terça-feira, outubro 04, 2005

Sê-lo ou não sê-lo ...

A vida moderna têm muitas peculiaridades. Celular é item de primeira necessidade mas teatro é luxo. Academia e leitura são formas de diferenciação social. Academia "para mais" e leitura "para menos". Maconha é "cool" e Marx é antiquado. Avril Lavigne e Eminem são "in" Frank Sinatra e Aretta Franklin são "out". Elis só é Elis por causa da Maria Rita. Corrupção é normal mas meninos de rua é absurdo. Camisinha só no carnaval, ao menos para o governo. O jornal sempre fala a verdade e a propaganda sempre mente. Carinho é só para poucas pessoas, e-mail chato, para toda a lista. Modelo é artista, mas já não temos mais artistas que sejam modelo de algo. Talento se fabrica ainda que todos iguais. Não existem mais duplas sertanejas, agora são famílias inteiras. Grupos de pagode fazem cissiparidade e continuam a vender como se estivessem juntos. Furacões acontecem nos EUA ... e no RS, SC e PR. Ser prático é bom ser imaginativo é loucura. Quem trabalha morre de fome, quem rouba morre de rir. Cada vez sobra mais mês no fim do salário. A visão que se tem sobre um problema é mais importante que sua solução. Olhem as CPI's ...
Hoje eu abri minha caixa de correio e pensei que podemos medir o nível de felicidade das pessoas pela correspondência que recebem. Assim cartas grandes e brancas não são legais. Cartas pequeninas e meio acinzentadas são menos ainda. Cartas coloridas e abertas são chatas. Cartas gordas causam muita dor de cabeça. Cartas fininhas e grandes são para serem entregues a seus advogados. Cartas de amor não existem mais. Cartas com dinheiro nem se fala ... Notícias boas não vêm por carta. Então, na realidade uma caixa de correspondência de alguém feliz é uma caixa de correspondência vazia. Sem contas, sem propaganda, sem avisos de corte, avisos de inclusão em qualquer coisa, sem informes corporativos. Coloquei durepoxi na minha caixa de correio. Vou colocar proteção elétrica nela. Ao menos vou me sentir melhor, mais feliz. Não é isso que importa? Pensamento positivo? O que os olhos não veêm o coração não sente?
Vamos tentar, mas se não der ... "Ao vencedor as batatas!"

9 comentários:

Anônimo disse...

Realmente se analisarmos muitos absurdos já se tornaram parte integrante de nosso cotidiano, tanto que nem os percebemos mais como absurdos....
E meu caro, como já disse "Brás Cubas" sempre será, mesmo que às vezes injusta, "Ao vencedor as batatas......"
Ps:Elis só ser Elis por causa de Maria Rita é foda!!!!
Bjão

Anônimo disse...

Ps:Quem disse foi Quincas Borba...não sei porq eu tava com Brás Cubas na cabeça....hehehhehe
Culpa de Machado!

Anônimo disse...

Ô meu! Tu, como sempre, over radical nas tuas colocações. Partidário do “8 ou 80”.
Conheço um bocado de gente que não acha a leitura uma forma de diferenciação social “para menos” (ainda bem).
Não sou adepta, mas não vejo nada de errado em se “sacudir” numa aula de axé, levantar uns alteres, côsa e tal, chegar em casa após a malhação e abrir um livro legal.
Curto me “rasgar” ao som de Avril Lavigne (de preferência com ele bem alto), mas aprecio muito assoviar e tomar vinho acompanhada de Frank Sinatra cantando baixinho. Ou seja, são preferências conciliáveis em um único ser, que serão aplicadas em seus determinados momentos. Os dois momentos serão divertidos. Sim. Isso me faz feliz. A multiplicidade me agrada.

