Noite insona. Noite intensa de remexidos. Noite sem dormir problemas premidos. E vira e mexe e arruma e deita e levante e deita de novo. Nada dele. Morpheu. Levanta bebe água e deita. Levanta coloca a água para fora e deita. No tocar da uma da manhã começou. Minha respiração normalizou, meus pensamentos voaram. Tudo parecia indicar o caminho. Corpo relaxou. Entrei em vigília. Mas algo me despertou. Como se de repente algo indicasse não ser uma boa hora para dormir. Estranho. Eu nunca tinha tido aquela situação. Ainda na mesma posição e relutando para não perder o caminho abri os olhos. Algo me importunava. Meus braços e pernas estavam em transe e depois não conseguiam posição para deitar. Ao me virar no quarto escuro com apenas a luz da lua a adentrar por frestas erguidas da janela, eu vi. Vi o que nunca imaginei pudera ver. Aterrorizado me virei de um pulo na cama. E continuava vendo. Entendi então o porquê do meu corpo não se aquietar. Temos todos um sentido apurado para essas coisas. Alguns desenvolvem outros não. Entretanto eu continuava vendo. Ali, na minha frente. Sem nenhum testemunho falso. Eu mesmo não podia acreditar, diante de minha formação materialista.
Aqueles olhos a me fitar. Olhos que queriam algo muito ruim para mim. Olhos que me deixavam sem conseguir descansar. A um metro e meio de mim. No meio da escuridão. Não falavam senão pelo objetivo expresso na luz amarelada que se pareciam frente à penumbra. Meu corpo preparava-se institivamente para o perigo. Perigo contido no olhar. Eu só via o olhar. Madrugada alta e nós continuávamos a nos fitar. Eu avancei da cama na sua direção mas o olhar manteve-se distante. Na mesma velocidade com que eu me aproximava aquilo se afastava. Não compreendi. Não compreendo. Ainda agora. Depois deste fato não dormi a noite toda. Apenas nos olhando. Não podia determinar ser, apenas vulto. Nada normal. Nada inteligível. Nada aceitável. Mas verídico. Estranho. Assustador.
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2 comentários:
Diz que é ficção, por favor.
Pior é que nao foi ... juro por aquilo que me é mais sagrado. Indizível mas verdade ...
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