Ainda na antigüidade filósofos debruçavam-se sobre a natureza humana. Buscavam a essência de nosso mundo. E não encontravam mais do que teorias. Afinal, nem sabemos ainda de nossa própria excrecência, quanto mais do que se esconde nos "recônditos de nossa alma". Entretanto, a natureza maniqueísta da maioria dos seres humanos nos faz sempre pensar nesta dualidade ridícula entre bem e mal. Isso se espraia para todo nosso campo de percepção: quente e frio, liso e áspero, vida e morte. Nesta sensação constante de que não conhecemos nada surgem duas grandes formas de ver o mundo (novamente duas!). De um lado o encontro espiritual com aquilo que as pessoas entendem por Criador. Que normalmente vem acompanhado de amor e paixão e tudo o que se diz e pensa de bem e bom neste mundo e no outro. De outro, o frio, escuro e difícil trajeto científico-filosófico que nos coloca em labirintos e caminhos sem volta e que, freqüentemente, nos assombra com a idéia da finitude. Não precisamos de muito mais do que uma desilusão para abraçarmos o primeiro e o defendermos como se estivessemos fazendo com nossa própria vida. Em realidade estamos. Defendemos nossa vida eterna. Valor incomensurável. Contudo, mais e mais pessoas são colocadas diante deste dilema e, muitas vezes, sem condições instrumentais de lidarem com ele buscam a facilidade. Percebam que não tem juízo de valor na expressão facilidade.
Esta noite conversei com um destes avatares do mundo místico. Bem real ela. Com um discurso radiante de luz e amor. Com frases prontas de maravilhoso conteúdo poético. "Antiga" sabedoria que se desflora sobre os olhos do príncipe e o maravilha, mas que a raposa pode perceber a real tonalidade. Olhe o diálogo real:
O Príncipe: "parece-me que este mundo realmente não te importa"
A avatar: "Naum amigo eu , vc tem razao, eu naum estou aqui a passeio, vim pra crescer no amor e resolver todas as diferensas" (sic)
O Príncipe: "realmente acreditas nisso?"
A avatar: "acredito, viemos aqui apenas pra resolver o que ficou para traz" (sic)
O Príncipe: "todos nós?"
A avatar: "Sim, pois a bondade do Pai é infinitamente grande"
O Príncipe: "percebes o teu Deus como pai e ainda como criador? Então como ele permite que filho e criatura tenham tanto o quê sofrer?"
A avatar: "Mais nos naum estamos sofrendo, somos o senhor do nosso mundo trilhamos caminhos que nos mesmos percorremos, agora tem que voltar" (sic)
O Príncipe: "me responde, quando respiras sente teu Deus?"
A avatar: "logico, ele vive dentro de mim. Sou parte dele"
O Príncipe: "e quando o ar é tirado de centenas de milhares também o sentes?"
A avatar: "quem naum sente, mais naum foi nosso Deus. Você tem muito que aprender, mais a vida nos mostra. Vou dormir agora e espero que tenha um ótimo dia" (sic)
A raposa: "Eu também fada. Mas posso te dar um conselho, se me permites?"
A avatar: "Se conselho fosse bom.. vendíamos"
A raposa: "É bom. Por isso ofertamos de graça a quem nos encanta. Você acabou de desdizer todo o seu discurso anterior. Te desejo um ótimo dia."
Muito pouco. Quase nada. Por pouco tudo não terminou com uma sonora lição de moral sobre a raposa. Este pouco representa a distância infindável que existem entre nossos mundos. Mas, também, representa algo pior. Não é?
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4 comentários:
Sim. O abismo q existe entre esses mundos: de um lado, a tranquilidade que se tem em achar um dogma para reger sua existência; de outro, a solidão do indivíduo q já superou isso e não acredita q os outros superarão.
Adianta achar ruim assim? Acho q não. Se o principe estivesse no mesmo nível da raposa, talvez ela nem se interessaria por ele. E vice-versa.
Essa é a vida, querido.
Diferenças e diferenças...
Por isso, eu sempre penso: vou curtir o momento, como se fosse o último..pq a intensidade fará dele, eterno...e se tenho algo para fazer aqui(mundo), q eu faça há todo o tempo.
Só q, as vezes, tenho q ouvir um " tu não bate bem".
Fazer o q, né?
Curtir, só.
Profundo mel, profundo ...
debochado miguel, debochado...
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