domingo, julho 31, 2005

Bombom

Beijo

Sobre a sombra do que um dia foi vida
ou sobre o sol escaldante que será o devaneio
algo que se sabe doce, etéreo e quase um anseio
traz ao espírito bendito a desforra aguerrida

Se o lábio traduz o grito da alma
Se os corpos perfilam-se dispostos ao nada
Se quem sente, sabe que sofre, e pasmada
Sente, sofre, sabe e não se acalma

Nos murmúrios diretos ou sofridos do corpo
Nos laços benditos e feitos do esforço
Vive a ânsia do descontrole em um sopro

Nunca pode restringir-se o algúrio e o ensejo
Nem pode perder-se ou sofrer pelo desejo
Treme e se entrega apenas e sempre, a um beijo




Chocolate

Desde cedo pertence ao sonho de quem nada conhece
Perfeito prazer de sentir o sabor sempre doce
Sobre a língua derrete, muta e esmaece
Flores em verdes campos de verão se assim fosse

Anda na trilha do tempo com a guia do sol e a lua
Passa a estrada deserta, difícil e, às vezes, vazia
Mas lá ainda repousa, sóbrio em memória sua
O que pelo gosto retorna, acalma e sacia

De símbolo desejoso do interesse pueril
Ao escândalo sensual presente e mortal
Transforma-se assim em sentimento brasil

Coloca de lado o olhar de criança
E toma sem pressa, sempre sem medo
Este convite sôfrego para última dança.

sexta-feira, julho 29, 2005

Confissão

eu já fui homem de mulher de noite
eu já tive caso com mulher casada
eu já corri de marido traído
eu já morei em quatro estados
eu já viajei o mundo todo
eu já andei no meio de deserto
eu já estive em locais onde o perigo é apenas o menor dos males
eu já andei de noite em favela
eu já fui a terreiro de umbanda
eu já freqüentei sermão católico
eu já gozei gostando, e não gozei fingindo
eu já encantei platéias, e já fui vaiado pelas pessoas que me amam
eu já tive inimigos que me ameaçaram de morte
eu já tive amores que me provocaram ciúmes
eu já passei fome sozinho e com amigos
eu perdi um pai que se suicidou e eu tive que recolher o corpo
eu tenho amigos com AIDS
eu tive familiares que morreram gritando de câncer
eu vi tudo isso
eu passei pela vida vendo e olhando a minha dor
e a dos outros
eu senti os meus motivos e o dos outros
eu aprendi a dizer sim e não
e também a entender o talvez
eu sei o que é caminhar na neve no Central Park
e caminhar na lama em Bombaim
eu sei o que é apanhar de quinze homens
e de uma única mulher
eu comi comida francesa no Quartier Latin
e comi cachorro de um real em Porto Alegre
eu tive casa, carro e dinheiro
e também tive muitos desgostos com isso
eu tenho uma família riquíssima
e hoje não estou nada bem de grana
eu amei meus amigos, homens e mulheres
eu odiei meus inimigos, homens e mulheres
eu matei uma pessoa, eu dei a luz à outra
eu tenho um irmão com uma doença grave
eu tenho uma irmã que me faz falta
eu tenho uma mãe que não fecha comigo
eu não tenho mais um pai, mas ele não fechava comigo
eu choro sozinho de noite
eu tenho medo de não fazer o que posso
de não ter tempo de ser o que sei ser
eu tenho medo de não corresponder às pessoas que me cercam
eu tenho medo de corresponder a elas
eu tenho uma vida pela frente
e eu tenho um passado pelas costas
ambos se encontram em mim hoje
e acho que não é você que pode ou não me julgar
pode ou não me dizer o que falta
o que posso ou não fazer
acho que não tem o direito disso
acho que não tem capacidade para isso
acho que não tem experiência para isso
acho que não tem coragem para isso
não tente agir comigo como com qualquer pessoa
pois não sou, e não tenho vontade de ser
o que funciona com os outros não funcionará comigo
por trás de tudo isso que te contei
tem um príncipe meigo, carinhoso, dócil e muito infantil que, certamente, peca por ser ingênuo
e tem uma raposa venenosa, sarcástica, metódica e vingativa que não mede esforços para ferir quem magoou o príncipe
cuidado para não encontrá-los
não sei com qual deles você se encantaria mais
e não sei de qual deles você deveria ter mais medo

quarta-feira, julho 27, 2005

Pestana

Ainda existem pessoas que se auto-medicam, realmente isso é impressionante. A indústria farmacêutica tem se tornado tão moderna que é um risco cada vez maior tomar algo sem a total noção dos seus efeitos. É bem verdade que pesquisas recentes do próprio Conselho Nacional de Medicina mostram que boa parte dos médicos não tem o apropriado conhecimento sobre os fármacos que usam. Então como resolver o problema? Simples, não tome nada. Confie na fé, no poder das terapias holísticas e na cura pela imposição das mãos. Ficar quatro horas olhando para um papel amarelo e cheirando sândalo não vai melhorar em nada sua condição de saúde física, mas se você acredita em força da mente duas coisas podem acontecer. Uma é você ficar tão entediado com isso que vai querer se curar só para não ver mais o amarelo e a outra é entediar tanto os agentes causadores do mal (microorganismos) que eles resolvem te abandonar por vontade própria. É óbvio que isso é quase impossível, tanto quanto estas terapias funcionarem. Quem acredita em milagres que continue, eu acredito na ciência.
Grande parte dos problemas está no fato das pessoas mesmo sendo aconselhadas por um médico, simplesmente não seguirem as orientações. Ontem fiquei sabendo que um amigo salvou sua vida apesar de não ouvir o médico. Aliás, colocou sua vida em risco por isso e salvou-se pelo "milagre". A médica dele mandou que tomasse um quarto de uma certa droga antes de dormir, à noite. Explicou para ele que deveria dividir o comprimido em quatro e tomar depois do trabalho, de preferência deitado. Sinceramente, se alguém diz tudo isso não deve ser à toa, do tipo de droga que se o cara toma na cozinha não chega no quarto. Ele não comprou o comprimido naquele dia e apenas adquiriu a droga dois dias depois. O que fez? resolveu tirar o tempo perdido. Levantou de manhã e tomou um comprimido inteiro, direto. Ele é professor de uma universidade no Rio Grande do Sul. Tinha aula numa cidade próxima chamada Guaíba, distante não mais que trinta minutos do centro de Porto Alegre. Ele parou três vezes na estrada, entre Porto Alegre e Guaíba, para dormir no carro. Diz ele que quando acordava no acostamento, babando no volante, via os motoristas olhando apavorados para o carro dele. Também pudera, três da tarde, você vê um corpo desfalecido dentro de um carro no acostamento de uma estrada, é de ficar preocupado. Ele acordava e tentava de novo. Dirigia por quinze minutos e tinha que tirar uma soneca de novo. Detalhe importante, ele tinha aula apenas as seis da tarde. Saiu às duas! Quando conseguiu chegar na universidade sentou na secretaria e babou por quase quatro horas na mesa da diretora de departamento. Não conseguiu dar aula. E a diretora ficou tão impressionada com o fato que pediu que os alunos comprovassem por si mesmos o estado deplorável do professor, inconsciente na secretária. Perguntaram quem tinha batido nele. Não vendo sinais de agressão desistiram da tese. Perguntaram com quem tinha passado a noite passada com ele. Pelo estado da criatura, a pergunta certa seria com quantas dúzias ele passou! Teve gaiato que até pediu o telefone "da moça". Teve gente tirando foto do lado da boca aberta e com a cabeça despencada para trás do pobre professor. Gente que garante que vai passar na cadeira senão coloca essas fotos no site da universidade. Zoação geral. O pior é que a chefe de departamento teve que levá-lo para casa, visto que nem andar ele conseguia. Segundo ela, ele ronca feito um porco. Ela tentava ouvir o rádio do carro e quase não conseguia dirigir. Ligou para a mulher dele apenas para desovar o corpo. Acho que o remédio era de uso veterinário. Não pode algo fazer tudo isso. Foram quase vinte e quatro horas de sono ferrado. Ele não pôde nem negar o fato. Sorte que não foi na noite, senão salafra ia se aproveitar, afinal ele estava mais que bêbado. Se de bêbado não tem dono, imagina de narcoleptizado. Ele jurou que nunca mais ia desobedecer o médico. Ontem me ligou perguntando se eu sabia o que aconteceria se ele tomasse dois viagras inteiros. Respondi, sem pensar: "ao menos tu vai conseguir dar aula, agora se alguém vai conseguir assistir é outro papo. Eu não quero ficar na tua frente quando isso acontecer ..."
Tem gente que não aprende mesmo!