Tu não pode dizer que X é cool e Y é antiquado, ou afirmar que as pessoas pensam assim. Isso é uma questão de ponto de vista. Tu te mostra um tanto preconceituoso e impertinente quando te expressa desta forma. Não gosto. Já falei.
Certamente temos problemas sociais, culturais e econômicos gravíssimos no país, e relatas muito bem essas questões em vários dos teus textos. Agora, fazer esta “salada” neste post, não tem procedimento.

E esta calúnia: “Elis só é Elis por causa da Maria Rita”. Até mesmo quem não tem acesso (ou interesse) aos deleites que o mercado cultural oferece sabe quem foi Elis Regina. Uma música, pelo menos, sabe cantar. Tá, sem exageros: um refrão aposto até o boró que sim. É bem mais provável essas pessoas não saberem quem é a Maria Rita, que tem seu posicionamento totalmente voltado para um público elitizado e não faz nenhuma questão de ser “pop”.

E mais: Ser imaginativo é bom, ser prático é preciso. Senão a coisa não acontece. Não sai do plano subjetivo, han?

E para terminar: te escrevo uma carta de amor e coloco na tua caixa de correspondência (antes do durepox). Acredito que isso te faria feliz, não? Se não, escrevo e leio ela pra ti, bem baixinho, no teu ouvido. Certo que te faria feliz. E nem te faz. Han.
Beijocas.

Anônimo disse...

To com o Miguel nesta!!!!..depois que li o texto lembrei de abrir a caixinha do correio de meu escritório..e o que tinhamos lá...??? conta da luz....mensalidade da OAB....conta do telefone...e uma cliente me xingando porque nao me econtrava no celular.....Háaa seria bem melhor se a caixinha estivesse vazia!!!!

Miguel disse...

Bom ... vamos lá.
Respostas. Na real não importa se A ou B gosta de Avril ou Aretta. Se existe alguém que gosta de ler e malhar. O post é sobre vida moderna e não sobre uma pessoa em si. Na vida moderna criei um modelo weberiano de estrutura sócio-cultural baseado na maioria das coisas e não nas exceções. Não sou preconceituoso porque falo do "todo da sociedade", baseado em maiorias. Nâo me refiro a certo ou errado. Não coloquei juízo de valor. "In" e "out" são condicionamentos "pop" e não valoração de gosto. Quando falo de Elis é só perguntar que tu vai ver que se conheçe Elis, ao menos a faixa mais jovem, por ser "mãe da Maria Rita" e não o contrário. Se perguntar música então vai ser sopa mostrar meu ponto de vista. De qualquer forma post é para isso. Para ser parcial, fazer pensar, fazer zangar, fazer escrever. E não tenho a pretensão de agradar pelo assunto ou pelas colocações a todo mundo. Valeu ADVOGADO as cartas realmente são um saco ...

Anônimo disse...

Cástaboca.

Anônimo disse...

Não dá bola, não, Pati. Ele é assim mesmo: gosta de polêmica. Mas é a opinião dele, ora. Normalmente, coerente. Graças a teus pais, ainda existem pessoas que não se enquadram no fenótipo que ele descreve.
Mas que eu queria uma carta de amor pelo correio, ah isso eu queria.
Tinha um tempo muito bom, na minha infância, que eu recebia cartinhas de amiguinhos que eu nunca tinha visto, mas que mandavam um livro para uma pessoa e recebia outros. Não me lembro como funcionava direito, mas era um tipo de rede de amigos, para trocar cartinhas e livrinhos de estória. Muito bom. Ainda os tenho. Pena que agora tem o orkut.

Miguel disse...

Cartas de amor foram substituídas pelos e-mails chatos e os scraps babacas do orkut dizendo "eu amo você ... blá, blá, blá ..."

Anônimo disse...

Nossa, esse assunto está muito pesado. E eu que nem caixa de correio tenho, só um caninho pra por as contas... celular também não, pelo menos não vem conta disso... tenho vontade de chorar... mas todo dia o sol nasce novamente, como antes de ontem e como amanhã também... só não quando chove.