segunda-feira, agosto 15, 2005

Caminhos cruzados

De certa forma a vida tem um caminho. Não entendemos, não coordenamos, não prevemos. Andamos, apenas isso nos é permitido. Este caminho existe quando se olha do fim dele. De lá a gente olha para trás e não muda nada, mas tem a sensação de enteder. Claro que depois de tudo percebe-se as razões do ocorrido, é como um post-mortem. O que nos resta é diminuir o peso da caminhada. Quando nos livramos dos fardos que nos atormentam a caminhada se torna mais prazeirosa, mais possível. Diminua o seu peso. Para que além de caminhar lhe seja permitido pular também. Os obstáculos estão lá, sempre estarão, mas a tua capacidade de transpô-los é inversamente proporcional ao peso que levas consigo. Muitas vezes acreditamos que os fardos nos são imposições eternas. Isso é apenas uma forma infeliz de aceitação do fatalismo. Lembre que os fardos são seus mas que é seu, também, o interesse em carregá-los. Ao jogá-los fora verás o mundo com outros olhos simplesmente porque eles não estão fitados mais nos fardos. Poderá ver a paisagem, e até quem caminha ao teu lado. Claro que tudo fica lindo num texto. Claro que é mais fácil falar do que fazer. Digo mais, nenhum amigo ou conselho te fará largar o fardo. Isso só poderá acontecer se você realmente quiser largá-lo ou se alguém cruzar o seu caminho e, de sopetão, bater em você. O fardo realmente cai. E você olha o mundo.
O peso é algo que conscientemente você quer carregar. Pense nisso. Verá que falo a verdade, verá que tudo o que diz respeito a nós, se encerra dentro do nosso interesse. Você pode ter ajuda para carregar por um pedaço do caminho. Mas sempre estará carregando algo além do seu interesse. Se chegar ao ponto de ser além do possível, então cuidado. A vida é mais bela do que a coragem ou a glória de carregar fardos. Diminua o orgulho. Aumente a paixão. Respire. Ande de pés descalços na areia. Veja um nascer do sol. Saiba que só existe uma coisa mais importante no mundo do que você. Mas esta coisa apenas você pode decidir o que é. Eu nem me atrevo a entrar por esta senda.
Saber, ousar e calar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caracas. Falou tudo.
Em relação ao fardo, existe aqueles casos interessantes nos quais alguém nos ajuda, momentaneamente, a carregar. Só que alguns esquecem que só se ajuda a carregar se há algum interesse nisso, nem que seja a ajudar a carregar o seu também. Isso, para mim, se chama amor...ou troca justa. Mas não resolve tudo, realmente. Falaste tudo. Se você não fizer uma parte, ninguém fará.
E é lindo sim, não só o texto. A vida também, só que temos momentos que nos fazem tristes. Mas ficamos tristes justamente por não conseguir enxergar o resto de um caminho, ou do outro lado da chegada. não sabemos observar os fatos e consequencias a nossa volta. Não sabemos entender o porquê de cada caminho. Mas talves se soubéssemos, a vida não teria a menor graça.
Ah, sobre importância: nada é mais importante do que eu mesma. Talvez, se um dia vier a ter um filho...então sim, ele será mais importante do que eu.
Miguel, tu é uma flor de tão especial. Teus filhos serão grandes homens, ou mulheres... tenho certeza.

Anônimo disse...

Querido, como sempre, vc falou e disse!! Concordo, em gênero, número e grau com vc!! Beijos...Lua