terça-feira, julho 26, 2005

Que atirem a primeira pedra

A história recente do Brasil tem mostrado coisas alucinantes. Algumas delas estavam postas na nossa cara desde o descobrimento quase. Outras fazem parte dos arquétipos de pensamento dos homens. Refiro-me, aqui, à posição das ex-mulheres. É impressionante como o amor pode virar ódio no coração das mulheres. Desde o famigerado Pitta até Valério e cia., as CPI's têm contado com um suprimento adicional de denúncias, sempre vindas das "ex's". Vamos deixar claro uma coisa, no meu ponto de vista, essas pessoas mereceriam a morte por enforcamento sumário. Porque são o que de mais falso e salafrário existe na face da Terra. Em primeiro lugar, ferraram o povo, crime lesa-pátria, enquanto eram exposas dos políticos corruptos, aproveitando e não reclamando quando o dinheiro jorrava. Aqui, não houve patriotismo. Aqui, não pensaram no "leitinho das crianças brasileiras". Apenas aproveitaram o que o dinheiro sujo poderia oferecer, sem oposição ou com discordância mínima. Entretanto, quando a maré muda, ou seja, quando elas não gozam mais do status de "atual" e, portanto, não usufruem mais das benesses do dinheiro fácil, aí tratam os "ex's" como se fossem os canalhas mais sórdidos do Brasil e como se sempre tivessem realizado seus atos por cima da vontade delas. Trocando em miúdos, quando o dinheiro deixa de afluir para o seu bel-prazer então canalizam a raiva do fim do relacionamento somada à, possível, existência de uma outra mulher nos braços e bolsos do ex-marido e se tranformam em paladinas da justiça e defensoras do Brasil, contando e revelando tudo, como se exteriores ao problemas elas estivessem, sempre. Daí repito, dupla traição com gostinho de vingança sórdida e pitadas de choro e desapego material. Tudo mentira. Estas pessoas deveriam ser colocadas como cúmplices dos maridos, atenuadas suas culpas como bem faz a justiça, mas indiciadas sim.
Refletindo um pouco sobre a questão é possível entender a razão de tal ódio. As mulheres, como condição básica da natureza, são responsáveis pela mais importante função da natureza, a reprodução. Todo aquele que tem o mínimo de conhecimento de antropologia ou psicologia sabe que são elas que escolhem o parceiro para a reprodução, no caso o casamento ou "ajuntamento", como está na moda. Esse papo de homem escolher não passa de bravata machista que não se sustenta perante um olhar crítico e consciencioso. Bom, o pensamento feminino, no entanto, não é tão simples e, ao invés, de ficarem patentes os resultados da escolha, elas realizam sempre as possibilidades da perda. Explicando melhor, a mulher em vez de pensar que ganhou uma vida ao lado do escolhido, pensa, em realidade, nas vidas que perdeu se tivesse escolhido fulano ou beltrano para o seu lado. Materializam psicologicamente não os benefícios da escolha (e claro que também os malefícios) mas sim as perdidas chances de usufruir ou sentir coisas que poderiam ter sido geradas por outras decisões. Escolher, para uma mulher, não significa ganhar aquilo e sim, perder todo o resto. Quando o relacionamento acaba, o ódio por ter "desperdiçado" tempo com a pessoa transmuta-se em indignação pela "má" e "inadvertida" tomada deste e não daquele caminho. Assim o ex assume o papel de quase um anti-cristo. Como se tivesse roubado não só tempo e sentimentos, mas também a possibilidade de ela ser feliz ao lado de outra pessoa. Destarte, o ódio é conseqüência direta da inadequação à nova realidade e ao inerte sentimento de que "não valeu à pena". É importante lembrar que um relacionamento, salvo casos doentios, não se faz com o consentimento exclusivo de um dos lados, e sim com o assentimento, ainda que tácito, de ambos. Assim, que se punam essas ex-traidoras por terem aproveitado e "cuspido no prato em que comeram". A pior falha do ser humano é a falta de caráter, estas demonstraram a ter em profusão então, a forca!

segunda-feira, julho 25, 2005

O Grito

"Entre a dor e o nada eu prefiro a dor." William Faulkner (1897-1962)

Quem disse isso realmente nunca sofreu de enxaqueca. Cinco horas de dor ininterrupta, rolando na cama e sentindo a respiração descompassada. Dor pela luz. Fotofobia chamam os médicos. Eu chamo de desespero. Os membros inferiores sofrem de uma espécie de espasmo, sem conseguir paz. Teu corpo responde unicamente ao grito que vem de tua mente. Dor. A cabeça lateja de uma forma que os pensamentos não passam de um grande vácuo imerso num universo de desespero.
Amanheceu e eu continuava chorando angustiado pelo pulsar de meu cérebro em agonia.

Nesse momento o nada seria bem vindo.

domingo, julho 24, 2005

Terra do Nunca

Tem coisas que não nos saem da memória. Lembro-me, como se fosse ontem, de um tombo que levei na infância, quando tinha uns cinco anos. Ganhei uma fantasia de Homem-Aranha, subi numa árvore e pulei de um galho para outro tentando me agarrar. Confiei na fantasia. Ela não funcionou. Como último recurso, enquanto caía, tentei jogar a teia. Também não funcionou. Minha mãe tinha sentido-aranha, quando ela me viu subindo na árvore disse baixinho "vai dar merda!". Deu. Me estatelei no chão. De boca. O choro foi algo. Nunca fui forte para dor, mas naquele momento meu pranto era de raiva. A fantasia tinha dado defeito. Eu queria trocar. Sorte que não ganhei a do Super-Homem, ou do Aquaman.
O tombo foi uma amostra do que pode acontecer quando confiamos em fantasias. O problema é que nunca aprendemos. Tem gente que compra carro pensando que é o Senna. Que compra arma pensando ser o Billy the kid. Tem gente que vai malhar ou faz alguma luta querendo ser o Bruce Lee. Estas fantasias acabam não atingindo o seu objetivo por impossiblidade física. Nos é mais fácil entender que nunca poderemos guiar como o Senna, por exemplo. Quem não entende, morre como ele, aliás ...
Mas e quanto à aquelas fantasias psicológicas? Gente que faz plástica pensando em ser a Marylin Monroe, toma bomba pensando em ser Jean Claude Van Damme? Essas são terríveis. Pois você se mata aos poucos tentando alcançar algo inatingível. Como se o corpo levasse anos para cair da árvore. Décadas até. Contudo, o tombo é muito pior, quase sempre sem volta. Trata-se de uma desilusão que machuca o âmago do indivíduo.
Alguém pensará "essas são as piores ilusões da vida". Eu diria que não. Existem um grupo mais perigoso ainda, cujos efeitos são mais rápidos e devastadores. O tombo é sempre mais perigoso porque está mais perto. São as fantasias que temos todos os dias. Aquela do amor perfeito, do dinheiro que vai resolver todos os problemas, do reconhecimento profissional, das amizades sempre verdadeiras ...
Essas nos martirizam pouco a pouco. Ininterruptamente. Como uma eterna sensação de queda. Um pouco a cada dia. Cada coisa que descobrimos de ruim na vida, nos coloca mais distantes destes pequenos e palpáveis objetivos. Isso é quase mais que uma tortura. A tortura da vida. Conseguir e depois perder. Alcançar para que escorra por entre nossos dedos. Agarrar firmemente e ver sublimar-se ante nossos olhos. Desilusões, sempre desilusões.
Quando crianças tínhamos nosso queridos pais que, de certa forma, nos avisavam disso, diminuindo muito a dor da desilusão. O sentido-aranha. Sempre minorando ou mesmo contendo a desilusão. Uma forma mágica de demonstrar amor que só compreendemos quando tomamos os papéis de pais. Quando o véu da vida se descortina sobre os olhos de uma criança, tirando-lhe a inocência e a fantasia, ela se torna mais dura. A vida e a criança. E, neste exato momento, os pais choram. Seus filhos estão começando a tombar na vida e você percebe que não pode fazer nada. Ainda resta o colo, o ombro e as incontidas lágrimas. Sempre vindas de quem sente e quem sente por não poder sentir no lugar de quem está sentindo. Pais e filhos.
A vida acaba por nos mostrar que os tombos de boca eram a melhor coisa que poderíamos querer, principalmente se fossem seguidos de colo e beijos.
Cada dia parece que caímos de uma altura maior. De tal sorte que depois de 80 anos de quedas o impacto final tem gostinho de descanso. Suave ternura daquilo que esperamos voltar à acontecer. O abraço e o carinho pondo fim nas desilusões. Eu queria a Sininho com o rosto dos meus pais.
Deixo abaixo um poeta maior que soube dizer isso com tamanha beleza que me sinto na obrigação de pedir que leiam até o final este post e "batam palmas" se acreditarem que é possível ... exatamente como na terra do nunca.

