sexta-feira, agosto 12, 2005

Feitiço de Áquila

Estava eu com meus botões (sempre quis usar esta expressão!) pensando em paradoxos. Um amigo me viu com cara de ponto de interrogação e perguntou o que me afligia. Imediatamente me postei a explicar-lhe o famoso paradoxo de Zenão. Imaginem que um coelho tem que chegar até uma cenoura para comê-la. Durante a ida até a cenoura ele sempre anda metade do caminho que ainda falta para chegar na cenoura. Assim no primeiro passo ele anda metade, no segundo anda metade da metade, no terceiro anda metade de um quarto e assim por diante. Em quantos passos ele alcançará a cenoura? Eu estava tentando entender o quê fisicamente é improvável e maravilhado com uma coisa de 2000 anos atrás quando meu amigo, que tinha pacientemente ouvido minha história me perguntou:

O Amigo: Certo mas o que tem a ver a história do tal coelho?
O Príncipe: É fantástico, pois o coelho nunca vai comer a cenoura, na prática se eu quiser ir até aí, nunca vou chegar, entende?
O Amigo: Não!
O Príncipe: Se eu for aí e sempre percorrer metade do caminho que falta para chegar nunca vou chegar! Porquê sempre vai ter um pouquinho faltando. E no entando a gente chega!
O Amigo: Bom que você não chegue, mas ainda não entendi o coelho.
O Príncipe: É a mesma coisa no caso eu e o coelho, entende?
O Amigo: Você e o coelho? A mesma coisa? Não, não entendo.
O Príncipe: Ele nunca vai comer a cenoura assim como eu nunca vou chegar aí, entende?
O Amigo: Você nunca vai chegar aqui mesmo mas o coelho come a cenoura quanto estiver com fome! Não te preocupa. Toma teu Lithium e vê se dorme, deixa o coelho para lá. Tu tem cada uma ...

Desmoralizado pela prática condição de pensamento dele que, apesar de simples, é muito eficaz pulei de paradoxo. Pensei no Paradoxo do "eu não".
Os seres humanos são completamente loucos. Quando sozinhos querem estar em grupo e quando em grupos querem estar sozinhos. Isso ocorre particularmente com as mulheres. Quando elas são novinhas querem, desesperadamente, pertencer a um grupo, serem aceitas em qualquer coletividade (isso ocorre com os rapazes também, mas não é meu ponto aqui). Fumar, beber, transar e qualquer outro comportamento socialmente inovador para a idade tem esta função, permitir o acesso a um grupo ainda inóspito. O pertencimento vem da roupa, das músicas, da cultura e tenta sempre uma identificação, elas tem que ter algo em comum. Interessante como a homogeneização das práticas e dos pensamentos é perseguida no intuito da aceitabilidade social. Pois bem, dito isto vem o outro lado do paradoxo. Quando estamos namorando ou mesmo de flerte elas perguntam sempre "Porquê eu?". Tentando que você explique a singularidade da escolha dela frente ao vasto universo à disposição. Aí, elas querem ser diferentes, únicas, singulares. É uma luta convencer. Tem que ser algo muito profundo delas mesmas. Ninguém concebe a idéia da aproximação fortuita quando o coração se interessa por algo mais do que o corpo. Elas querem saber o porquê porque, de certa forma, já se entregaram. Já aceitaram o fato e precisam agora de uma "prova" da unicidade da sua condição de escolhida. Não bastam palavras, não chegam beijos e ainda não descobri o que as faz sossegar. Aí verifica-se o paradoxo. Quando sozinhos queremos a coletividade e quando em coletividade queremos ser únicos. Será que a essência humana modifica-se tanto em um relacionamento? Não sei. Apenas sei que a pergunta "Porquê eu?" é uma enorme bandeira dizendo "já estou caída mas não sinto que estejas também". Cabe a nós, homens, tentar desatar este nó. Sempre juntos e eternamente separados. Terrível, mas verdadeiro.
Expliquei isso ao meu amigo fervilhando de idéias e, abismado, vi quando ele pegou o telefone e ligou para alguém:

O Amigo: Alô, é do HPS? Quanto de Litium a gente tem que dar para um doente terminal?
O Amigo: A julgar pelo papo está em surto. Completo. E ainda não me deixa dormir.
O Amigo: Litium não ajuda? Faço o quê então?
O Amigo: Posso mesmo? Sim, surtado. Obrigado!

Partiu para cima de mim batendo em tudo o que via e no que não via. Eu me assustei e ele disse: "Desculpe, ordens médicas!"
Fui "convencido" de que, realmente, o coelho come a cenoura, mas agora deixem ele dormir pelo amor de Deus!!!
Existem coisas que dói muito pensar ...

7 comentários:

Anônimo disse...

As vezes vc me mata de rir....meio louco tb....!!kkk

Anônimo disse...

Seu pulha, sacana!
Cadê meus comentários, hein?
Poxa vida!!!!
Esse post até merecia um bom comentário, mas tô de greve!
Isso nã se faz, bobão.

Miguel disse...

Eu comentei polly e aliás achei hilária a foto do esquilinho com a bazuca ehehehe

Anônimo disse...

é? pois vai ter q ir lá de novo, então.ela ficou tão camuflada que eu não enxergo.

Anônimo disse...

É, esse texto me revela algo...Beijos, Lua!!

Anônimo disse...

ISSO E UM CLUBINHO SO PODE RS....QUE MERDA E ESSA..

Miguel disse...

Clubinho??
Interessante ponto de vista, pena que não explicitasse em que sentido falas em "clubinho"