quarta-feira, dezembro 14, 2005

1, 2, 3, de Oliveira 4

A idade vem chegando. À galope. Os sinais são gritantes. E quando falo gritantes estou sendo muito real. Ontem eu estava na academia, afinal o verão está aí. Claro que tudo vai ficar bom para o verão de 2007. Bom, estava eu na academia quando um desses caras que treinam para ser trabalhador do porto ou carregador de geladeiras para prédios sem elevador pediu para usar o mesmo aparelho que eu.

Saco de músculos: Olha só meu ... a gente podia revezar nos "peso" que eu não quero catabolizar ...
A raposa: É melhor não contrariar eu gosto muito do meu pelo.
O príncipe: Certo não quero te atrapalhar de jeito nenhum.

Humilde demais para mim mas era necessário. O cara teria uma aula de jiu-jitsu depois e eu não queria deixá-lo, digamos, chateado comigo.
O problema foi que ele colocou tanto peso no aparelho que eu pensei que ia quebrar. O aparelho é óbvio. Levantava e baixava aquilo suspirando alto, pior que o Guga quando saca:

Guga: Uaannnnnnn ...
Saco de músculos: Rrrrrummmm (quando puxa) Raaaaannnn (Quando solta)

Bizarro. Demais. Mas tem mulher que gosta. Ficaram umas gurias olhando para o cara. Sei lá. de repente elas pensam em cair de um prédio e querem um cara que possa segurá-las com uma mão. Ou que o carro vai ficar sem freio numa ladeira e ele vai segurar. Não sei explicar mas elas gostam. Quando ele terminava no aparelho que eu estava ia incomodar outro ali do lado, afinal ele não queria "catabolizar". E eu levava uns dois minutos para colocar no peso que eu fazia. A cara de nojo das gurias era algo. Uma delas chegou a soltar um sonoro "Pfffff" e abriu os braços como se dissesse "Este peso até minha irmãzinha faz". Tem uma escala velada de valores na academia dependendo da quantidade de anilhas que você coloca e do tipo de Gatorade que você toma. Sem Gatorade você não é nada. Nem tente.
Nesse vai e vem de colocar pesos, eu fazia as minhas séries correndo antes que o monstro voltasse e me colocasse em situação difícil. Frente às meninas é claro. E acho que numa das vezes eu devo ter colocado anilhas a mais. Porque quando puxei algo que nunca tinha se mexido no meu corpo resolveu mexer. Algum músculo que nem sabia da própria existência resolveu doer. Eu travei todo o corpo, na mesma posição, com uma dor desgraçada. Começei a ficar vermelho de dor embora não largasse o aparelho. As meninas em volta começaram a ver algo de errado. Meu rosto começou a deformar de dor. Eu sabia que não podia soltar. Era uma questão de masculinidade. A dor passou a ser insuportável e o parrudo voltou. Neste momento eu até achei bom. Meu salvador. Com uma mão aquele "homem forte" segurou os pesos e com a outra me amparou. "Me senti protegido" eheehehe
Morrendo de dor eu saí do aparelho com cara de que está tudo bem.

O príncipe: Valeu cara, deu uma fisgadinha no meu ombro. Como é teu nome?
Saco de músculos: Oliveira, sem galho.
A raposa: Meu herói .... e fisgadinha o escambal isso está doendo pacas ...

Desde então tenho olhado bem mais para o lado esquerdo do meu apartamento. Que aliás anda muito feio. O ruim é para atravessar as ruas, é um trabalhão e tanto olhar para o outro lado sem virar o pescoço.
Na saída, entretanto, comprei meu Gatorade, lembre você não é nada sem ele ...

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