Valsa Para Uma Menininha
Toquinho

Menininha do meu coração,
Eu só quero você a três palmos do chão.
Menininha não cresça mais não,
Fique pequenininha na minha canção.

Senhorinha levada, batendo palminha,
Fingindo assustada do bicho-papão.
Menininha, que graça é você,
Uma coisinha assim, começando a viver.

Fique assim, meu amor, sem crescer,
Porque o mundo é ruim, é ruim, e você
Vai sofrer de repente uma desilusão
Porque a vida somente é seu bicho-papão.

Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei.
E também não se esqueça de mim ...
Quando você souber, enfim, De tudo que eu amei.

sábado, julho 23, 2005

Papo de Raposa

A caça: Tu me ama?
A Raposa: Amo ...
A caça: Muito?
A Raposa: Muito ...
A caça: Muito muito?
A Raposa: (bufo) Sim ...
A caça: Me diz o quanto?
A Raposa: Multiplique as gotas do oceano pelas lágrimas que sentirei se me deixares ...
A caça: Nossa! Lindo. Tu me ama mesmo ...
A Raposa: Amo, agora dá para tirar a calça?
A caça: Mas tu não vai só me usar?
A Raposa: Não, capaz ... (beijos, fungadas, mãos para lá, para cá etc.)
A caça: Tem certeza?
A Raposa: Claro! Eu sou diferente ... gosto muito de ti ...
A caça: Verdade?
A Raposa: Com certeza, agora da para tirar a calcinha?
A caça: Mas eu sou a única não é?
O Príncipe: Olha não é, mas eu to precisando tanto ...
A Raposa: Trouxa, ela tava no papo! E olha que corpo ...
O Príncipe: Enroladora ... inescrupulosa ... sem sentimentos ... enganadora
A Raposa: Olha que gostosa ela é ...
O Príncipe: (... suspiro ...) vou dormir, amanhã você me chama
A Raposa: (largo sorriso) Festa!!!! Te amo linda, de paixão agora vem cá!
O Príncipe: Ei! Escuta ...
A Raposa: O que é empaca-foda?
O Príncipe: Usa camisinha tá? E não fluorescente ok?
A Raposa: Ok! Mas amanhã tu liga para ela que eu não quero nem falar ...
O Príncipe: Eu sei, eu sempre ligo.

Vontade é coisa que não se segura.
Caráter é coisa que se aprende na infância
Responsabilidade é coisa que se aprende quando adulto
Amor se conhece quando os corpos não forem mais jovens ... até lá que reine o desejo e o carinho combinados com a amizade e o encantamento cercado de muito respeito. Pelo menos do Príncipe, já que a Raposa não presta mesmo ...

quinta-feira, julho 21, 2005

"Môr di cão"

Minha cachorra entrou no cio. Linda, branca, de raça (akita) cuidada, educada, tem um metro e sessenta de pé. É tão educada que não late em casa e não faz suas necessidades dentro do apartamento. Pede para sair. Tanto que não a chamo de cachorra ela é uma "cã" de raça. Tomou banho para se preparar para o pretendente. Fui falar com o veterinário. Quero um macho garanhão. Tem que falar poesia, tem que pegar com força, tem que casar e ela tem que gostar. Ele me disse que entre cachorros isso não existe. Pensei, que mundo cão o dos cachorros. Tudo bem, mas ele tem que ser grande e forte. O veterinário disse que sim, porque a fêmea fica uma semana pronta para reproduzir mas só vai deixar o coito (que palavra horrorosa!) em um dia. Perguntei como seria o processo. O veterinário disse que o macho é levado até o lugar onde está a fêmea e fica fazendo a corte. Pensei que ele ia levá-la para jantar, romanticamente os dois no pote, depois uma festinha. Ouvindo U2 para cachorros, dança junto, olho no olho etc. O veterinário disse não, que não é assim. Pensei de novo, que mundo cão este dos cachorros. O veterinário disse que o macho vai para lá e apanha "que nem boi ladrão" durante seis dias para no sétimo conseguir algo. Eu pensei que minha cachorra vai matar o macho a laço. Ela é um dengo com pessoas, minha afilhada tira comida da boca dela, mas com outros cachorros não consegue nem olhar. Semana passada quase que eu não tirei um poodle da boca dela, mesmo dizendo que não era comida. Ela é uma fúria. Por isso, disse o veterinário, que o macho tem que ser grande. Vai apanhar muito até conseguir algo. Pensei de novo, que mundo cão este dos cachorros. Eu não toparia uma coisa destas. Imagina, apanhar para quem sabe conseguir algo.
O sábio veterinário me disse: "É como se a Luma de Oliveira te levasse para a casa dela e te batesse durante seis dias para depois transar umas quatro horas como uma loba com você!".
Pensei imediatamente que mundo cão esse nosso! Onde eu assino! Eu toparia isso com a Luma, afinal, o que são seis dias ininterruptos de pancadinhas de amor. Se rolar mordida então, nossa! Eu nunca vou apanhar da Luma de Oliveira, a possibilidade de transar então ...
Quando a idéia apareceu eu percebi como são inteligentes esses cachorros.
Alguém quer bater?

*"Apanhar que nem boi ladrão" é uma expressão sulina equivalente a apanhar muito, levar uma sova, uma surra, uma sumanta enfim ... dói pacas

quarta-feira, julho 20, 2005

Admirável Mundo Novo

Ontem as coisas se tornaram diferentes para mim. Duas novidades me deixaram pensativo. Uma pensativo demais e a outra de menos.
Em primeiro lugar dancei funk. Sempre tive muito respeito pelas alegorias culturais vindas de qualquer canto do planeta. É parte da bagagem que você recebe por viajar e/ou estudar a área de humanas. Devo confessar porém que isto nunca se tornou afável aos meus ouvidos. Funk eu acho profundamente feio o ritmo, a linguagem, as apelações e a melodia. Respeito, mas não gosto. Ou melhor não gostava.
Não sei se foram as tequilas, oito. Se foram as meninas dançando "Tô ficando atoladinha!", três ou simplesmente tudo isso. Mas elas não tinham coluna. Faziam uns movimentos humanamente impossíveis de serem imitados. Se não tinham coluna vertebral tinham, ao menos, outros atrativos visuais. Como os homens somos influenciáveis. Por favor, elas tinham argumentos bem persuasivos! Eu vi todos eles. Simplesmente dancei também. Por favor não espalhem pois não quero perder "a minha fama de mau". Conto só para vocês e peço discrição. Prometi nunca mais dançar funk, sem elas por perto. Pretendo cumprir.
Depois me apresentaram uma novidade vinda "das Europas". Experimentei uma camisinha fluorescente. Um desastre completo. Quando coloquei aquilo não consegui tirar os olhos dele que ficou envergonhado e acabou se recolhendo. Acho que ele não gosta de luzes. Quando novamente pude convencê-lo a fazer o seu trabalho a coisa foi pior. Eu me senti um cavaleiro Jedi com um sabre de luz. Nossa!! Só vinha na minha cabeça o mestre Yoda falando: "Concentração é a chave. Se transar você quer ereto ele precisa estar"
A força me abandonou. Não sem antes eu apagar a luz do quarto e brincar um pouco com o sabre. Fazendo até barulhinho: "uóooooounnnn!"
Me diverti pacas. Acho que ela não gostou muito. Paciência, eu sou do tempo do lançamento do Star Wars e no meu tempo de guri um sabre de luz era tudo o que a gente queria. Ao menos ela me realizou um sonho de criança.
Depois dormi como um Ewok! Feliz da vida, ao menos de minha parte ...

