domingo, agosto 28, 2005

"Cant you feel it!"

Existe alguma coisa que reduza, com efeitos tão drásticos, o senso de rídiculo do ser humano que não o álcool? Destilada ou fermantada, o que realmente importa é o quanto se bebe. Tem gente que bebe exatamente para isso. Dizem que o alter ego sai na privada, no primeiro momento de aperto. Deve ser por isso que a gente vai tantas vezes ao banheiro e quando volta tudo parece diferente. Tão diferente que temos que beber para lembrar como era antes. Beber para lembrar. Beber para esquecer. Não interessa. Bebida não combina com vergonha. Numa das experiências mais ridículas da minha vida eu estava bêbado. Isso serve muitas vezes de desculpa. Quando os amigos dizem que você agarrou aquela baranga alucinada, resta apenas dizer: "Gente, eu estava completamente bêbado!". Depois disso é só rezar para que todo mundo acredite que é verdade. De fato, apenas umas poucas pessoas realmente perdem total o controle de suas ações. Essas vomitam, em tudo e em todos. A maioria de nós têm atenuado o senso do ridículo, o que facilita, deveras, o mico e o agarrão à coisas intragáveis. Mas a desculpa permanece: "Eu estava bêbado!", todo mundo aceita, tacitamente, e não discute. Até porquê já agarrou bagulho ou pagou mico e usou a mesma desculpa. Isso é como pedra-de-toque para a humanidade. Como um axioma social, a gente aceita como verdade e não questiona. É certo que muitas vezes estamos conscientes dos nossos atos, mas aí entra a famosa frase: "Foda-se, eu estou bêbado mesmo".
Eu bebo e fico valente. Tem bêbado chato, mas eu fico valente. Isso é um perigo. Eu viro o Scooby-loo, lembram? Uma vez apanhei de três seguranças (três negrões de dois por dois com mais um de fundo) rindo. Não porque não estivesse doendo, mas por causa do ridículo da situação. Eu não conseguia dizer: "Tá doendo, porra!". Eu só ria e ouvia: "Tá rindo zé bonitinho então toma!". Plaft! Mais risadas. Horrível. Eu caio na risada só de lembrar do fato, mas antes me certifico se os negrões não estão por aqui.
Outra vez eu bebi de desespero. Combinaram um encontro às cegas comigo. Sabe aquele papo de "leva uma amiga que eu levo um amigo"? É furada. Nunca entrem. Eu fui para "ajudar" o amigo. E quando cheguei lembrei de Júlio César no século I a.C.: Vini, vidi e "bebidi". Acompanhando do nosso saudoso Mussum: "E bebidi muitis!", que a coisa era feia. Tomei "apenas" uma garrafa de tequila, dois copos de "batidinha de manga", uma garrafa de champanhe (agora é espumante ... perdeu a graça!), depois uma de vinho. Sabe que o monstro não melhorou e ainda queria coisinha. Também pudera ela pensou: "Ele está bêbado mesmo, amanhã nem vai lembrar". Para piorar a minha situação faltou luz. Era ela atacando, eu cego e sem coordenação motora para escapar. Que noite terrível. Acho que é por essas e por outras que se diz que "Cú de bêbado não tem dono". Porque a gente sempre toma no fiofó quando se embebeda. E sempre tem um palhaço que tem uma digital por perto.
Esqueci, tinha que contar o meu mico não é? Pois imaginem um cara de 1,83 com um óculos rosa-choque imenso na cara e um chapéu de bruxa roubado de uma festa à fantasia agarrando tudo o que andava na festa. Inclusive a mãe do aniversariante, com o respectivo pai do lado e o próprio DJ, que desesperadamente fugia.
Estou pensando em processar as companhias de cerveja. Dano moral. À minha moral e à do DJ, que é gente fina. Quem sabe podemos fazer uma ação coletiva? Quem assina junto?
Lembrando o grande filósofo Mussum: "Se beberis não dirijis, mais o miquis tá paguis!"
Sábio homem ...

Um comentário:

Anônimo disse...

Putz...tá malzis, mesmo.
E a ressaca disso? só imagino.
Assino junto.
Melhor tomar tequila, fio. o porre é bem melhor.