domingo, junho 12, 2005

Magnético

O ser humano é algo absurdo. Ama e odeia com a mesma força. Sacrifícios inomináveis em nome do amor e maldades incomensuráveis em nome do ódio. Exemplos mais que suficientes são o Cristo (embora eu seja ateu é necessário reconhecer o amor pelo Deus dele e pela humanidade que ele acreditava estar salvando) e Hiroshima, por exemplo. Sem mais comentários sobre Hiroshima. A humanidade ainda chora por isso como se tivesse uma pústula aberta. Se, no planeta, estes sentimentos atingem proporções homéricas, no indivíduo os "tsunamis" e as "avalanches" não são menos violentas.
As mulheres são conhecidas por terem a maior facilidade de transformar amor em ódio. E numa rapidez estupenda. Devemos dizer que o contrário também se processa. Sempre é melhor receber um tapa, por um beijo roubado, do que um amargo olhar de desdém. Tudo pode ser motivo para o Yin virar Yang e vice-versa. Contudo, alguns catalizadores podem ser devastadores. Mulheres romãnticas pensarão em traição, decepção, mentira etc. Mas está longe disso. Em realidade esses juízos de valor não servem para muito, até porquê parecem diferentes para cada um. Quase sofismas. O quê realmente impera neste caso é colocar-se frontalmente, por ações, percepções ou sentimentos, contra aquilo o que elas percebem como verdade. Em suma, se uma mulher acredita que ser fiel é importante, não sê-lo (no entendimento exclusivo dela) é perigoso. Se ela pensa que isso não tem importância, apaixonar-se por ela será, então, o perigo. Os juízos se alteram. A noção de realidade também. Mas o locus realidade e os efeitos da mudança são praticamente os mesmos. A percepção feminina, ao meu ver, trabalha como numa espécie de balança onde o equilíbrio pode não ser perfeito, mas jamais pode desestabilizar o sistema.
Até aqui eu "chovi no molhado". Pois é. Meu ponto é o seguinte. Depois da "cacaca" feita como elas podem legitimar suas atitudes? Como explicar o fim de um relacionamento? O fim de uma esperança? O fim de uma amizade? Aí entra a perigosa teleologia. O termo é chato. Rebuscado. Mas quer dizer que você explica o passado pelos objetivos e resultados obtidos depois que esse passado tornou-se presente. Como se dissesse que o perfume acabou porque você ia comprar outro. Existe uma diferença entre os motivos do "durante" e os motivos do "depois de tudo". Algo é sempre mais fácil de se entender no seu final. Poucos são os que se propõem a fugir disso.
Podemos conversar horas com uma pessoa. Encantando-se mutuamente. Reconhecendo isso. Brincando e tendo prazer nisso tudo e, de repente, por alguma transgressão do que acreditamos por realidade tudo virar "perda de tempo". Tolos são os que olham para as causas e conseqüências e procuram ver um caminho retilíneo que quase sempre é eivado de egoísmo e supostas verdades. Sábios reconhecem no caminho das coisas a profundidade dos sentimentos. Dois pólos de um imã jamais se encontram mas negar suas linhas de força não pode ser algo levado à sério.

4 comentários:

Anônimo disse...

Burro aquele que acha que o final pode ser melhor que o durante. Mais ignorante ainda, aquele que foge do final pela dúvida dele não ser melhor que o início.
Bem que o certo poderia ser não achar nada. Deixar-se que o tempo ache. E fazer do que for presente, o melhor de todos os tempos.
Fazer o que, né?
A gente não pensa assim.
Quando está ruim, queremos que passe logo. Se bom, que fique melhor ainda.
Onde está o sentido do atual? Para que serve, se não para crescermos e ficarmos felizes, pelo simples fato de ter acontecido?

Miguel disse...

Talvez o sentido esteja na caminhada. Eu jamais usaria adjetivos como burro ou outra coisa. Pois tem sentido fechado. Um burro jamais vai mudar de status. Um tolo não ...

Anônimo disse...

Mas daí tens a esperança que o tolo deixe de ser tolo.
Burro é sempre burro. Não consegue aprender..já o tolo pode ser que seja só tapado e um dia pode descobrir o sentido.

Anônimo disse...

O que é mais importante para um artista: o processo de sua obra-prima ou sua concretização?
Considero uma pergunta muito difícil.
O processo de uma arte pode até resultar em um lixo, mas considerá-lo uma perda de tempo só confirma a impossibilidade de sua concretude.