terça-feira, julho 19, 2005

"Anemal"

Conheço muitas pessoas que são fantásticas e que fazem jiu-jitsu. Digo isso porque vem reinando na sociedade uma certa neura com relação aos praticantes desta arte. Precisamos fazer uma diferença entre o esportista e o lutador de rua. Para aqueles que levam as porradas não há muito o que dizer, mas para a sociedade cabe esclarecimento. Jiu-jitsu (e não sou praticante disso) quer dizer em japonês "o caminho da beleza" ou algo parecido, dependendo das traduções. Isso é um esporte maravilhoso como também a natação, a corrida ou o xadrez. Entretanto, existem pessoas que o fazem apenas pelo culto ao corpo e pela vontade de esmurrar alguém. Esses deveriam ser presos. Noite passada encontrei um desses tatame-boys que se acham sedutores. O pior é que tem mulher que dá bola para isso, transformando o cara numa máquina de puxar ferro, falar bobagem e bater em pessoas. Ainda bem que na net não tem soco. As coisas devem ser resolvidas com o cérebro. Isso, infelizmente, ele não tinha. Uma grande amiga pediu que eu entrasse na conversa porque o cara estava apurrinhando, me fiz de namorado. Olha o papo do marrento pelo msn ...

O príncipe: Quem é você?
Tatame-boy: Tua mulher que pediu para eu perguntar se ela ta disponivel pra mi agora o que acha ? Vc tem certeza que ela é fiel a vc ? (sic)
O príncipe: Tenho tanta quanto tu é um otário.
Tatame-boy: Como vc é burro cara quer uma prova que eu tenho aqui que ela é de muitos ...
O príncipe: Pois guarda para ti imbecil!
Tatame-boy: Ja peguei ela de tudo quanto é jeito...hehehe
O príncipe: Que bom! Ao menos sabe que é gostosa e se tu pegou agora cai fora que ela não quer mais nada!
Tatame-boy: Tem certeza que ela não quer mais hehe. pera ai vou te mostrar ...
O príncipe: Mostra então! Aí te dou algum crédito. Senão é mais um dos otários que ficam me apurrinhando. Agora mostra logo ou não me ocupa o tempo gurizão
Tatame-boy: Calma to procurando meu arquivo de mulheres é muito grande calma hehe. To com pena dela hehe?. Vc acha mesmo que eu to procupado com essa vadia vc não sabe de nada hehe, cuidado vc ira se surpriender hehe? (sic)
O príncipe: Vadia é a senhora sua mãe com todo o respeito que eu devo a ela, mas não a você
Tatame-boy: Pera ai vou te mandar fotos de nos dois transando pera ai... (sic)
As fotos nunca vieram porque não existem
Coloquei a amiga na conversa, só para ver o papo dele
O príncipe: Vamos lá! Vamos ver o que ta acontecendo aqui!!!
Tatame-boy: Que isso uma melhor de tres hehe (sic)
O príncipe: Cidadão do jiu-jitsu, te manifesta. Tem o quê na manga para mostrar?
Tatame-boy: Quer tentar um tatame???
A raposa: Nunca! Até macaco burro usa pedaço de pau. Eu usaria outras formas para me livrar de ti, se fosse o caso. E se não pudesse, sei quem ou quantos podem. Agora pára com a palhaçada de guri e fala o que tem duma vez ou desentoca.
Tatame-boy: Vc não me ofende com essas palavras GURI, eu sou mais eu olha a minha foto ai, sou um sucesso com a mulherada. ve se eu fico perdendo meu tempo com a (nome preservado)...esse é o apelido dela na roda de meus amigos depois lhe conto porque hehehehe (sic)
A raposa: Marrento. E ainda não tem nada para mostrar. Cara vai levantar alteres e tentar ser um sucesso com a mulherada. Porque se não der só vai sobrar se abraçar com os lutadores de jiu jitsu. Tu curte ter um cara forte suando no meio das tuas pernas?
Tatame-boy: Vem suar comigo vc não passa de 10 segundos hehe? (sic)
A raposa: Eu sou homem e não um cachorro de rinha.
Tatame-boy: Ta babando por causa da (nome preservado)? hehe a alegria da moçada ?? To com pena de vc nene, ja pensou se ele descobre tudo que vc faz?? (sic).
Tatame-boy: Vc tem Orkut..me passa ai que vou deixar alguns recadinhos la pro ce passa vai se você for homem... (sic)
Tatame-boy: Nossa agora percebi que quem é a tonta da historia e ela e não você GARANHão hehe vc até tem la amigas minhas em sua página hehe, cara para de tapiar ela, como ela é ingenua hehe e tonta hhe (sic)
A raposa: Em primeiro lugar, não existem minhas ou tuas amigas e em segundo lugar quem está tentando tapear alguém aqui é tu. Então coloca a viola no saco e vai para as "gatinhas"
Tatame-boy: Ei (nome preservado)!! Esse cara só ta te tapiando olha o orkut dele ele é um safado tadinha tenho muita pena de vc... Eu pelo menos assumo que sou de todas sou um galinhão de mão cheia que quer se não quer tem quem quuer tenho a mulher que eu quero a hora que eu quero ok...hehe (...)
A raposa: Que bom, bato palmas agora vai andar, desencana!
Tatame-boy: Mais ela gosta de dar é para caras safados mesmos iguais a nós hehe?
A raposa: Olha cara, não sou igual a você. Aliás tem um abismo de diferença entre nós, se é que sabe o que é abismo.
Tatame-boy: E a debora e a carolina heim hummmmm elas são demais heim.
São minhas amigas que ele está dando uma de galo, se elas sabem ficam indignadas. Desculpem meninas eu adoro vocês!
Tatame-boy: A (Nome preservado) não só comi como arrombei eu e todos la da academia tonto. É só eu atravessar a rua tenho varias querendo dar pra mim hehe (sic)
A raposa: Erro de digitação é diferente de falta de cultura tatame-boy.
Tatame-boy: Sou formado em tres faculdades babaca, ADMINISTRAÇÃO, música e literatura então menos, tá
A raposa: Cara quando for "comer as gatinhas" usa camisinha. Só não faz filho, pelo amor de Deus, porque ninguém precisa dos teus genes por aí. Um imbecil já é suficiente!
Tatame-boy: Vou te detonar no orkut me aguarde seu babaca vc compro briga com gente grande me aguarde ??? (sic).
Tatame-boy: cara fica falando ai com essa inergumena vai, vocês se merecem usa ela la que ela gosta amanha te mando as fotos ok...fui;;; (sic)
A raposa: "Energúmena", "anemal"!

Depois disso ele desconectou. Acho que tentou dar um mata-leão no monitor ou esmurrar o teclado.
O pior é que tem mulher que acha isso bonito. Tem mulher que acha o cara lindo. Deve ter até quem realmente sinta atração por ele. Se vocês, mulheres, não dessem bola ele não seria assim e teria estudado. Sem generalizações, claro. Mas que tem, tem.
Depois disso eu tenho recebido mensagens e scraps indescentes, minhas amigas também. Não tem problema não fico chateado com aquilo que não é real!

