Se por um minuto ou pela eternidade, tudo o que queremos é ser feliz. Extasiantemente feliz. Inebriantemente feliz. Compulsivamente feliz. Oniricamente feliz.
O grande problema é que, para mim, felicidade não é, e nem pode ser, um momento. Não gosto de coisas à conta-gotas. Felicidade é um estado quase perene que busco dia-a-dia com uma paciência que muitas vezes não tenho.
Ser feliz é saber que amanhã eu ainda o serei. Ser feliz é ser completo e completar algo com significado e importância. Tudo isso tem que ser para sempre. Esse sempre tem fulcro no indivíduo e em sua existência, não importanto o quanto ela dure.
Essas pílulas de auto-ajuda que dizem que um livro, uma música, uma bela peça de teatro podem nos fazer feliz são o mesmo que analgésicos para um dor indômita que persegue a pequenez dos indivíduos frente ao nosso tempo.
Ser feliz é saber que qualquer tempo que ainda reste será suficiente, porque já fizemos o que queríamos. Logo, ser feliz é uma luta por um objetivo ou por objetivos. E quando a manutenção for o objetivo, então chegamos ao momento onde podemos dizer que somos felizes.
Todo o resto é pura especulação. Todo o resto é pura enganação. Todo o resto é mera falácia de uma existência que costuma nos carregar para locais onde o vento uiva e o sol queima e não para uma bela praia na polinésia francesa.
Construam o castelo de sua felicidade, passo-a-passo, pedra por pedra, mas ela não estará nas pedras e sim na partilha da tua construção ...
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3 comentários:
Até concordo que a felicidade tem relação com coisas plenas, com a busca e a concretização de objetivos. Mas discordo com você em relação a "Felicidade em conta-gotas", não acho que se sentir feliz ao assistir a uma boa peça ou ler um bom livro serve apenas como um analgésico para amenizar a dor. Acho que existem momentos de felicidade sim, momentos esses que mudam de pessoa para pessoa.
Talvez sejam apenas momentos de "êxtase" e não de felicidade, como você preferir chamar, mas penso que o simples fato de querermos que um determinado "momento" dure para sempre é demonstração de que aquilo nos faz feliz.
Concordo quando diz que devemos "buscar" mais e mais e não se contentar apenas com "momentos", pois deste modo a "felicidade" teria apenas o efeito de um "ópio", porém, acredito que é possível sim ser feliz lendo um bom livro, vendo o filho dar o primeiro passo ou um familiar se recuperar de uma doença grave, assistindo a um bom filme, visitando um lugar que sempre sonhou conhecer,amando e sendo amado...ou seja, podemos ter "momentos de felicidade" basta valorizarmos as pequenas coisas. E não vejo isso como uma simples "aceitação ou acomodação" ou uma dose bem forte de analgésico.
Termino com o heterônimo bucólico de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, que dentre todos os outros heterônimos era o menos erudito, porém isso não o torna menos sábio, talvez até por esse motivo fosse visto como o mais sábio e por isso identificado como o "MESTRE" de todos.
" Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz."
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914
Não existe esse ser feliz, querido!
Quando se sabe que o instante de felicidade é apenas instante, a felicidade virou apenas êxtase.
Melhor construir o castelo acreditando que a construção pode lhe trazer felicidade, ao invés de esperar terminá-lo para gozar dessa tal felicidade. Acho que foi isso que tencionavas dizer mas acredito que a palavra que queres achar no topo da torre é realização e não felicidade.
Ser feliz é para os ignorantes como eu que evitam pensar que a felicidade é momentânea para que o pensamento não a afaste.
construir por construir é terrível não vale a pena nem começar ...
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