sábado, junho 25, 2005

Presente de Grego

Quem disse que era melhor dar do que receber, dentro de algumas crenças não era humano. Isso é essencial para que possamos dizer que isso não é verdade. Para coisas materiais, presentes por exemplo, isso pode até ser entendido como válido. Entretanto, quando se trata de coisas mais sutis não é correto. Amar é melhor que ser amado? Cuidar é melhor que ser cuidado? Acho que não. Pior é quando somos do tipo de pessoas que procura sempre fazer antes aquilo que gostaríamos que fosse feito com a gente. Nos preocupamos antes, entendemos antes, suportamos antes. Infelizmente somos chamados de "fortes". Como se num passe de mágica esse adjetivo retirasse das pessoas que nos rodeiam a responsabilidade da devolução das coisas ofertadas. Somos sempre pau-pra-toda-obra. Estamos sempre ali, firmes, sólidos, sinceros, com os pés no chão. O que é mais interessante é que quando precisamos ninguém percebe. Ninguém vê. Ninguém entende, ou fazem questão de se fazerem de cegos, surdos e mudos.
Existem aquelas pessoas que se abalam por tudo, caem em prantos por unha quebrada, olhar torto, palavra ríspida etc. A estas são sempre reservados colos, atenções, abraços e outras formas de levantar a moral. Aos fortes sobram, quando muito, uns tapinhas nas costas ou uma pergunta: "Quer conversar?" Nós não somos assim. Precisamos de pessoas que nos entendam, que percebam no tom de voz, nas palavras, nos suspiros que não somos rochas, que não suportamos tudo. Que queiram realmente gastar um pouco de energia para entender como estamos emocionalmente. Não entregamos tudo. Somos fechados. Somos fortes. Somos como
o Oceano. Capazes de suavente molhar tua fronte ou devastar cidades inteiras. Mantem vida mas evapora ao sol. E cada vez mais me convenço de que ser forte é um presente de grego!

10 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito teu texto.. Eu fiquei pensando a respeito sério mesmo..
é sempre isso que acontece, as pessoas acham q tá tudo bem sempre com a gente..
=**

Miguel disse...

legal jô ... eu passo muito isso e sofro um bocado

Anônimo disse...

Putz!

Exatamente isso, acho que sou uma "amiga de grego" tbm!

Prometo ser mais presente


Bjão

Miguel disse...

kazinha, kazinha isso seria muito bom ...

Anônimo disse...

na verdade não somos fortes, somos resilientes desde a concepção onde até o endométrio tenta nos expulsar, pois nos considera um corpo estranho...e somos! Somos um corpo estranho neste mundo cheio de boas razões para desistir. Entretanto sobrevivemos, vivemos, sorrimos e vencemos àqueles que esquecem de simplesmente perguntar: você está bem hoje?!

Miguel disse...

Matou Marta matou. resilientes ... tava faltando esta palavra!
Fantástico

Anônimo disse...

Na verdade, é possível perceber isso: que não é uma rocha, que não pode abraçar o mundo para que nada de mal aconteça, sem que alguém o esteja abrançando. E também, que tudo isso que fazes é simplesmente o reflexo do raio de sol que espera que o ilumine, que o aqueça. Mas você também sabe que esse calor pode ser tão forte que pode queimar. Lhe provoca uma sensação de que " não pode ser", que não durará...que não vale a pena, que nunca mais vai cair nessa e nunca mais vai necessitar disso...mas ele existe, e o provoca. E você não vai deixá-lo entrar. Pelo menos vai tentar se mostrar forte para ele não entrar.
O melhor presente é aquele trocado. Nada conforta mais a alma que o ter de volta.
Mas você se protege dele como se protegeria do diabo.
Fazer o que, né?
Um dia a gente aprende o que vale a pena.

Miguel disse...

Belo discurso ... real? Não sei ... um dia descubro

Anônimo disse...

Sabe sim, querido!

Anônimo disse...

Nossa ..nunca li nada tão parecido comigo!!!Parece que eu que escrevi o que sinto!!!Adorei!!
Beijos, Sandrinha