segunda-feira, julho 18, 2005

O Príncipe

Ser príncipe é acima de tudo acreditar. É acreditar no amanhã como se hoje ele fosse. É acreditar que a lagarta tornar-se-á borboleta, amar a lagarta antes da borboleta. É preocupar-se com a rosa, por nada ou por qualquer coisa, mas preocupar-se com todo o seu ser. Ser príncipe é olhar a tempestade e ver a beleza dos ventos. É não entender porque eles existem mas impressionar-se com sua força e entregar-se ao seu movimento. É acreditar que alguém pode fazer um carneiro para você, dentro de uma caixa que seja. Ser príncipe é estar em desacordo com você mesmo, ouvindo sempre o seu coração. É sofrer pelas pessoas sem que elas saibam disso. Ser príncipe é ter um coração imenso e que se reconstrói, sempre. É entender que este mundo é imperfeito, que as pessoas são imperfeitas por isso você perdôa. Ser príncipe é encantar com um olhar. Aquecer com um toque. E nunca mais deixar. Ser príncipe é mudar a realidade das pessoas pela simples existência sua. Um sorriso, um olhar, um abraço. Qualquer diminuta fração da sua alegria serve de combustível para o fogo que se apaga no mundo. É ser fonte inesgotável de energia, sem saber controlá-la.
Ser príncipe é ser reconhecido como tal. É cercar-se das coisas boas mas não por luxúria e sim para compartilhá-las. Ser príncipe é ser teimoso. Teimar com o mundo. Contra tudo e contra todos. É ser sugestivo, direto e nada discreto. Ser príncipe é não ser rei, entretanto, saber que um dia será. É ter responsabilidade de rei, vontade de leão e "coração de estudante". Ser príncipe é ver as coisas com um fundo azul com bolinhas cor-de-rosa e fazer as pessoas acreditarem em você. Um príncipe chora mas não se desespera. Repreende mas não determina. Encoleriza-se mas não odeia. Os sentimentos partem de você mas nunca se restringem ao teu ser. Tomam o mundo a tua volta. Atacam as pessoas mais incautas. Ser príncipe é ser carente. Carente de tudo o que faça a vida ser mais aconchegante.
Dois príncipes nunca reinam no mesmo reino, portanto ser príncipe é ser sozinho. Não existem dois pólos dispersores, eles se acabariam e a energia seria perdida. Ser príncipe é ser o sol, constante, energético, distante e sozinho. Enquanto queimarem os sentimentos dentro de tua alma o mundo pode esperar sempre um sorriso em meio ao desespero, mas você espera que este sorriso seja o último. No fundo sabe que precisa do desespero senão porquê ser príncipe? Prisma que difrata e espalha a luz sem ninguém que a precise? A natureza é sábia demais ...
Eu sou príncipe. E você?

sábado, julho 16, 2005

A Raposa

A essência da raposa prevê necessariamente uma certa inconformidade com o mundo. Ser raposa significa estar sempre em desacordo com o mundo e com as pessoas que o rodeiam. Estar em desacordo não significa estar em rivalidade ou mesmo em franca disputa. Mas é estar sempre num estranhamento, buscando cada dia uma ponta de adequação com uma realidade que é sempre modificada em padrões que fogem à nossa compreensão. Ser raposa significa prestar à atenção em todos os sinais em sua volta para extrair do mundo o melhor que ele pode te dar. Ser raposa significa buscar sempre se proteger do mal que podem lhe fazer pela simples existência sua. Ser raposa é chorar por uma rosa e matar um filhote com a mesma naturalidade. Ser raposa é saber ser diferente para atacar e igual para se esconder. É viver pensando no dia de amanhã, por vontade que este dia chegue e por crença em você poder alcançá-lo. É entender a dor alheia mas sentir apenas a sua.
Ser raposa é permitir que passem a mão em teu pelo apenas pelo prazer do toque, mas nunca permitir que te alimentem pelo medo da necessidade. Ser raposa é perceber nas cores o calor do sol e perceber na noite o brilho da lua sem ter favorito. Ser raposa é saber-se finito a cada, e em qualquer, momento, mas também é ter medo aterrador do que seja este fim. Ser raposa é ter medo sim, sem jamais demonstrar. Ser raposa é acreditar que o mundo está posto e conspira contra você. Você deve apenas aprender a embalá-lo, fazê-lo dormir para sair dele ileso. É saber que antes de mais nada sua existência é necessária e sua dor não. É fitar as estrelas apenas quando elas se refletem num lago sob o sol da BlueMoon.
Eu sou raposa. E você?

quinta-feira, julho 14, 2005

Capote

Homens, tacos e bolas. Cervejas, risadas e mais risadas. Esse é o ambiente da sinuca. Com alguns amigos, descobri coisas interessantíssimas sobre mim, sobre a sinuca e sobre a vida na última terça. Em primeiro lugar percebi que me falta técnica, experiência e talento para a sinuca mas me sobra auto-confiança. Em seguida percebi o quanto precisamos de ajuda, na sinuca e na vida. Tudo pode ser motivo de erro, o taco, a bola, enfim tudo, mas o amigo que te dá força e que te apóia continua ali. É bem verdade que de longe, afastado do ato mas não das consequências. Amigos são assim. Não podem tomar decisões por nós mas enfrentarão as consequências ou não são amigos. Minha vez de jogar. Não sei o que fazer. Tomo mais uma cerveja e tudo começa a melhorar. É assim na vida também. Por vezes o caminho não é claro mas precisamos de uma dose de coragem e ousadia acompanhada de pingos de fantasia criadora. O álcool faz isso. Na vida acho que é o amor. A tacada foi horrorosa. Nada deu certo. Mas, aquela bolinha que rebateu em tudo encaminha-se graciosamente para uma caçapa nunca imaginada. De novo é a vida. Os efeitos não controlados e nem imaginados acabarão por acontecer e quando você estiver ciente de si e deles poderá mudar a situação e tentar melhorar os seus resultados. Adaptação é a chave.
Bola difícil, longe e caçapa!!! Bola perto, barbada e nada ...
Exatamente como na vida. Acertar e errar é uma questão de chance, nada mais. Quantas vezes "miramos no que vimos e acertamos no que não vimos"? Vangloriar-se dos sucessos só serve para afastar-se do caminho. Calejar-se dos infortúnios significa perder o elã da caminhada. Aceitação é o caminho. Nunca passiva. Nunca contemplativa. Mas nunca agressiva ou pré-estabelecida. A vida é um barco sem vela. Você não está totalmente dentro ou fora do controle, mas pode ler os sinais do mar e do vento para preparar-se para a tempestade ou descansar sobre o sol da calmaria.
A vida é exatamente como a sinuca. Eu quase quebrei os tacos duas vezes. Quase rasguei o feltro umas três. Coloquei todas as bolinhas para fora da mesa. Acreditem!!! Todas! Acertei algumas, errei outras. Mas eu estava jogando. Auto-confiança, imaginação e vontade. Espero que eu jogue melhor na vida do que na sinuca ... Não quero levar capote. Sei , no entanto, que é uma possibilidade.
E os amigos ficaram lá a noite toda. Rindo. Acertando e errando. Enfim ... Amigos!
Exatamente como na vida, aliás ...

terça-feira, julho 12, 2005

Cidade de Fantasmas

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segunda-feira, julho 11, 2005

Pintando a Vida

Sempre sofremos da mesma história. Os tempos mudam, os meios mudam, as palavras se atualizam e as coisas do coração parecem estanques. Por mais que se possa estar seguro de si não o estamos com relação ao outro. Podem ser desde as mais diretas questões físicas como as mais duvidosas tensões emocionais, mas sempre tememos algo. A insegurança partilha dos pressupostos básicos do ser humano a finitude e a incompleição. Sabemos que temos um tempo para caminhar por este mundo. Sabemos que é temporário. Sabemos que somos incompletos, que precisamos de outrem. Sempre soubemos e sempre saberemos. Daí aparece o medo. Medo de não se atingir o ser amado no tempo que nos é dado. Medo de não conhecermos o mais belo deste mundo sem que sejamos transportado a outro. Se é que realmente existe. É uma forma irônica de nos entendermos humanos, a insegurança. E sobre ela recaem outros vis adjetivos como o ciúme, a inveja, e o desespero. Nada disso deve nos ser estranho. Somos seres imperfeitos, feitos para sentir dor e, quando conseguimos, ter um alívio dela. A Este alívio entre os momentos de dor nós chamamos de amor. Nada mais efêmero que o eterno amor. Porque somos efêmeros. Nada mais volátil do que a densa paixão. Porque somos voláteis. Nada mais casual do que o romance. Porque somos casuais. Enquanto não percebermos a vida como um punhado de momentos dispersos que só fazem sentido se tu te tornas a tua linha mestra, não poderemos perceber a real importância do amor. Estaremos tentando enxergar uma estrada onde se encontra um deserto. É possível andar mas não ileso de obstáculos. Embora eles não estejam claramente colocados o mesmo sol que te aquece tornar-se-á o teu primeiro obstáculo. Teu próprio espírito reconhecendo-se incapaz de perceber as nuances da dor sentir-se-á apavorado com a possibilidade da perda. E quanto maior a altura maior a queda. O pior é que nosso maior medo é algo que nunca nos abandonará por ser nossa própria essência. Somos humanos.
Minha mãe dizia: "Te segura no pincel que eu vou tirar a escada!". Sábias palavras. Sempre procuramos nos segurar nas coisas erradas ao invés de deixarmos nos embalar pelo sentimento da queda e quem sabe a dor do fim ...

