios.
Anjos são aqueles que te olham com idéias de mudanças e não com pena. São aqueles que te ajudam por carinho e não por interesse. São aqueles que te falam as verdades ainda que doa em ti e neles, se essas verdades devem ser ditas. Anjos não são os que te consolam apenas, mas aqueles que te elevam acima do que tu julgas possível, embora eles saibam que é alcançável. Esse é o vrdadeiro céu.
Ser anjo não é simples e todos já o fomos alguma vez. Manter-se anjo é sublime e leva um toque divino. Tornar-se demônio é humano, apenas humano.
Olha, portanto, para as pessoas que te cercam e verifica se, dentre elas, alguma tem aquele olhar diferente sobre a tua situação e sobre o teu problema. Pode ser um anjo que outrora negaste a mão. Anjos perdoam. Ouve-a, pois, e percebe que o carinho é a intenção e o amor o objetivo. Não há nada de sobre-humano nem irreal, mas sim puro e natural.
Não reconhecemos anjos porque estamos sempre fugindo de demônios. Demônios que, muitas vezes, habitam apenas nosso interior e apenas lá. São dos anjos os lugares do mundo. São dos anjos os afagos do corpo. São dos anjos os sustentos do coração. Tudo parece tão pequeno quando a alma se espreme e o coração geme. Mas seguir em frente é o próposito de nossa existência. Faz, portanto, de mãos dadas com teus anjos. E, quando alguém precisar de ti como anjo, sê a mão forte que alivia pela verdade ou pelo acalento e terás certeza que somos todos um neste planeta infernal.
Acredita em anjos e acredita em ti como anjo. Mas não deixe de temer aos demônios, nem mesmo àqueles que tu te transformares ...

segunda-feira, dezembro 12, 2005

It

Noite insona. Noite intensa de remexidos. Noite sem dormir problemas premidos. E vira e mexe e arruma e deita e levante e deita de novo. Nada dele. Morpheu. Levanta bebe água e deita. Levanta coloca a água para fora e deita. No tocar da uma da manhã começou. Minha respiração normalizou, meus pensamentos voaram. Tudo parecia indicar o caminho. Corpo relaxou. Entrei em vigília. Mas algo me despertou. Como se de repente algo indicasse não ser uma boa hora para dormir. Estranho. Eu nunca tinha tido aquela situação. Ainda na mesma posição e relutando para não perder o caminho abri os olhos. Algo me importunava. Meus braços e pernas estavam em transe e depois não conseguiam posição para deitar. Ao me virar no quarto escuro com apenas a luz da lua a adentrar por frestas erguidas da janela, eu vi. Vi o que nunca imaginei pudera ver. Aterrorizado me virei de um pulo na cama. E continuava vendo. Entendi então o porquê do meu corpo não se aquietar. Temos todos um sentido apurado para essas coisas. Alguns desenvolvem outros não. Entretanto eu continuava vendo. Ali, na minha frente. Sem nenhum testemunho falso. Eu mesmo não podia acreditar, diante de minha formação materialista.
Aqueles olhos a me fitar. Olhos que queriam algo muito ruim para mim. Olhos que me deixavam sem conseguir descansar. A um metro e meio de mim. No meio da escuridão. Não falavam senão pelo objetivo expresso na luz amarelada que se pareciam frente à penumbra. Meu corpo preparava-se institivamente para o perigo. Perigo contido no olhar. Eu só via o olhar. Madrugada alta e nós continuávamos a nos fitar. Eu avancei da cama na sua direção mas o olhar manteve-se distante. Na mesma velocidade com que eu me aproximava aquilo se afastava. Não compreendi. Não compreendo. Ainda agora. Depois deste fato não dormi a noite toda. Apenas nos olhando. Não podia determinar ser, apenas vulto. Nada normal. Nada inteligível. Nada aceitável. Mas verídico. Estranho. Assustador.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Carta do Príncipe para o Papai Noel

