sábado, outubro 01, 2005

O dobro ou nada

O ano começa a descer a ladeira. Como os antigos carrinhos de rolimã. A gente passava boa parte da tarde construindo as geringonças. Lugar para sentar com conforto. Ao menos todo o que uma tábua de madeira podia permitir. O enquadramento perfeito do peso com as quatro rodinhas. Ao menos a perfeição que garotos e não engenheiros conseguiam. Cada rolamento era estudado, pequeno mas resistente. Rápido. Prata, os melhores tinham cor de prata e eram polidos até ficarem reluzentes. Tinha que ter um certo jogo de peso para que o simples movimentar do corpo pudesse manejar o "veículo" um pouco para um lado ou para outro. Isso era importante para escapar de buracos ou tentar pegar os gatos da vizinhança. Atropelar um gato com carrinho era um feito, os bichanos normalmente conseguiam se safar. Isso dava graça. A fuga desesperada do gato com cara de quem viu fantasma e a risada da galera. Bem, mas o ano embalou, lomba a baixo. "E agora José?" Seus rolimãs estão no lugar? O carrinho tem estabilidade? Você está confortável em cima dele?
Como nós na época dos carrinhos, o freio era o último a ser pensado. Ruim e nunca conseguia parar o bólido. O ano não tem mais freio. Agora é só saber se desce ou se estatela lá em baixo. Confie no trabalho para construir o carro e na sua habilidade de trocar o lado do peso para escapar dos "probleminhas". Agora sobra só isso.
Nos vemos lá em baixo, ok?
Aliás, cuidado com os gatos, eles dão azar.

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