quinta-feira, julho 07, 2005

Fronteiras de Prata

Até onde podemos ir com coisas etéreas? Com sentimentos etéreos?
Os sonhos não aquecem o coração. As juras de amor não tocam tua mão. Os beijos virtuais não encontram tua face. A irrealidade dos sentimentos é tamanha que passa pela banalização do real. Coisas como "Te amo" e "Te adoro" tornam-se como balas na boca de crianças. Não servem de nada. Poemas falsos e sem conteúdo circulam por profiles, blogs e e-mails sem que possam realmente significar algo. Os sentimentos se esvaem como a linguagem se avilta. Os olhos não aparecem, a alma não responde e o corpo não se aquece. Irrealidade abstrata travestida de corações cibernéticos e lições de moral de pessoas que sentem-se vazias e incompletas. A internet se tornou um refugio de desespero e solidão coletiva. Onde o tudo e o nada parecem não ter significado e a aparência criada pode mover montanhas de sentimentos falsos e palavras distorcidas. Brincadeiras de criança. Piromaníacos loucos que podem no afã de conhecer almas queimarem-se e queimá-las tornando tudo em cinzas. Fadas e duendes que não tem magia a não ser aquela que pode ser comprada em sites ou programas virtuais. Modelos que não sentem sua beleza. Gênios que não sonham. Pessoas que não se conhecem que não conhecem aos outros e que ainda brincam de casinha. Eu quero brincar de casinha, com casinha. Eu quero brincar de tudo desde que este tudo exista e não seja mais do que um punhado de impulsos eletrônicos e sem correspondentes humanos. O príncipio roto da existência cibernética pode ser enquadrado na vontade pueril da existência real. Meu peito não grita pelo teclado. Meus olhos não choram pelo monitor. Meu corpo não se aquece pelo mouse. Não transmito. Não há real troca de sentimentos na internet. Existe o convencimento sórdido e malicioso. Convencer ao outro da tua existência e não partilhá-la. Convencer ao outro do teu carinho e não enternecê-lo. Convencer ao outro do teu tesão e não extasiá-lo. Trocam-se bit e bytes mas não reais sentimentos. Tudo é idealização e tudo leva à decepção. Leva à mágoa e à incompleição. Nos abrimos e não sentimos que isso é suficiente. Nos olhamos e não nos vemos pelas webcams. Teu sorriso não aquece ao outro e nem mesmo a ti mesmo. Este turbilhão de emoções descoordenadas terá um ápice violento. Quando as pessoas peceberem a falsidade contida na rede, a força destruidora será tamanha que um simples toque poderá neutralizar servidores no mundo todo. A revolta da alma que chora contra o cérebro que ri. A psiquê humana não se acostuma com algo que o corpo não possa abraçar. Estamos nos matando aos poucos com sonhos envenenados de sentimentos vazios transmitidos em embalagens aconchegantes. Estamos nos destruindo com informações sem lastro sobre pessoas sem rosto e com foto.
Não quero seu site, quero sua imaginação. Não quero sua foto, quero seu rosto. Não quero seu profile, quero sua história. Não quero seu recado, quero seu susurro. Não quero seu e-mail, quero a carta escrita por tua mão. Não quero seu blog, quero seu corpo.
As fronteiras efêmeras e indigestas entre a realidade e a internet não são mais capazes de absorver os sonhos de um desesperado, os gritos de um louco, os anseios de um homem dolorido. Porque não existe ser, não existe louco, não existe desespero. Não existe existência possível neste instrumento disforme de recriação do mundo. Shaekespeare e não Gates, pelo amor de nossas torturadas almas!
Descobri que só a dor é real e não o amor ...

Povo

Tenho ficado enojado com o Brasil. De todos os países que conheci, somos de longe, e de maior quantidade de salafrários, sem vergonhas e calhordas. O congresso cada dia que passa se parece mais com um bando ou uma corja. Um que resolveu falar, e acho que era para amenizar a sua pena, agora leva tudo pelo ralo. Escândalos e mais escândalos. Gente chorando, falando na família e principalmente no povo. A palavra povo tem servido para justificar ou minimizar os mais absurdos crimes. Mas como sempre, o povo não viu nem sombra dos negócios excusos feitos com o seu dinheiro. É o melhor patrão que existe. Não fiscaliza, não critica, não demite e ainda aceita que seus empregados aumentem os salários, verbas e diminuam seus horários e atribuições. Pior, aceita receber ordens incontestes deles.
Brasília é uma falta de respeito. Longe de tudo e perto de muito dinheiro e poder. A cidade com maior renda per capita do país. Quem não é funcionário público é CC. Os outros são povo. Ou seja, quase nada. Aquilo é tão pútrido que não sei se vale a pena remexer mais nesta fossa. Quanto mais se mexe mais fede. E continuam os crocodilos falando de empresas em nomes de outras pessoas, apartamentos de luxo em outros países, carros, viagens a Fernando de Noronha, com lágrimas nos olhos.
Lágrimas tinha a mãe que vi agora a pouco com o filho nos braços e sem conseguir interná-lo, com problemas respiratórios, no hospital próximo de minha casa. Ela chorava. O filho gemia. Ela não ganhava mensalão. Não tinha mordomia. Não falava em povo ...
Não se engane, falar em povo é como se nos referíssemos a um ente distante de nós, porquê, quase sempre, não nos reconhecemos como tal. É o sórdido espírito de elite que a classe média tem nesse país. Não queríamos ser um país de escravos. Não queríamos ser um país de aristocráticos donos de terra. Não queríamos ser um país de comunistas (pelo que possa isso valer!). E, hoje não queremos ser um país de corruptos.
Somos um país sem brio onde o povo não sabe que existe e os mandatários procuram não saber da sua existência. Então porque ainda falamos nesta palavra?

terça-feira, julho 05, 2005

Nada

Hoje fiquei apavorado. Parei para escrever algo e ... Nada!
Nenhuma idéia. Neca de pitibiribas. A tela fica branca na frente. E vai crescendo e o nada vai tomando o meu cérebro.
Parei para ver um filme. Nada. Não entendi nada. Não prestei atenção em nada. Não pensei em nada.
Fui ouvir música. Várias. Todos os tipos. E nada. Idéia? Nenhuma. Nada. Mesmo.
Alguém uma vez disse que criação era metade inspiração, outras duas metades de transpiração! Fiz seiscentos e cincoenta abdominais. Aí sim. Comecei a sentir algo. Mas era uma dor nas paletas porque eu estava deitado no chão. Não tenho mais idade para isso. Algo produtivo? Nada.
Aí, imaginei uma série de situações absurdas onde o nada seria tudo! Onde a minha situação seria maravilhosa. Situações onde você não pensar em nada seria maravilhoso.
Se eu fosse o George Bush. Pensar em nada é melhor que pensar em matar gente!
Se eu fosse a Carla Perez. Pensar em nada é definitivamente melhor do que qualquer coisa que ela já tenha pensado.
Se eu fosse o Lula. Pensar em nada é melhor que encarar o mensalão.
Se eu fosse o Paulo Coelho. Pensar em nada é melhor que escrever porcaria.
Se eu fosse a Fernanda Takai. Pensar em nada é melhor que pensar que canto.
Se eu fosse a Narcisa Tamborindeguy. Pensar em nada é melhor que pensar que sou tudo.
Se eu fosse a Vera Loyola. Pensar em nada é melhor que pensar na Perepepê (cachorrinha de estimação)
Se eu fosse o Kurt Cobain. Pensar em nada teria sido melhor que pensar em me drogar.
Se eu fosse o gerente do meu banco. Pensar em nada seria melhor que pensar em como me ferrar.
Se eu fosse minha mãe. Pensar em nada seria melhor que pensar na saudade.
Se eu fosse a minha vizinha de cima. Pensar em nada seria melhor que pensar em bobagem comigo.
Se eu fosse você. Pensar em nada teria sido melhor que ler isso daqui.