Caro Papai Noel

Devo adimitir que quando mais novo isso seria mais fácil. Acreditar tem sido um dos grandes problemas nesse ano. Acreditar que as coisas podem mudar a partir das minhas ações. Acreditar que as pessoas são o que nós esperamos. Acreditar que tudo não foi e nem é em vão. Acreditar que por maiores males que se enfrenta eles têm fim antes de nós. Acreditar que os erros foram por bons motivos e os acertos por melhores ainda. Acreditar que as lágrimas são verdadeiras. Acreditar que a distância é temporária. Acreditar que o sol nasce para todos, inclusive para mim. Acreditar nos sorrisos simplesmente porque eles são puros. Acreditar que a injustiça é só um fugaz julgamento. Acreditar que os esforços físicos e psíquicos são vistos e compreendidos e não jogados fora e simplesmente esquecidos. Acreditar que romper limites nos torna pessoas melhores e não apenas mais rancorosas. Acreditar que sempre que se diz "pode contar comigo" isso é incondicional e que quando ouvimos "eu te amo" isso tem uma única condição. Acreditar que a saudade é apenas um sintoma da vida e que ela não pode fazer ninho em minh'alma. Acreditar que contra tudo e contra todos a aurora se apressa e espantar o vazio. Acreditar que as coisas materiais não podem nos abater. Acreditar que as coisas do coração são justas e devidas. Acreditar que a essência é mais importante que a aparência. Acreditar que as pessoas têm limites mas também tem grandiosidade para ver quando devem ou não respeitá-los. Acreditar que o tempo somos nós que fazemos. Acrediatar na honestidade das pessoas e não ser apenas taxado de bobo. Acreditar em tudo o que a razão desconfia e que o coração teme. Acreditar no que o coração desconfia e a razão teme. Acreditar que temos mais para dar do que para sofrer. Acreditar no desejo. Acreditar apenas acreditar. Eu queria apenas isso Papai Noel. Que você me fizesse acreditar mais um pouco. Mais um breve momento. Isto, talvez, me seja suficiente.

Eu fui sempre eu. Eu fui mais do que deveria ter sido. Eu fui coração. Imenso. Em prata. Eu fui aquilo que esperavam que eu fosse. Me faça acreditar que isso não foi em vão. Nem por um segundo. Nem por uma lágrima ...

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Carta da Raposa para o Papai Noel

Papai Noel seu velhinho broxa mas querido da galera,

Como podes perceber estou escrevendo mesmo com a oposição veemente de várias pessoas que acham que não mereço ser ouvida. Mas se o Bush pode ganhar presente eu também posso. Fui muito vingativa e inescrupulosa durante o ano. Entretanto, devemos ter em mente que fui verdadeira aos meus princípios. Amei e odiei com a mesma força. Pensei, agi e reagi a tudo que ameaçava a mim ou ao meu amado príncipezinho. Bati e apanhei muito, mas tudo dentro do que se chama "bom combate", afinal no amor e na guerra vale tudo. Fui muito precipitada como convém a uma raposa e muito desconfiada como convém mais ainda. Não matei ninguém nem mesmo um pensamento. Deixei todos fluírem e terem abrigo dentro do meu peito. Os bons e os ruins. Fui democrática nesse sentido. Permiti ser agradada, como não devia uma raposa, e tudo me abandonou. Isso galvanizou minha idéia de que tenho que proteger o príncipe. A vida é cruel simplesmente por ter que ser vivida. Meu pelo está mais macio mas minha alma mais dura. Meu medo mais aguçado e minha confiança degenera-se quando se trata de coisas do coração. Eu sempre estive do lado de quem amo, sempre lutei por aquilo que acredito e sempre me revoltei com a displicência das pessoas com relação às outras pessoas. Fui companheira, sincera, inteira e revoltada. Fui eu e acho que isso vale pontos.
Feita a minha defesa vamos aos meus pedidos:

Coisas Materiais
Quero um porsche
Quero uma praia
Quero um abraço verdadeiro

Coisas Intelectuais
Quero um editor
Quero um colégio
Quero um doutorado

Coisas Espirituais
Quero compaixão
Quero paixão
Quero pai

Coisas do Coração
Quero o coração do Homem de Lata ...
Só isso.

Sinta-se à vontade de realizar qualquer um dos pedidos e certamente entenderás quando digo que "o que realmente tem importância é invisível aos olhos".

Obrigada
A raposa

PS. Não venha com as Renas que elas podem se assustar, afinal sou um "predador perigoso" mas traga um peru, por favor ...

