Em muitas culturas no Velho mundo pássaros azuis são sinônimo de felicidade. Talvez porque naquele ecossitema onde as temperaturas baixas imperam os pássaros coloridos são raros, ou talvez porque é muito bonito um pássaro azul mesmo e a beleza sempre fez par com a felicidade.
Quando eu tinha um coração de criança sempre tentei brigar com a natureza. Me recordo que tentava salvar todos os passarinhos que por ventura tivessem caído dos ninhos. Fossem da cor que fossem. Era sempre a mesma história. Pega, cuida, ama, assiste o definhar e sofre. E como doía.
Não é que o coração de adulto não queira ajudar, mas quando minha mãe dizia para não pegar ela estava pensando no depois. As pessoas adultas fazem isso, pensam no depois. Isso elas chamam de responsabilidade. No fundo, mas bem no fundo mesmo é medo e auto-piedade. Sentimento de auto-preservação de quem já sofreu tanto que não acredita mais nas cores dos pássaros, ou ao menos não acredita que possa, desta vez, ser diferente.
Hoje eu passo bem distante de passarinhos caídos, fecho o olho para não ver. Choro sozinho pensando no seu destino. Tenho uma vida para seguir e ela ainda me reserva inúmeras dores. Estas tendem a aumentar com o tempo, não vou dar uma mãozinha para a vida no que diz respeito a me magoar mais.
Ao mesmo tempo tenho medo. Meu passarinho azul caiu do ninho. E eu estou passando ao largo, chorando mansinho e rezando para que a vida seja boa comigo.
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2 comentários:
O medo de sofrer também nos impede de ser feliz, pois antes de nos permitirmos ser feliz, enxergamos a possibilidade de sofrer. Nem tudo resulta em mágoa, ninguém é igual.
O que torna as crianças mais felizes que os adultos é justamente o fato de elas se permitirem ser feliz...se permitirem ter o prazer de subir em uma árvore mesmo após a experiência de uma terrível queda. A alegria de estar no alto da árvore sobrepõe o medo da queda.
Eu acredito em "blue birds", acredito no poder do seu canto mesmo o ouvindo raramente. Acredito porquê é desta maneira que me permito ser feliz.
palavras que muitas vezes ficam no vento e o passarinho na realidade sempre acaba morrendo ...
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