domingo, dezembro 18, 2005

Do lado certo do papel

Sábado de noite é o pior horário para os solitários. O relógio insiste em ficar parado na mesma hora. "Hora de festa". "Hora de companhia". "Hora de qualquer coisa menos ficar sozinho". Não sai dali. Até bem mais tarde tornar-se "Hora de ir dormir". A noite de sábado é cruel com os solitários, mais cruel até que a manhã de segunda. E olha que você, nesse caso, seria o Garfield. Pior de tudo é filme de romance na TV. O roteirista da vida nunca me reserva um bom papel nas coisas do coração. Sou sempre coadjuvante, se tanto. Sempre quando vemos esses filmes a imaginação voa e nos concebe no lugar do herói. Aquele para o qual o roteirista previu o final feliz. Mesmo após todas as agruras. O roteirista diz para ele que o personagem pode fazer o quê quiser que ainda assim terá um final feliz. Mas e, se nesta encarnação, meu papel seja o do "namorado-empaca-grande-amor" que apesar de educado, querido, inteligente, bonito e que ama a mocinha (embora nunca ouçam o que ele tem a dizer) verá o "the end" sozinho e com lágrimas nos olhos? E se nesta vida meu papel for o do "amigo-mais-que-amigo-que-segura-todas" mas, apesar de companheiro, sensato, firme, lúcido e também bonito vai perder a sua companhia para dar um ar mais picante na história? E vai agüentar tudo sozinho porque histórias paralelas não podem ocupar espaço no filme.
Os filmes apesar de parecerem não são feitos de "ses".
A vida apesar de não parecer não é feita de coisas concretas.
Eu consegui descobrir o quê os mocinhos de filmes românticos "mela-cuecas" têm em comum para se darem sempre bem. Aquela coisa que todos nós deveríamos ter para conseguir a felicidade do coração. Aquela coisa que nos daria certeza de fazer o certo, mesmo que o certo seja arrombar a porta de uma outra pessoa e dar-lhe um absurdo beijo que vai selar o amor. (Ou simplesmente aparecer numa tarde de domingo, sem avisar). Sem medo de que ela chame e a polícia e você fique com cara de louco. Aquela coisa que diria que ainda podemos nos martirizar com memórias e saudades porque elas não se tornarão apenas um câncer e sim são um caminho, ainda que tortuoso, para a felicidade. Eu, pensando descobri o que os mocinhos têm para alcançar a maravilhosa felicidade regada a muita música romântica e abraços de amor:
Um roteirista.

4 comentários:

Anônimo disse...

Já te escrevi quais os pensamentos que vieram após ler teu texto, espero que tenhas gostado. Só deixarei aqui a certeza que sempre estarei ao teu lado e que te amo.

Anônimo disse...

Ahá!!! Então já sei o q pedir p/ o Papai Noel este ano: um roteirista!!! O q seria do meu natal sem suas idéias Miguel????
Bjim

Miguel disse...

Viu? Um roteirista. É só isso que precisamos ehehehee

cynthia disse...

acho que eu escrevi isso tudo... nos parecemos...
beijos