Um dia da caça ...
Totalmente sem inspiração.

segunda-feira, julho 04, 2005

Ex-tereótipo

O príncipe - Alô?
A ex - Sim?
O príncipe - Lembra de mim?
A ex - Não ...
O príncipe - Como não? Eu ... sou eu.
A ex - Oi! desculpa não reconheci a tua voz. Como tu estás?
O príncipe - Bem, muito bem. Hoje eu estava ouvindo umas músicas e adivinha?
A ex - ...
O príncipe - Achei um CD teu! Daí lembrei de como tu gostava dele e pensei em te devolver!
A ex - Legal! Passo durante a semana para pegar.
O príncipe - Não! Eu não estou fazendo nada mesmo pensei em a gente sair para tomar um café ou um vinho e eu te levo. Que acha?
A ex - Infelizmente não vai dar porque meus tios estão aqui em casa agora e ficarão todo o final de semana. Pego durante a semana.
O príncipe - Certo então. Espero tua ligação. Foi bom falar contigo viu?
A ex - Eu também gostei. Te ligo durante a semana. Beijos
O príncipe - Beijos

A tradução da Raposa

O príncipe - Alô? (Não diga alô, diga um sensual "oi"!)
A ex - Sim?
O príncipe - Lembra de mim? (Claro que tem que lembrar, eu passei dois anos com você, mas vamos fazer de conta que tu não lembra!)
A ex - Não ... (Lembro, mas quem sabe ele desliga com essa resposta ...)
O príncipe - Como não? Eu ... sou eu. (Ô sem vergonha como tu diz que não, que petulância!)
A ex - Oi! desculpa não reconheci a tua voz. Como tu estás? (É ... não deu, vou ter que conversar. Vamos para pergunta tipo diálogo-rápido-nada-a-ver.)
O príncipe - Bem, muito bem. Hoje eu estava ouvindo umas músicas e adivinha? (Eu estou mal, se estou te ligando é porque não está nada bem, anta!)
A ex - ... (Lá vem a chantagem ...)
O príncipe - Achei um CD teu! Daí lembrei de como tu gostava dele e pensei em te devolver! (Eu achei um CD importante que tu esqueceu e estou a fim de trocar por algo importante para mim também. Quem sabe uma noite selvagem de sexo?)
A ex - Legal! Passo durante a semana para pegar. (Meu CD! Agora vou desviar o assunto ...)
O príncipe - Não! Eu não estou fazendo nada mesmo pensei em a gente sair para tomar um café ou um vinho e eu te levo. Que acha? (Olha a troca é a seguinte: o CD por uns beijinhos, abraços e um sexozinho bem gostoso para nós dois. A janta a gente divide. Que acha?)
A ex - Infelizmente não vai dar porque meus tios estão aqui em casa agora e ficarão todo o final de semana. Pego durante a semana. (Nada feito. Eu quero meu CD e não vai ter mais sexo. Vou te dar a pior desculpa para ver se tua inteligência "testosterônica" entende o recado.)
O príncipe - Certo então. Espero tua ligação. Foi bom falar contigo viu? (Ah não quer o sexo? Então não vai ter CD ... Nem adianta ligar. Eu gosto muito do CD mesmo. Vamos dar uma última chance dela se retratar, lembrando dos velhos tempos ...)
A ex - Eu também gostei. Te ligo durante a semana. Beijos (Sem graça! Vou ligar mesmo. Quero o meu CD, de preferência pelo correio e sem remetente! Cachorro!)
O príncipe - Beijos (Vaca! Vou ligar para outra ex ... Esse sábado ainda não terminou!)

Ainda bem que não falamos tudo que pensamos.
Ainda bem que existem muitas ex.
Ainda bem que CD é presente preferido de namorados ...

domingo, julho 03, 2005

Bola da vez

Existe um acordo tácito, respeitado por todos os homens deste planeta. A região ilíaco-sacral é realmente sagrada. As gônadas são nossos mais cuidados tesouros. Um amigos diz que a parte mais importante do corpo do homem é o seu saco escrotal. Se ele não existisse nós teríamos que levar as bolas na mão. Já pensou no perigo? Um simples aperto de mão seria uma perigosa e, muitas vezes, dolorosa tarefa. Sem falar nos desavisados que sairiam de casa esquecendo as bolas. Eu esqueceria. Esqueço tudo.
Falando claramente, nós homens respeitamos muito esta região no próximo. Eu diria que é até maior que o cuidado cristão. Mesmo sendo nosso maior inimigo, um chute no saco é a maior forma de você perceber que os contricantes vão se matar. Sim, chute no saco só é permitido em caso de perigo de morte! E que seja bem dado, pois errando o oponente certamente te matará. A coisa é tão óbvia que em briga entre dois homens vale tudo, soco na cara, chute no estômago, dedo no olho, cuspe, mordida, quebrar braços etc. Chute no saco não é aceito, apenas em casos extremíssimos como, aliás, já dito.
A dor é tamanha que nos une, a todos homens, em solidariedade pelo vivente sofredor. Em todo filme de comédia tem sempre um desgraçado que entra com o seu saco numa árvore enquanto está descendo de trenó de neve ou leva um taco de baseball com toda a força naquela região ou, ainda, cai de uma altura respeitável e, sempre, em cima de um ferro que vai pegar no meio das ditas cujas. Neste momento todos os homens que assistirem ao famigerado episódio sentirão uma "dor psicológica" e nos condoiremos do coitado. Lembraremo-nos de todos os dolorosos episódios que marcaram nosso saco num mesmo momento. O ar some. Soltamos um gemido lamuriento que, acreditem, vem do fundo. Mas bem do fundo mesmo. Vou parar com esta descrição porque as minhas já estão doendo. Ui ...
Bom, entre os homens é assim. É questão de código de honra. O problema é que as desumanas companheiras femininas não têm o mesmo respeito. Aliás, não tem respeito nenhum. Depois da revolução feminista da década de 60 acredito que tenham se difundido escolas secretas feministas pelo mundo no intuito de ensiná-las, desde pitocas, este execrado ato. De tal forma que nós homens antes mesmo de sabermos usar a região já aprendemos a defendê-la com todo o corpo e ao menor sinal de perigo. Desde a mais tenra infância a gente se protege. Não sabe o quê está protegendo, mas sabe que dói. Qualquer gurizinho vai dar um pulo e te olhar em desespero se ameaçares algo próximo daquela região. E qualquer homem maduro ficará revoltado de ver você testando essa tese, cuidado!
Quando crescemos aprendemos a manter a famosa "distância segura" de joelhos femininos. Discussões e conversas mais ríspidas são sempre mantidas a uma braça de distância. Com mais experiência aprendemos que uma certa posição do quadril e conformação de pernas nos dá quase 70% de proteção. O problema é que elas também vão aprimorando os sórdidos meios de nos enganar. Beijinhos, olhares fulminantes, dedos em riste, ameaças de tapas, etc. Tudo não passa de distração para atingir nosso doloroso alvo. Não se engane amigo, mesmo sendo sua namorada amada, sua esposa querida ela vai te acertar nas bolas por qualquer motivo. Isso é o quê mais revolta. Se o cara fosse um estuprador pedófilo talvez, e eu repito talvez, um joelhaço fosse justificado. Um genocida racista, quem sabe? Traição? Nunca! É como se diz no futebol, seria uma "força desproporcional ao lance". Dar um joelhaço no saco de um homem porque ele lhe traiu é mais ou menos como dar um tiro de doze em alguém que levemente bateu em seu ombro.
Hoje eu presenciei este fato. Os dois discutiam numa praça da cidade, ela de dedo em riste irritada e ele de mãos abertas com cara de culpado. Não sei. Não vi. Não vou julgar o rapaz. Mas a cachorra da mulher acertou um joelhaço de cinema no vivente. Vivente não, depois daquilo acho que "morrente". Daqueles que, em filme de Hollywood, teriam que pagar cachê duplicado para um dublê profissional pensar em fazer a cena. O impacto foi tão forte que ele chegou a dar um pulinho para trás ...
Nossa, literalmente tá doendo! Não me contive e fui até o rapaz para ver se ainda respirava, enquanto todo mundo me olhava de forma estranha. Somente depois fui perceber que a dor em mim fora tão grande pelo que tinha visto, que eu engatinhei por quase vinte metros para chegar até ele.
Imaginem a dor dele ...
Piedade por favor, vamos banir esta forma de violência gratuita e que pode prejudicar o futuro da humanidade. Deixem as armas atômicas existirem, esqueçam o desarmamento urbano, a tortura e vamos nos unir num único brado:
"Saco é sagrado, não bata no futuro da raça humana!"

sábado, julho 02, 2005

Saudade

Da primeira vez que nos vimos eu não me aproximei pois fiquei com medo que me prendesse, e você não se aproximou com medo de minha mordida.
Da segunda vez que nos vimos eu estava passeado pelo trigal e me senti atraído pela forma que os raios de sol reluziam em teu cabelo, e você sentiu vontade de tocar meu pelo macio, mas o medo de meus dentes te mantiveram afastado.
Na terceira vez o carinho e o respeito por nossas naturezas poderão suplantar as suspeitas e conquistar um toque, que virá acompanhado de um sorriso. A partir daí, nossas vidas serão para sempre entrelaçadas e sentirei saudade quando me deixares.

