sexta-feira, junho 24, 2005

Brincando com as Nuvens

Todo mundo já brincou disso uma vez na vida. Olhar para as nuvens e ver coisas imaginariamente reais. Aviões, caminhões, pessoas, dragões etc. Era a melhor parte da infância. Olhar e ver o que queríamos ver. Quando se cresce, temos que olhar o que a maioria vê. É a famosa questão do chapéu ou da jibóia comendo o elefante. Dia de sol não tinha graça olhar para o céu. Era só sol. Era bom piscina, parque, futebol etc. Dia de sol sempre temos o que fazer, o que pensar. Como se o sol instilasse uma certa energia em nossas almas. Ainda hoje, dia de sol não tem muita graça. Continua sendo piscina, parque, futebol etc. Dia nublado sim, este mudou de sentido. Quando crianças, tínhamos um dom de transformar nimbos em sonhos. Hoje transformamos nimbos em saudade. Realmente eu tentei. Gripado, deitado em baixo das cobertas tentei olhar para as nuvens e ver os sonhos. Meu peito encheu-se de uma falta de ar e eu me vi pelos olhos do menino que fora. Ouvi com os ouvidos de moleque meu adorado pai conversar comigo e tentar me dizer coisas que me protegessem do sofrimento. Brincava comigo, como se tentasse fazer as nuvens se afastarem do meu coração de menino. E ele conseguia. Seu toque, seu jeito tudo me veio à mente como se o menino eu de novo fosse. Em vez de gotas de chuva, daquela nuvem corriam de rios de saudade. Por um momento achei que poderia fazer diferente. Por um momento achei que poderia aproveitar meu saudoso pai de novo. Por um momento pensei que a mágica das nuvens me tivesse sorrido e me ofertado aquilo que há tempos me tirou. A saudade foi mais forte e no peito do homem que eu me tornei ela não encontra moradia discreta. Meu pai dizia que o sol envolvia a terra com uma espécie de proteção mística contra coisas ruins. Eu achava ele besta de dizer isso. Pai, desculpa! Pena não ter dito isso antes. Um dia te direi, podes ter certeza.
Dia de chuva, a partir de hoje, terá mais graça porque sendo mais triste, tem mais histórias para contar e memórias para lembrar. É só você e as nuvens. Da próxima vez experimenta. Só aviso que dói, mas é aquela dorzinha gostosa que sentimos mais quando ela acaba ...

Um comentário:

Anônimo disse...

Sensação nó na garganta....
Pai é algo sagrado mesmo, sinta-se abraçado amigo!
Bjos