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Gato Lee

As coisas mais importantes da vida ocorrem num bar. Sempre regadas a muita bobagem e algum sentido etílico para nossas vidas. No bar a vida se desenvolve conforme nossas idéias, sim porque "everyone could be a Captain Kirk" como dizia a música. Eu inclusive tenho um projeto de lei para transformar o congresso num imenso bar de domínio público, onde a cerveja seria grátis. Por mais que nós bebêssemos (e olha que conheço uma galera do arrepio quando se trata de álcool) não gastaríamos tanto quanto eles. A TV Senado e TV Câmara seriam os canais mais divertidos do mundo e, provavelmente, teríamos melhores idéias para a nação do que eles todos "sóbrios".
Mas ontem, sentado numa mesa de bar, sem nada para fazer nem ninguém para conversar, apenas me entregando aos prazeres da cerveja e dos olhos, eis que um rebuliço, uma azáfama toma conta do recinto. Fechou um pau arretado de bom na espelunca. Não sei ainda o porquê. Deve ser aquelas coisas ridículas de homem bêbado, como olhar para uma amiga com cara de pidão. Ou estufar o peito quando passa pelo cara, ou risadinhas debochadas. Enfim, qualquer coisa para testosterona com álcool. O negócio tava muito bom de assistir. Era mão na cara, cadeira nas paleta, garrafa voando, uma belezura. Até pedi outra cerveja e que desligassem a TV. Tava atrapalhando o som dos ossos estalando ao vivo. Um bando de descerebrados se dando bordoada é muito legal de ver, desde que a coisa não venha para o teu lado.
Aí é que entrou o inesperado. A paulera começou a caminhar a passos largos para o meu lado. E eu pensei, incorporando o Bruce Lee: "Vou ter que quebrar esses caras ..." estalando os dedinhos da mão. Óbvio que era fruto da cerveja. Tinha um cara, só um dos que estavam brigando, que era um armário seis portas com maleiro, tinha uma tatuagem no antebraço que dizia: "Te espero no inferno!"
Ruim né? Eu pensei uma gravata com aquele braço sendo a última coisa que eu ia ver. Muito ruim aliás.
Mas eu tinha que pensar rápido. Muito rápido. Daí olhei para o meu lado e candidamente repousava um bichano preto olhando tudo, com ar assustado como eu. Não tive dúvidas, peguei o gato pela pele de cima do pescoço e arremessei na multidão.
Lindo. O gato gritou até a queda. Não deve ter entendido nada. Como num passe de mágica ele tinha voado para dentro do rolo. Foi fantástico. O bicho, que sempre cai de pé (a menos é claro que você amarre um pão com manteiga nas suas costas), já caiu dando bordoada na galera. Pulou umas quatro vezes nas cabeças dos caras com uma selvageria que fiquei com pena. Dos trogloditas é claro. Era unha e dentada para todo o lado e ninguém entendia o que um gato estava fazendo no meio do pau. Nem o gato aliás. Só eu ria que me matava. Não deu dois minutos e o gato desfez a arruaça. Cada um com o cangote ou a cara lanhado, resolveu ver o que tava acontecendo. A pauleira parou e eu me salvei. Antes que vocês chamem a Sociedade Protetora dos Animais, o bichano não se machucou no episódio mas quando todos começaram a indagar sobre o ocorrido, alguém me dedou. Gatunamente me esgueirei para fora do bar ...
Agora mudei meu projeto de lei e quero que a brigada carregue gatos ao invés de cachorros. É bem mais efetivo, sem falar no bom humor que vai gerar vendo um bicho pulando de cabeça em cabeça gritando como um desatinado.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Interesses

A raposa - Bom dia!!! Agora levanta ...
O príncipe - O que tem de bom nele? E por que levantar?
A raposa - Ora é Dezembro ...
O príncipe - E daí?
A raposa - Final de ano, Natal, Férias ...
O príncipe - Sem grana, sem família, com destino totalmente incerto.
A raposa - Alegria, reunião, descanso.
O príncipe - Solidão, chatice, descaso ...
A raposa - Porre, mulheres e praia?
O princípe - Uma cerveja, uma mocréia e Lami Beach?
A raposa - Tá difícil hein?
O príncipe - É! Deixa eu dormir ...
A raposa - Levanta é dezembro ...
O príncipe - E daí o Papai Noel morreu 20 anos atrás. Não tem mais personagens ...
O príncipe - E ainda vou ter que ver os chatissímos filmes bíblicos, o show "inédito" do Rei e o Reveillon da RBS ... Deixa eu dormir!!
A raposa - Esqueceu a Xuxa e o Faustão na "noite da virada"
O príncipe - Ai meu Deus, viu ... vamos dormir.
A raposa - Mas onde mais a gente filaria um porquinho e um champagnezinho de graça?
O príncipe - Vou escovar os dentes ...

É só para mim ou mais alguém acha Natal e Ano Novo totalmente sem graça?
Estou aceitando sugestões ...