Então tu me perguntarás: "Valeu a pena?"

Eu acho que sim. Porquê ainda que você vá para o asteróide b612, toda vez que eu olhar para o trigal vou me lembrar dos teus cachos dourados e quando você olhar as estrelas tu te lembrarás do meu sorriso e elas, as estrelas todas, parecerão estar sorrindo para você. Toda a raposa que você encontrar terá um pouquinho de mim sem nunca realmente te saciar pois, não será realmente eu. Todo príncipe que eu encontrar será um pouco de você. Suficiente para me arrancar um sorriso, um suspiro e uma lágrima.

E ele tombou mansinho como tombam os principezinhos me deixando sozinho no deserto ...
Vagando ...

(Inspirado, Exupery. O Pequeno Príncipe)

Amálgama imperfeito

O que realmente somos?
Somos carne e sangue?
Somos sonhos e sentimentos?
Somos fé e razão?
Somos tudo isso e nada disso. Somos uma mistura de átomos com maioria de carbono, sustentados por oxigênio. Somos um punhado de sonhos que se desvelam sobre o tapete da vida deixando tudo muito marcado. Somos sentimentos conflitantes que não se explicam, não pedem licensa quando entram e não avisam quando saem. Somos a fé que temos em nós mesmos e a razão que rege nosso espírito. Se o caminho da vida não é retílineo, porque nós devemos sê-lo? Se as coisas são uma eterna maré porque alguns de nós ainda teimam em manter uma constância? Estamos numa era onde o caráter virou moeda de troca e onde o bem-estar próprio, valor pétreo. Herança do individualismo capitalista e da carência coletiva de uma sociedade hipócrita que ainda não compreendeu que as pessoas não vêm a este mundo para sofrer. Ou, ao menos, não deveriam vir.
Somos imperfeitos e estamos todos, sempre, errando. Com ou sem razões para errar. Erramos. Tentando acertar. Erramos. Tentando ajudar. Erramos. Mas nunca erram aqueles que se escondem no manto da indiferença e da superioridade. Estes, que não se importam com os porcos e nem com as pérolas. Vivem na lama. Numa existência que não comporta a verdade de se estar respirando. Numa indescência com seu espírito que os permite sempre pensar que o sofrimento alheio não lhes causa dor.
Quem ama sempre vence? Não sei. Mas como ser humano eu digo ...

Quero chorar de dor infinita sempre, e pela última vez.
Quero sentir a voz dilacerar meu espírito em agonia sempre, e pela última vez
Quero sentir a carne render-se à dor da existência sempre, e pela última vez
Quero perder os sentidos e desfalecer no pranto pelos meus erros sempre, e pela última vez.
Quero culpar-me pelo que faço aos outros sempre, e pela última vez.
Quero buscar nos recônditos de minh'alma os medos que me fazem humano sempre, e pela última vez.
Quero sentir o vazio, gélido e desconsolado da indiferença sempre, e pela última vez.
Quero perceber a imperfeição do meu ser frente à natureza e à história sempre, e pela última vez.
Quero viver a saudade dos que já não podem sentir sempre, e pela última vez.
Quero apenar-me pelos que nunca isso sentirão sempre, e pela última vez.
Quero estar apaixonado sempre, e pela última vez.

E quero acreditar que a vida me perverterá isso, sempre pela última vez ...

sexta-feira, julho 01, 2005

Lagartixa

Tem gente que se presta! E não venham me dizer que não! Eu não tenho amigos, eu tenho uma quadrilha. Acho que eu saio junto para, caso apareça uma mãe, um pai, um padre ou a polícia eu possa ser um interlocutor válido. E sabe da pior? A mulherada adora os canalhas. Eu estou ficando realmente chateado. Esse negócio de olho no olho, carinho, juras de amor perde direto para um tapa na bunda e um olhar do tipo "te larguei mocréia!". É que nem super-trunfo, lembram? Podia ser qualquer RPM, tamanho, envergadura, velocidade, etc., vinha o vivente e dizia "super-trunfo" e levava tudo, na hora. Pois é tenho amigos assim.
A clássica de um deles é "Não gostou? Vai andar!". Ele diz para todas as namoradas, casos, cachos etc. Nunca nenhuma foi. Ele ainda diz para quem pergunta se ele tem namorada: "Eu tenho mas a pergunta correta é se sou compromissado ou não. Posso estar namorando e não estar comprometido e posso estar comprometido sem estar namorando!". Pode? E elas caem sempre. Quando a namorada resolve ir numa festa com ele, não pode. Porquê?
"Porque as mulheres me agarram! Eu não posso sair."
Palavras dele mesmo. E elas caem ...
Um outro amigo me colocou numa de matar. Eu estava com um cacho que tinha uma amiga necessitada. Ela, a amiga, estava "subindo as paredes de costas". Levei um dos canalhas pensando em fazer uma noite redondinha. Dois a dois, placar empatado. Tudo na santa paz. Logo de início ele teve que enrolar a namorada oficial. Levou ela no motel. Fez o arroz-com-feijão. Largou em casa. Passou aquele "xalalá" de trabalho e etc.. Me pegou de carro e fomos pegar as tais. Quatro horas depois do marcado chegamos. Eu com cara de tacho e ele com cara de lobo-mau. Entramos na danceteria lá pelas quatro da manhã, eu morto e ele fingindo disposição. Tomamos uma cerveja dançamos, duas músicas e demos três beijos. Voltamos para a casa delas e eu fui para o quarto para tratarmos, eu e a moça, de assuntos bíblicos. Ele ficou com a amiga na sala e, diz ele, que começou tudo bem. Mão-na-mão. Mão-naquilo. Aquilo-na-mão. Quando foi para o aquilo-naquilo ele não tinha camisinha. O desgraçado entrou no quarto, onde estávamos discutindo religiosamente a bíblia, totalmente pelado e quase asteando a bandeira. Me fingi de morto. Fingi não, morri por cinco minutos. Até hoje tento apagar da minha mente aquela imagem torpe. Ele achou que estávamos dormindo e saiu. No outro dia houve este diálogo quando estávamos no carro voltando:

O Príncipe: Como foi a noite?
O Advogado: Ela é louca!
O Príncipe: Como assim?
O Advogado: Não deu!
A Raposa: Não enrola, comeu ou não?
O Advogado: Eu pelei a mulher. Coloquei de bumbum para cima e apliquei meu tratamento VIP! Ela levantou irritada, se vestiu e fechou a cara. Não deu!
O Príncipe: Tu podia me explicar o que é tratamento VIP?
O Advogado: Ué. Tasquei-lhe dois tapas bem dados em cada bunda até ficarem vermelhas e disse no ovidinho dela "Vem cá sua vagabunda!"
O Príncipe: (Fugiu) ...
A Raposa: (Chocada) É isso que tu chama de VIP?
O Advogado: (Sem o menor constrangimento) É. Dá para entender essas loucas?!

Estão namorando há dois anos. Depois, é claro, de estranhamente ele não sentar por uma semana, no início do namoro. Achei melhor não perguntar o porquê. Fiquei com medo de ter que ver ele pelado de novo. Aí não dava para se fingir de morto.
Quanto à namorada, gente fina, educada, querida. Só eu sei o que se passou naquele dia. Perco minhas gônadas se contar. Mas parece que quando olho para ela ouço os tapas e ela gritando "Bate, me joga na parede e me chama de ...."

(para definição de cacho ler "Espírito de Porco" nos arquivos de maio de 2005 neste blog!!)